Comparar o traseiro e a Sé de Braga

Comparar o crime de que Trump é acusado e a traição matrimonial de Clinton é mesmo comparar o traseiro e a Sé de Braga.

Só há um paralelismo - Trump e Clinton traíram as esposas.

Trair a esposa não é crime nenhum, como tanta gente tantas vezes disse e escreveu a propósito do processo de destituição de Bill Clinton.

Obrigar um homem a confessar perante o Mundo que tinha sido infiel no casamento, indo ao pormenor mais pornográfico da questão, foi apenas um exercício de satisfação para quem promoveu esta caça às bruxas.

Que resultou afinal na vergonha pública das únicas verdadeiras vítimas de toda aquela ópera bufa - Hillary Clinton e Monica Lewinsky.

Bem diferente do que se passa com Trump.

Trair a esposa, ser-lhe infiel, não é novidade nenhuma num badalhoco como Trump.

Mesmo ser infiel à esposa quando esta acaba de dar à luz um filho do traste.

Ninguém está interessado no que Trump faz debaixo dos lençóis.

Nem é isso obviamente que está em causa.

Não é crime, é só manifestação do carácter da pessoa.

O que está em causa é que Trump terá ido buscar 130 mil dólares aos seus fundos de campanha eleitoral para tentar comprar o silêncio da mulher com quem teve uma aventura.

E depois tentou ocultar esse desvio e mentiu quando interrogado.

E isso sim é crime.

Tudo o que seja dito para além disto é apenas uma tentativa desesperada de desviar a atenção do essencial.