Dos vistos gold ao arrendamento coercivo

Viver longe do país ajuda a ter uma perspectiva diferente da política interna.

Infelizmente, e por vezes, a sentir alguma vergonha alheia.

A proposta de arrendamento coercivo envergonha-me.

E envergonha-me não por questões partidárias ou ideológicas, mas porque o Estado português mais uma vez não se está a portar como pessoa de bem.

Muito pelo contrário, o Estado português está a trair mais uma vez aqueles que lhe confiaram as suas poupanças.

Já o tinha feito com os escândalos relacionados com a banca, indo buscar às poupanças dos pequenos aforradores, e aos impostos, o dinheiro necessário para salvar os Bancos.

E está a querer fazê-lo agora novamente com aqueles que investiram as suas poupanças no mercado imobiliário.

O mesmo Estado que fez do investimento no sector imobiliário uma das alavancas da economia, atraindo investimento externo até com o engodo dos vistos gold, acha-se agora legitimado para dispor a seu belo prazer dos investimentos que atraiu e incentivou.

Esbulho administrativo que só na intenção deixa ficar muito mal visto externamente um Estado pesado, despesista, a final talvez vigarista.

E o potencial investidor externo fica estarrecido e recua nas suas intenções.

Sinto verdadeiramente vergonha de um Estado de visão curta e de navegação à vista que lança mão de medidas popularuchas que pretendem mascarar a sua incompetência.

Tenha esse Estado a cor partidária que tiver.

O País deve estar sempre acima dessas discussões de tertúlia de café e não pode ser governado seguindo conjunturas político partidárias e o barulho da rua.

Muito menos viver ao sabor das sondagens de opinião.