Novamente violados

 

Ouvindo a insultuosa conferência de imprensa dos bispos portugueses não pude deixar de pensar que as vítimas de abusos sexuais da Igreja se terão sentido novamente violadas.

O mais hediondo dos crimes, cometido por quem tinha o dever de proteger aqueles que afinal violentou e violou, não fez minimamente estrebuchar uma parte de uma Igreja, a mesma  que insiste manter uma postura atávica perante a sociedade em que se insere.

Esta Igreja, que se julga impune, acima do comum mortal, afasta as pessoas, perde crentes, enoja quem mantém o mínimo sentido de dignidade e justiça.

Uma Igreja que precisa de dar mais atenção ao seu líder e aos seus ensinamentos, mas que se mantém prisioneira de vícios e privilégios há muito enraizados na instituição.

Ouvi D. Januário Torgal Ferreira e senti revolta e desilusão nas suas palavras e expressão.

O bispo emérito das Forças Armadas é uma das vozes que ainda inspiram respeito numa Igreja caída em desgraça.

Como ele, também eu penso que a Igreja não pode manter no seu seio, tantas vezes em posições de relevo público, abusadores cobardes e nojentos respaldados na presunção da inocência.

A Igreja, se quer recuperar alguma credibilidade, se quer ter um resquício de dignidade, deve afastar imediatamente esta corja maldita que dela se serviu para satisfazer os seus instintos mais animalescos e malévolos.