Infidelidade medicamente certificada

 

Quem me conhece sabe que sou casado com uma oriental.

E que sou fiel, homem de uma mulher só.

Nunca me teria passado pela cabeça ser infiel.

Até ser confrontado com o conselho médico vindo de um reputado infeciologista chinês.

Uma vez que não se pode tocar nos estrangeiros para evitar o contágio com a varíola dos macacos, eu vejo-me obrigado a ser infiel à minha mulher.

E a ser infiel com uma mulher ocidental.

Contra a minha vontade, os meus desejos, apenas para a protecção das mulheres chinesas.

Em bom rigor não se trata de uma infidelidade conjugal stricto sensu.

É sim uma medida de protecção de saúde pública, um singelo contributo para o bem comum.

Ou, para quem queira ser muito minucioso e muito miudinho, uma infidelidade medicamente certificada.