COP 26

Mais uma cimeira de líderes supostamente destinada a resolver os problemas causados pelas alterações climáticas.

Uma cimeira que começa com Boris Johnson a dizer que ele e os outros líderes são os novos James Bond (ou não fosse a cimeira em Glasgow!).

Os agentes que têm uma última oportunidade para cortar o fio certo para desactivar a bomba climática quando o cronómetro se aproxima perigosamente do fim.

O paralelismo é curioso.

Porque é demasiado real na pior vertente (o cronómetro aproxima-se vertiginosamente do fim) e porque é demasiado real também no facto de não haver ali nenhum James Bond.

A minha costela céptica começou a incomodar-me muito antes do início da cimeira.

De lá para cá tem estado insuportável.

Porque alguns candidatos ao papel de James Bond pura e simplesmente não quiseram fazer parte do filme, recusaram aparecer no elenco, porque os outros não aparentam ter grande capacidade para desempenhar o papel.

Mais uma cimeira, mais foguetório, mais barulho, menos esperança de resultados positivos.

Um Guterres de braços caídos; um montão de líderes mundiais a atirar moedas e a formular desejos na Fonte de Trevi; um Jeff Besos a deslocar-se de iate privado e helicóptero para a festa do sexagésimo sexto aniversário de Bill Gates na Turquia, enquanto deixava recado para os seus servos dizerem aos trick or treaters que não celebrava o Halloween (deve estar a poupar dinheiro para uma nave espacial nova); são a metáfora perfeita para o que espero desta cimeira climática.

Surpreendam-me, por favor.