O Brexit e a noção de tempo


Piaget estudou o tempo como conjunto de operações que influenciam os estados internos do indivíduo.
O tempo, a evolução dos acontecimentos num determinado processo, iria alterando a percepção dos indivíduos acerca desse processo, do seu desenrolar e da sua conclusão.
Precisamente o que está a acontecer com as complexas negociações do Brexit.
De um lado os negociadores europeus a afirmarem que têm todo o tempo do mundo; do outro os britânicos eurocépticos, com Theresa May à cabeça, a quererem pôr termo o mais rapidamente possível a todo o processo de abandono formal do Reino Unido da União Europeia.
Como pano de fundo, e trunfo do lado dos europeístas, dentro do Reino Unido e da União Europeia, uma contestação crescente a um Brexit que parece cada vez vais ter sido resultado de uma precipitação dos britânicos.
Contestação que funciona a favor dos negociadores da União Europeia e que deixa cada vez menos espaço de manobra aos britânicos e a Theresa May.
Com a União Europeia a aproveitar politicamente o desentendimento dentro do Reino Unido, os problemas internos dos britânicos, para ganhar espaço e tempo de negociação.
Assim se compreende que apareça publicamente Michel Barnier a dizer que não há pressa para formalizar a saída dos britânicos do seio da União Europeia.
E que Theresa May, nervosa, acossada internamente, venha afirmar que ontem já era tarde.
Uma única certeza fica a quem observa todo o processo negocial - o Brexit, que parecia mais que decidido, ainda está muito longe de conhecer uma conclusão.
Se é que ainda não virá a ser revertido...

Comentários

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    1. A ver vamos, Isabel Sá.
      Ver muitos milhares de pessoas nas ruas a exigir um novo referendo não deve dar sossego nenhum a Theresa May e aos eurocépticos.

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  2. Gostei de ler :))

    Bjos
    Votos de uma óptima Quarta - Feira

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    1. Bjs, votos de uma óptima quarta-feira também, Larissa Santos

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    1. Já nem sei o que diga, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Os britânicos sempre adoptaram uma postura dúbia em relação à União Europeia.
      Que francamente muitas vezes é irritante.

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  4. Decididamente Piaget era suíço mas não relojoeiro era antes um treteiro que envenenou toda a pedagogia e ainda há quem o siga! Cumprimentos

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    1. Pois, eu é mais os relógios, álvaro silva.
      Cumprimentos

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  5. O meu palpite amigo Pedro é que vai mesmo ser revertido.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Essa hipótese já pareceu bem mais longínqua, Francisco.
      Aquele abraço

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  6. Apesar da irritante prepotência britânica gostava que permanecessem na UE.
    Estou convencida que vem aí o 2º referendo.
    Beijo.

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    1. Cada vez são mais as vozes a pedir isso mesmo, Teresa.
      Beijo

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  7. Tambem acredito que sera revertido :)

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    1. Ainda é cedo para tirar conclusões, Sami.
      Mas essa possibilidade parece ganhar cada vez mais força.

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    1. Isso é que não acredito, São.
      Lembro sempre a personagem de Michael Douglas em Wall Street - “têm a mania que mijam num penico de ouro”.

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  9. Gostava que permanecessem na UE, mas andam mais preocupados com a sua própria união entre e fora de portas. è que os britânicos têm a sua união económica: a commonwealth

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    1. Não são mutuamente exclusivas, Pedro Dinis.
      Os britânicos é que têm de saber fazer essa compatibilização.

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    2. Não querem e acho que não precisam...

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    3. Isso estamos para ver, Pedro Dinis

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  10. Nem sei que lhe diga sobre isto...

    Beijos e uma excelente tarde.

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  11. A minha filha mais velha vive em Inglaterra, é um assunto que me preocupa bastante, mas concordo com o Pedro, o processo ainda poderá ser revertido.

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    1. Está longe de estar resolvido, Magui.
      Essa é a única certeza.

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  12. Amigo, o tempo é um construtor ou demolidor invisível. Como dizem por cá: a fila anda!... Aquela votação precipitada fez sedimentar o equilíbrio. "Vão-se os dedais, fiquem os dedos!" Jogar fora dedal e dedo, doi! Reverter, eu não creio, dada à perseverança inglesa, mas que irão se arrepender, irão! Com certeza! Gostei muito do claríssimo texto! Parabéns! Grande abraço. Laerte.

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    1. A pressão interna para que seja realizado novo referendo não pára, Laerte.
      E um novo referendo que resultados teria?
      Aquele abraço

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  13. Já se previa que a prática seria bem mais complexa que a teoria. Não basta dizer que "quero sair". este é um processo longo e que creio que ainda vai ser revertido um pouco em função dos vencedores de eleições futuras.

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    1. Não será Theresa May a convocar um novo referendo, nisso não acredito.
      Mas, com outro líder de governo...

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  14. Também me parece que a decisão dos britânicos anti união europeia tenha sido precipitada?
    Certamente já estarão arrependidos, se pudesse voltaria atrás?

    Tenha uma boa noite caro amigo Pedro Coimbra.
    Um abraço.

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    1. Vamos ver o que o futuro nos reserva, Amigo Eduardo.
      Aquela saída limpa, simples, rápida, que muitos pensaram possível, já se viu que não vai acontecer.
      Aquele abraço

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  15. Aparentemente muitos já se arrependeram, mas não sei se haverá mesmo volta a dar.

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    1. Há sempre volta a dar, luisa.
      Depende da pressão interna e de quem estiver no governo.

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  16. Se o arrependimento falasse os Britis não tinham querido a saída da UE.
    Abraço
    Kique

    Hoje em Caminhos Percorridos - Quando o meta na boca te olhe nos olhos...

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    1. Votaram nesse sentido e agora estão confusos, Kique.
      Aquele abraço

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  17. O arrependimento não é para todos os ingleses, por isso, um novo referendo terá de ser muito bem pensado. Não creio se seja vontade de Theresa May…



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    1. Não seria nunca com Theresa May, mz.
      Um novo referendo só acontecerá sem Theresa May.

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  18. Provavelmente um novo referendo teria resultados diferentes. Porém não acredito que o façam.
    Abraço

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    1. Vamos ver até onde vai a pressão interna e o consulado de Theresa May, Elvira Carvalho.
      Essa é a chave.
      Abraço

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  19. Duvido que seja revertido mas talvez sirva de lição para alguns eurocépticos!

    Abraço

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  20. Eu acho que farão novo referendo. E que, então, a maioria dirá não. Porque os ingleses já devem ter percebido que são quem mais perde com a saída...
    Caro Pedro, continuação de boa semana.
    Abraço.

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    1. Com aquela mania de só olharem para o umbigo começam a perceber que fizeram borrada, Jaime Portela
      Aquele abraço, bfds

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  21. Um Brexit manipulado por "patriotas" e malabaristas teria consequências inimagináveis para o cidadão e empresas. Só agora as pessoas se apercebem do "molho de bróculos" em que se meteram. Esta é a ideia que me transmite um familiar que trabalha há vários anos numa empresa de engenharia electrónica na Inglaterra. Uma empresa alemã cujos quadros são na sua maioria estrangeiros.

    Abraço.

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    1. Quando votaram os ingleses esqueceram as consequências, Agostinho.
      Agora é que acordaram para essa realidade.
      Aquele abraço

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  22. Gostei da sua análise desse impasse do ''fica ou sai''...
    Tudo de bom para si e seus amados.
    Beijinhos
    ~~~~

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    1. E não saímos disto, Majo.
      Uma situação que não se pode manter indefinidamente.
      Beijinhos

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  23. Politicamente pode não estar bem visto, mas entre os cidadãos mais simples a decisão é para se manter. Vejo aqui onde estou que o Brexit é visto com nacionalismo. Eles querem menos imigrantes. Querem produtos "made no UK". Infelizmente quer fiquem quer saiam, acho que de momento não afecta nada a xenofobia.

    Em termos de regras, começo a ver aqueles "contornos" à igualdade. Por exemplo, nas ofertas de emprego. Supostamente não descriminam por idade, género, religião, nacionalidade. É contra a lei britanica.

    Mas e encontrar oportunidades? Um imigrante depara-se com ofertas de trabalho destinadas a quem "reside no UK há pelo menos 5 anos", tem "carta de condução britânica" ou que possui no máximo 5 empregos nos últimos 5 anos. Esta última prejudica até os próprios britânicos mas o alvo que pretendem realmente atingir é todos aqueles que têm vivido de empregos precários, temporários ou acabaram de se mudar para o país. A esses não lhes é proporcionadas grandes oportunidades de subir na vida. Não sem antes se sugeitarem a uns bons anos em empregos precários, que mais ninguém deseja.

    Condicionamentos disfarçados, Pedro.
    Tudo é um pouco hipócrita.

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    1. Mas isso já acontecia antes do Brexit, não era, Portuguesinha?
      A liberdade de circulação de pessoas existe.
      De trabalho não é tanto assim.
      Porque há restrições.
      Eu sou jurista, tenho a carteira de advogado.
      Mas não posso exercer a minha profissão na Grã - Bretanha.
      Porque os sistemas legais são diferentes e eu não reúno os requisitos para aí trabalhar na área do Direito.

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