Errare humanum est, sed perseverare diabolicum
Errare humanum est, sed perseverare diabolicum – errar é humano, persistir (no erro) é diabólico.
Esta expressão do Latim é de todos conhecida.
E aplica-se como uma luva aos acontecimentos dados a conhecer pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) relativamente a um terreno em Coloane que esteve envolto em polémica desde que foi dada a conhecer a intenção de ali ser construída habitação de luxo.
Um terreno enorme, com uma localização privilegiada, com o senão para o proprietário e promotor imobiliário de no local existir uma casamata portuguesa, outrora essencial no processo de defesa da cidade, e que importaria preservar como testemunho da memória colectiva de Macau.
Uma maçada.
Mas uma maçada que se transformou em massada.
De repente, e à boleia da casamata, que parece ter passado despercebida a muito boa gente, começou a investigar-se o título de propriedade do terreno, a sua transmissão, as suas dimensões, a sua localização, as quotas altimétricas para o projecto a desenvolver no local.
E o que se descobriu, e foi agora revelado pelo CCAC, é escabroso.
Um terreno que milagrosamente se moveu da zona antiga de Coloane para uma zona nobre da vila, que nesse movimento também milagrosamente cresceu cem vezes!!, aquisição e transmissão de propriedade a raiar o incompreensível, quotas altimétricas que também só por milagre podiam atingir aquelas dimensões.
Errare humanum est.
Se realmente houve erros foram muitos, envolveram muita gente, muitos Serviços, e foram grosseiros.
Errare humanum est, sed persevare diabolicum.
Persistir no erro seria efectivamente diabólico.
E aí andaram muito bem o CCAC, que investigou profundamente o caso, e o Chefe do Executivo ao enviar toda a documentação para o Ministério Público.
Porque se errare humanum est tantos erros têm que ser investigados e, havendo ilegalidades como suspeita o CCAC, punidos os infractores para que os erros não se repitam (sed perseverare diabolicum).
Ao residente permanente de Macau, depois de tudo o que ouviu e leu, uma dúvida se levanta – quantos mais erros semelhantes ainda haverá para detectar??
Uma dúvida lógica e pertinente. Terrenos que mudam de lugar,só mesmo por milagre. Abraço
ResponderEliminarComo comentava um amigo meu, "há terrenos que são muito irrequietos", Elvira Carvalho :)))
EliminarAbraço
Gostei do comentário do seu amigo "há terrenos que são muito irrequietos".
ResponderEliminarUm abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Vindo de quem vem não me admira nada, Francisco :)))
EliminarAquele abraço
Irrequietos e interesses monetários que não olham a meios para atingir os fins, infelizmente há muito disso por toda a parte, com retorno impossível.
ResponderEliminarO meu abraço
Tenho o máximo desrespeito por pessoas corruptas, António Querido.
EliminarDa mais pequena corrupção, do pequeno favor, às grandes negociatas, tudo me dá nojo.
Aquele abraço
Caro Amigo Pedro Coimbra.
ResponderEliminarComo sabes aqui a corrupção chegou a um ponto inimaginável...
Caloroso abraço. Saudações inimagináveis.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Porque é que há pessoas que não têm o mínimo sentido de Estado, o mínimo de respeitabilidade e decência, Amigo João Paulo de Oliveira?
EliminarAcabam por ser uns tristes.
Aquele abraço
Muitos erros que beneficiam muita gente de certeza! Terrenos que mudam de lugar, essa da para rir, lol.
ResponderEliminarDaria para rir se não fosse tão sério, Sami.
EliminarAssim revolta, enoja.
Boa tarde. Passando, lendo e elogiando tão maravilhosa prosa - e imagem - que aqui são apresentadas.
ResponderEliminar* Vivências de Amor - Volúpia Incerta *
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Desejos de um dia feliz
A imagem é da tal casamata que, com a voragem do dinheiro, passou despercebida a muito boa gente, Gil António.
EliminarJá me deparei com um caso idêntico num terreno de um loteamento para uma IPSS e não tinha forma de resolver a situação. O remédio foi descobrir quem foram os dois tratantes (solicitador e funcionário das Finanças) e ameaçá-los que os denunciaria às autoridades se não me resolvessem o assunto. Não sei como o fizeram, mas um mês o terreno estava registado em nome da IPSS, onde se veio a construir um edifício (creche, infantário e tempos livres).
ResponderEliminarPortanto, nem sempre é errado continuar a errar... porque às vezes escreve-se direito por linhas tortas.
Mas o caso que relatas é muito diferente, nomeadamente quanto ao destino do terreno.
Continuação de boa semana, caro Pedro.
Abraço.
A grande diferença é o aproveitamento do terreno, Jaime Portela.
EliminarNum caso para uma finalidade social, no outro para fazer alguns gulosos ganharem MUITO dinheiro.
Aquele abraço
Ai os euros :( enfim coisas que só a ganância faz.
ResponderEliminarAbraço
A ganância chega ao ponto de deixar as pessoas estúpidas, Mena Almeida.
EliminarEsta malta pensava que nunca ia ser agarrada??
Tristes!
Abraço
tenho ouvido falar em ruinas que se deslocam para aparecer em locais mais "apropriados", mas terrenos a viajar parece-me ser bastante curioso! daí certamente a investigação Pedro !
ResponderEliminarHá coisas que desafiam a nossa compreensão, Angela
Eliminartantas vezes que ao descobrir um erro leva a um novelo de erros perpetuados de forma sistemática.....enfim...corrupção
ResponderEliminarAbraço
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt
O que uma casamata originou, Kique!!
EliminarAquele abraço
Será essa uma herança portuguesa ?
ResponderEliminarHá quem goste de dizer isso, Magui.
EliminarQuando o ouço fico furioso.
Eu sou português e nunca meti uma pataca no bolso que não me fosse devida.
E há muitos mais como eu.
Houve gente desonesta nos tempos da Administração Portuguesa?
Claro.
Mas deixámos essa herança e é por isso que se têm descoberto casos verdadeiramente inacreditáveis?
Pelo amor da santa!!
Acredito que muitos meu amigo.
ResponderEliminarO problema é que muitas vezes cometem-se mais erros para encobrir os anterior. É claro que há sempre alguém a ganhar com esses erros.
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Fico mais irritado quando os erros são "erros", Maria Rodrigues.
EliminarBeijinhos
Caro Pedro Coimbra, pelo menos por aí ainda detetam os "erros" e enviam para o MP investigar. Já não é mau, porque por aqui até os dados cadastrais "desaparecem", depois inventam-se outros e ninguém se "magoa". Abraço.
ResponderEliminarMas a minha dúvida metódica mantém-se, Corvo Negro - quantos mais "erros" por aí haverá sem que a gente os conheça??
EliminarAquele abraço