Silly season esquizofrénica

Vive-se um período do ano civil que é usualmente designado por silly season, ou slow news season, significando algum vazio no espaço informativo nesta época normalmente dominado por um certo torpor e por notícias frívolas.

Silly season que este ano em Macau deu lugar à esquizofrenia social e informativa.

Ora vejamos:

- Há um Chefe do Executivo, que é candidato único a novo mandato, que tem a reeleição garantida, mas que passa o tempo de campanha a prometer tudo a todos como se necessitasse dos votos para disputar uma eleição de resultado imprevisível;

- Há um grupo de pessoas que resolveu levar a cabo uma actividade informal, a que deram a designação de referendo civil, no intuito de conseguir demonstrar que a população de Macau está preparada para, e anseia pela, eleição do Chefe do Executivo por sufrágio directo e universal;

- Há um outro grupo de pessoas, dentro e fora de Macau, que se mostra excessivamente nervoso com a designação da actividade supracitada  e que consequentemente reage com manifesta falta de bom senso e exagero a uma situação cuja real importância e significado devia considerar de efeitos diminutos;

- Há um outro grupo de pessoas, dentro e fora de Macau, que aproveita este exagero para também exagerar na dimensão da importância noticiosa que deveriam merecer semelhantes casos;

- Há finalmente um grupo de pessoas, com poucas qualificações académicas mas com emprego assegurado, que protesta insistentemente por melhores condições salariais (o resto é apenas fumaça...) e exige aumentos na ordem dos dois dígitos quando os seus salários já são na sua grande maioria bastante superiores aos da mediana salarial de Macau.

Uma silly season esquizofrénica ou será que é mesmo tudo apenas very silly?!