Privatizar Belém
Para evitar que o professor Cavaco Silva tenha de abandonar as suas actuais funções em Belém - a que será obrigado pela aprovação de uma lei (que ele próprio assinou!) impedindo os reformados e aposentados de exercerem, mesmo gratuitamente, cargos públicos - Passos Coelho decidiu privatizar a Presidência da República, maneira de manter o chefe do Estado em exercício, pois ele é, como se sabe, um reformado da banca e da universidade. Os responsáveis por semelhante imbróglio são os que o congeminaram, mais os que o aprovaram (deputados da maioria) e quem superiormente o sancionou. Consequentemente, uma série de personalidades vão, se ele (imbróglio) não for deitado para o lixo, ter de arrumar as botas. Assunção Esteves deixará a liderança da Assembleia (S. Bento não interessará a nenhuma multinacional), Manuela Ferreira Leite não poderá, se quiser, mudar-se para a RTP, Diogo Freitas do Amaral não logrará redigir novos pareceres para ministérios, João Lobo Antunes não operará em hospitais públicos, e por aí fora.
A disposição em causa - Lei 11/2014 de 6 de Março - passou, curiosamente, desapercebida de todos (da própria oposição) até Bagão Félix se indignar na TV. Recorde-se que o presente executivo proibira já os reformados e os aposentados de serem retribuídos por colaborações com entidades públicas, o que levou ao afastamento de nomes importantes da vida cultural, artística, científica, educativa, informativa, etc. Agora é o voluntariado dos mais experientes que os governantes querem fazer colapsar. Um consórcio angolano e chinês acaba, entretanto, de candidatar- -se a arrematar Belém, com o seu inquilino no respectivo recheio patrimonial.
Fernando Dacosta
Leis feitas por estes "boys" e como tal nem o "bom" (que são bons) dos velhos se aproveitará.
ResponderEliminarO país está numa teia de leis que não lembram ao diabo! Possas!
Beijocas
O que não deixa de ser irónico é o facto de se promulgar uma lei que pode afectar quem a promulga, Fatyly.
EliminarQuando a esperança de vida aumenta, empurramos os mais velhos para o sofá de pantufas.
Mesmo que eles não queiram.
Sofá, de pantufas, obviamente.
EliminarSem a vírgula fica o sofá de pantufas.
O que seria MUUUUIIITO estranho :)))
Promulgar uma lei que pode afectar quem a promulga, parece-me uma atitude de distracção do género assinar tudo o que lhe põem na frente.
ResponderEliminarNa melhor das hipóteses, o promulgador estaria a pensar numa possibilidade de acontecer o que ele próprio não tem coragem de fazer.
Ah, mas a escrita é de Fernando Dacosta. Uma opinião em tons de ironia.
Um abraço.
Fina ironia, António.
EliminarEsta coisa de arrumar os mais velhos na prateleira mete-me cá uma impressão!
Tenho 50 anos, fresquinhos, mas sinto-me muito bem.
Será que daqui a 10 ou 15 anos estarei pronto para calçar as pantufas?
Não me parece.
A raiva que o bando do Poder CDS/PSD e o reformado de Belém têm a pensionistas (e funcionalismo público) é tanta que até os cega ao ponto de legislarem um disparate deste calibre!!
ResponderEliminarPobre país, que ainda se arrisca a ver todas as pessoas de idade a serem assassinadas por falta de cuidados , por subnutrição, por irem para rua por terem perdido as casas...
Já perguntei a Passos , no seu facebook, quando é que nos dá bilhete de ida para Auschwtiz, pois ainda lá estão as câmaras de gás e respectivos fornos crematórios
Agora fez-me rir, São :)))
EliminarO Passos Coelho deve ter adorado esse post no Facebook dele :)))
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ResponderEliminar~ ~ É preciso que os reformados não tirem, de modo nenhum, trabalho aos mais novos.
~ ~ E também é preciso que se trate de uma maneira organizada e séria da ocupação dos mais velhos.
~ ~ Que se valorize, com dignidade, os seus saberes adquiridos com a longa experiencia.
~ ~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~ ~ ~
A renovação de gerações é fundamental e natural, Majo.
EliminarO que não implica que se deitem fora as potencialidades da geração que é substituída.
É preciso que haja equilíbrio.
Beijinhos
Há muito que digo que os políticos deviam ser "outsourcing". Não prestam substituam-se por outros ! Somos nós que os pagamos.
ResponderEliminarPodíamos estender isto aos deputados e aos jogadores de futebol. Havia de se ver o dinheiro que se poupava !
Os futebolistas já são em grande medida, Ricardo.
EliminarQuantos portugueses há nos plantéis das equipas da Liga Sagres??
Nunca perco uma crónica do meu amigo Dacosta.
ResponderEliminarEsta está muito bem esgalhada, Carlos.
EliminarConcordando com a posição exposta pela Majo sempre acrescento que todos sabemos que a experiência acumulada e a sabedoria dos mais velhos não podem ser alienadas como muitas vezes o foram e continuam a ser no nosso país.
ResponderEliminarDe uma forma geral deixou de haver a passagem de testemunho entre gerações, optando-se pela experimentação aventureira de modelos não adaptados à (nossa) realidade. Aquelas mais valias obtidas por anos de estudo e trabalho passaram a ser objeto de feniciação pela “indústria da formação”; derreteram-se milhões de recursos próprios e de fundos comunitários de que aproveitaram, em grande parte ou tão só as “empresas formadoras”.
A motivação dos senhores que fizeram a lei é (será) ruim, inclassificável, mas sabemos que muita da gente que anda a parasitar na administração pública e nas grandes empresas tem propósitos egoísticos e criminosos: proveitos abusivos e ilegítimos, constituindo até redes de influência e corrupção. Se dessem lugar aos mais novos, voluntariamente, prestariam um grande serviço ao país mas a ganância mantem-nos alapados, sempre à espreita de mais um lugar para si ou alguém que lhe está próximo.
Como sabemos muitos adquiriram o dom da ubiquidade arrebanhando dois, três, quatro ou mais lugares.
Aqueles que realmente têm valor que o transmitam aos milhares de jovens formados que têm a vida bloqueada por falta de emprego.
Agostinho,
EliminarUm comentário da grande lucidez vindo da sua parte não é novidade.
Essa transição, essa passagem de testemunho, é que vejo cada vez menos nas sociedades modernas, não é só na portuguesa.
De um momento para o outro, arrumam-se os mais velhos na prateleira e substituem-se por putos imberbes sem o mínimo de preparação, muito menos experiência de vida.
Será tão complicado perceber que este é um modelo errado?