Os Escritórios dos advogados e o poder politico/económico.
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Os advogados do
diabo
Em Portugal, os escritórios de
advogados são activos propulsores da corrupção.
- Nas maiores sociedades de
advogados, cada advogado ganha cerca de 115 mil euros/ano.
- Encontramos, entre estes
advogados, figuras de topo dos partidos políticos integrantes da «troika
vende-Pátria».
- Possuem ligação, presente ou
passada, à Assembleia da República, ao Governo, a assembleias e a executivos
municipais.
- Os advogados com nomes sonantes
têm sido nomeados para o Sector Público Administrativo e para o Sector
Empresarial do Estado.
- São ainda eles que recebem por
encomenda governamental, a elaboração de legislação e a preparação de concursos
públicos (grandes negócios e grandes despesas onde o estado sai quase sempre
lesado).
- Enquanto docentes universitários, conferencistas e comentadores têm
poder sobre a opinião pública.
- Possuem ainda ligações aos
grandes grupos económicos capitalistas.
- Funcionam como elos de ligação e
instrumentos de expansão dos grupos económicos capitalistas, sejam eles internos
ou externos ao País.
- Conclui-se que têm contribuído para a subordinação do poder
político ao poder económico.
Segundo Paulo Morais, neste
video, a forma como legislam, só é possível em Portugal e em
África. Os advogados fabricam leis com buracos e erros e passam a vida a dar
pareceres sobre as leis que eles fizeram mal. Por exemplo, um escândalo... o
código da contratação pública foi feito pelo escritório do Dr Sérvulo
Correia, e só em pareceres para explicar o código que ele próprio fez, já
facturou 7 milhões e meio de euros. Mas mais corrupto ainda é que estes
escritórios intervêm de forma inconstitucional no processo legislativo,
executivo e judicial o que viola a lei da separação dos
poderes, o que requer intervenção do presidente da
república.
Os mais poderosos
Em Portugal marcam presença activa – as sociedades internacionais de
advogados, algumas de âmbito mundial. Exemplo é o escritório Linklaters (remonta
ao século XIX), sediado em Londres, que recentemente foi escolhido para prestar
assessoria jurídica no processo de alienação de capital público existente na EDP e na REN e
na oferta pública de aquisição (OPA) da CIMPOR.
A nível nacional as
sete maiores sociedades possuem, cada uma delas, mais de uma centena de
advogados (entre sócios, associados e estagiários), sendo de salientar o
escritório A. M. Pereira, Sáragga Leal, Oliveira Martins, Júdice &
Associados, visto ultrapassar os duzentos advogados (ver Quadro 1).
Quadro 1
Fonte: In-Lex – Anuário das Sociedades de Advogados, 2012 (sítio na
Internet).
Em algumas destas sociedades de advogados, com destaque para as
maiores, encontramos figuras de topo dos partidos políticos integrantes da
«troika vende-Pátria» e personalidades claramente afectas a este leque
partidário, com destaque para o PSD (ver Quadro 2).
Quadro 2
Fonte: Sítios das sociedades de advogados na Internet,
2012.
A ligação entre advogados e partidos políticos tem a sua continuidade na ligação daqueles aos órgãos do poder
político. Efectivamente, basta atentar na quase totalidade dos nomes mencionados
no Quadro 2 para reconhecer a ligação dos mesmos, presente ou passada, à
Assembleia da República, ao Governo, a assembleias e a executivos
municipais.
Como seria de esperar, as ligações supra estendem-se ao
aparelho de Estado. Efectivamente, advogados com nomes sonantes têm sido alvo
constante de nomeações para estruturas, permanentes ou temporárias, no âmbito do
Sector Público Administrativo e para o Sector Empresarial do Estado. A título
meramente exemplificativo, apresentamos os seguintes casos entre os nomes
referidos no Quadro 2 (3):
§ Rui Machete foi administrador do Banco de Portugal e é
vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Caixa Geral de
Depósitos;
§ Manuel Lopes Porto foi membro da Comissão de Reforma Fiscal e é
presidente da Mesa da Assembleia Geral da Caixa Geral de Depósitos;
§ Daniel Proença de Carvalho foi presidente do Conselho de
Administração da RTP;
§ Pedro Rebelo de Sousa é vogal do Conselho de Administração da Caixa
Geral de Depósitos.
A ligação das sociedades mencionadas aos órgãos do poder político e
ao aparelho de Estado poderá ainda traduzir-se em trabalhos do foro jurídico por
encomenda governamental, nomeadamente a elaboração de legislação e a
preparação de concursos públicos.
Seria interessante averiguar, por exemplo, até que ponto os advogados
integrantes destas entidades simultaneamente jurídicas e políticas têm
contribuído para desconfigurar o quadro legislativo progressista saído da Revolução de Abril.
É igualmente visível a
influência de membros das sociedades de advogados a nível do aparelho
ideológico. A este respeito, sem prejuízo de considerações mais rebuscadas que
se podem – e devem – tecer sobre o carácter ideológico da intervenção desses
membros enquanto docentes universitários e conferencistas, resulta clara a
sua intervenção conformadora da opinião pública na qualidade de comentadores,
episódicos ou permanentes, nos órgãos de comunicação social. Por exemplo,
quem não foi ainda confrontado com os comentários na comunicação social de José
Miguel Júdice ou de António Lobo Xavier?
Advogados, grupos económicos capitalistas e negócios
A
teia completa-se com a ligação das sociedades de advogados aos grandes grupos
económicos capitalistas. Procurámos demonstrar essa ligação averiguando qual
a presença dos nomes enunciados no Quadro 2 nos órgãos sociais de um conjunto
relevante de empresas e de grupos económicos referenciados no
Quadro 3
A intersecção entre os dados obtidos nos quadros 2 e 3 revela a
promiscuidade entre os grupos económicos e as sociedades de advogados, conforme
se pode constatar no Quadro 4.
Quadro 4
Fonte: Sítios das empresas na Internet, 2012.
A título de curiosidade justifica-se referir que, fora do universo
empresarial aqui considerado, Daniel Proença de Carvalho tem a presidência da
mesa da assembleia geral numa quantidade significativa de empresas, tudo
indicando que seja o «recordista nacional» (ou próximo disso) neste tipo
de actividade (5).
Em termos
de áreas de negócio, merece destaque a participação dos escritórios mencionados
no Quadro 2 nos processos de privatização daquilo que resta do
Sector Empresarial do Estado. Considerando apenas exemplos recentes, as
sociedades A. M. Pereira, Sáragga Leal, Oliveira Martins, Júdice &
Associados e Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados
prestaram assessoria nos processos de alienação do capital público existente na
EDP e na REN. O segundo escritório mencionado prestou até dupla assessoria no
processo da EDP: à administração desta empresa e ao Estado.
Negócios
afins são os da fusão de empresas e da transacção de partes de capital de
empresas, na gíria económica titulados como fusões & aquisições, onde também
pontificam as sociedades de advogados na qualidade de assessores jurídicos.
Note-se como na recente oferta pública de aquisição (OPA) da CIMPOR o escritório
Uría Menéndez-Proença de Carvalho surgiu como assessor de um potencial
adquirente – o grupo económico brasileiro Camargo Corrêa. Outra área de
negócio que os dirigentes dos escritórios parecem considerar promissora é a
intervenção externa, nomeadamente por via da ligação a escritórios de advogados
em países de língua oficial portuguesa. O Quadro 5 é revelador dessas ligações
internacionais personalizadas.
Quadro 5
Fonte: Sítios das sociedades de advogados na Internet,
2012.
Para além de outras considerações pertinentes de carácter imediato, é
de salientar que qualquer dos negócios aqui referenciados permite aos
escritórios de advogados funcionarem como elos de ligação e instrumentos de
expansão dos grupos económicos capitalistas, sejam eles internos ou externos ao
País.
A associação de interesses entre sociedades de advogados e os grandes
grupos económicos capitalistas permite-nos ainda incorporar, no âmbito do
presente artigo, uma afirmação inequívoca sobre o estado actual da justiça
portuguesa: o seu muito vincado carácter de classe, que se consubstancia
no facto de a grande burguesia dispor de avultados meios para fazer valer os
seus interesses no foro judicial, em claro detrimento da generalidade da
população, seja esta encarada como trabalhadora ou como consumidora.
Conclusão
Com base no que acabou de ser escrito e exemplificado,
constata-se a existência de escritórios de advogados que são instrumentos
essenciais, directos ou indirectos, da expansão do domínio dos grandes grupos
económicos capitalistas: instrumentos directos, devido à ligação entre ambos;
instrumentos indirectos, por intermédio da relação escritórios de advogados →
instituições da superestrutura política e ideológica (o que até constitui,
em termos objectivos, uma porta aberta para o alastramento da
corrupção).
Nesta qualidade, trata-se de entidades que têm
contribuído activamente para a subordinação do poder político democrático ao
poder económico; e, portanto, tais entidades constituem mais uma (entre tantas…)
excrescência inconstitucional da sociedade portuguesa. (...) Adaptação do
Artigo original em - "O
militante"
(2)
In-Lex – Anuário das Sociedades de Advogados, 2012 (sítio na Internet).
(3)
Dados obtidos a partir dos curricula e do sítio da CGD na Internet.
(4) José
Pedro Aguiar-Branco declara no seu curriculum vitae ter terminado as funções
mencionadas aquando da tomada de posse como Ministro.
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São os chamados «Entrepostos de Advogados», mas isto sou eu que o digo, é a palavra de um «sonso» que vale o que vale, Pedro.
ResponderEliminarAbraço!
E vale muito, Ricardo.
EliminarÉ disso mesmo que se trata - de Entrepostos de Advogados.
Nem mais!
Miserere nobis :-)
ResponderEliminarOs truques até são conhecidos.
EliminarAgora estão aqui expostos.
E com nomes.
Bom, o artigo é longo, mas objetivo e claro, sem necessidade de perceber muito de economia ou de política! Obrigada pela divulgação: fiquei elucidada! Menos serena, também...
ResponderEliminarBeijocas!
Teté,
EliminarA tranquilidade é a mesma - estes esquemas já duram há tantos anos!
E vão continuar.
Veja os nomes e percebe porquê.
Beijocas!
Pungente. É pena que tenha estes contornos...:)
ResponderEliminarBeijinho, Pedro.
ana,
EliminarPaulo Morais, aqui há dias, dizia que no meio de toda a podridão, e de todos os processos ligados a essa podridão, tinham sido condenadas apenas as mais sérias - as prostitutas.
Está aqui a prova da razão que assistia ao Paulo Morais.