Tomada de posição do Movimento Internacional Nós Somos Igreja - Portugal acerca da investigação sobre abusos sexuais no Seminário do Fundão e declarações de Catalina Pestana
No passado dia 18 Maio, 2012, em carta a D. José Policarpo, Presidente da
Conferência Episcopal Portuguesa, afirmávamos o nosso apoio e aplauso ao
documento “Directrizes Referentes ao Tratamento de Casos de Abuso Sexual de
Menores por Parte de Membros do Clero ou Praticados no Âmbito da Actividade de
Pessoas Jurídicas Canónicas,” então divulgado. O Movimento Internacional Nós
Somos Igreja – Portugal congratulou-se pela iniciativa da Conferência Episcopal
Portuguesa, que assim tomava uma posição em face do tema mais polémico e
fracturante na história recente da Igreja - instituição. Afirmávamos nós que as
“Directrizes” poderiam ser utilizadas como sinal de esperança para que as vozes
de vítimas silenciosas se fizessem ouvir. As “Directrizes” apareciam como útil
instrumento para a prevenção e dissuasão de tais crimes e sinal de certeza para
a punição dos culpados. Logo que divulgado o documento, o Movimento Nós Somos
Igreja-Portugal acreditou na contribuição da Igreja para a eficácia da Justiça,
concretizada em penas efectivas para os abusadores. O tema explode agora com
destaque nos meios de comunicação social e é motivo de pasmo, tristeza,
desagrado para o Povo Português, católico ou não. É desconforto e grave problema
para a hierarquia, que pela voz do bispo da Guarda declara colaboração com a
investigação penal. Esperemos o desenrolar dos acontecimentos.
Que este gravíssimo episódio encoraje uma
séria reflexão sobre as reformas que urge implementar no funcionamento da Igreja
instituição e que o nosso Movimento tem vindo a propor.
Ex-provedora da Casa Pia diz que há outros
casos de padres pedófilos
O
vice-reitor do Seminário Menor do Fundão está em prisão domiciliária. Apesar de
a hierarquia da Igreja garantir que se trata de um caso inédito, Catalina
Pestana assegura que há mais situações de pedofilia.
A
população do Fundão e a hierarquia da Igreja Católica acordaram ontem
surpreendidas e abaladas com a notícia da detenção, pela Polícia Judiciária
(PJ), do vice-reitor do Seminário Menor local, um padre de 36 anos e professor
de Educação Moral e Religiosa. Depois de alguns alunos alojados no seminário se
terem queixado de abusos sexuais aos pais, estes decidiram denunciar o caso à
polícia. Ouvido no Tribunal do Fundão, o sacerdote acabou por ficar em prisão
domiciliária, um caso sem paralelo segundo os responsáveis da Conferência
Episcopal Portuguesa.
"Isto caiu que nem uma bomba, principalmente
aqui num meio mais pequeno", comentava ontem Nuno Maia, proprietário de um café
que fica a cerca de um quilómetro do seminário. Localizada às portas da cidade,
a instituição, que acolhe 16 rapazes entre os 11 e os 18 anos, é uma referência
para quem ali vive. António Boavida disse ter ficado "arrasado" com o que ouviu.
"Nem estou em mim. Conheço o padre, toca muito bem órgão e sempre foi uma pessoa
gentil", desabafou. Destacando a personalidade "formidável" do sacerdote,
admitiu ter "pena" que ele esteja envolvido em algo "tão estranho como o que se
conta".
Apesar de se mostrar surpreso com a notícia,
José Farinha, outro habitante do Fundão, disse-se menos incrédulo. "Admira-me
que não tenham falado nada quando se começou a descobrir coisas sobre a Casa
Pia. É um tema que tem vindo a assombrar a Igreja", comentou.
Natural de São Romão, uma aldeia do concelho
de Seia, o suspeito foi ordenado padre em 2011, mas antes disso já colaborava
com várias paróquias e chegou a dar aulas em escolas primárias. Foi ainda
animador de grupos de jovens, ensaiador de coros e organista. Começou por ser
colocado na paróquia de Celorico da Beira, mais tarde foi destacado para a
equipa educadora do seminário do Fundão e desde há quatro anos era ele quem
acompanhava os jovens até ao colégio que frequentavam em Tortosendo (Covilhã),
onde dava aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. Desde Setembro
vice-reitor do seminário, continuava a ser professor e ainda era o orientador do
pré-seminário da diocese da Guarda.
A
diocese reagiu com a máxima rapidez, mostrando abertura para colaborar com a
polícia. "O bispo da diocese deu imediatamente ordem para que fossem abertas as
portas do seminário aos agentes da investigação que se apresentassem devidamente
identificados e que se desse toda a colaboração para a máxima objectividade para
a investigação", esclareceu a instituição, em comunicado.
A PJ apreendeu vários objectos,
nomeadamente o computador pessoal, na residência do padre que está acusado de
"vários crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes sobre os quais detinha
funções de educação e protecção".
Foi um grupo restrito de alunos que
decidiu avançar e apresentar uma queixa em conjunto na PJ da Guarda na
quarta-feira. Alguns iam acompanhados dos pais. Estarão em causa actos sexuais
com os menores, não havendo relatos de eventuais violações.
Será mesmo caso
único?
Há quatro anos secretário e
porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão garante que
neste período nunca chegou ao seu conhecimento qualquer queixa de pedofilia.
Neste caso em concreto, para além da investigação judicial, de acordo com regras
que este ano entraram em vigor, o padre será objecto de um procedimento canónico
e poderá, em última instância, ser "exonerado do estado sacerdotal". De resto,
comenta o secretário da CEP, ele é "um cidadão como outro qualquer". Acresce que
a Igreja não é obrigada a comunicar eventuais suspeitas à polícia.
Pouco surpreendidos com a notícia, o
psiquiatra Álvaro Carvalho e a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa Catalina
Pestana, da Rede de Cuidadores (associação criada após o escândalo Casa Pia para
apoiar crianças e jovens vítimas de abuso), lembram que avisaram a hierarquia da
Igreja para este problema, há mais de um ano. Chegaram a enviar uma carta,
depois de o actual cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, ter dado uma
entrevista a um diário em que dizia não ter conhecimento de qualquer caso desta
índole que envolvesse sacerdotes da diocese da capital. "Sei que há casos de
pedofilia, só na diocese de Lisboa conheço cinco, e tinha-lhe dito a ele
pessoalmente o que sabia", garantiu ontem ao PÚBLICO Catalina Pestana, indignada
com o facto de ainda haver seminários para menores no país. "Todos os abusos em
massa [no âmbito da Igreja Católica] aconteceram em colégios de freiras ou em
seminários. Basta ler a Manhã Submersa de Vergílio Ferreira, que tem como
cenário o seminário do Fundão." Mas por que não denunciam então os casos? "Não
somos da polícia", retorque Catalina Pestana, que teve uma reunião formal no ano
passado com Manuel Morujão e o anterior presidente da CEP D. Jorge Ortiga, para
debater este problema. Mas o que acontece aos padres? "São transferidos de
sítio", responde Catalina, destacando que há bispos, como o do Porto e, ao que
parece agora, este bispo da Guarda, que assumem um comportamento diferente e são
"exemplares". Resolvem as coisas de uma forma discreta, enviam os casos para a
polícia ou arranjam uma solução em que os sacerdotes não tenham contacto com
crianças. O que Catalina Pestana não aceita é que outros se limitem transferir
os padres para outros locais. Por isso ela e Álvaro Carvalho vão voltar a
escrever uma carta à CEP em breve.
No início deste ano, em entrevista à Antena 1,
o antigo arcebispo de Braga D. Eurico Dias Nogueira admitiu que a a Igreja
"esteve demasiado tempo calada" sobre casos de pedofilia.
Pedro,
ResponderEliminarindependentemente do asco e repulsa por toda a nojentice que é a pedófilia, também não me causa menos repulsa esta senhora que parece andar sempre à procura de um protagonismo que nunca lhe foi dado (cfr. o chamado "Caso Casa Pisa").
Enfim, urge a Igreja resolver esse problema, urge também que as autoridades competentes façam o que lhes compete, isto é, investigar e acusar se for caso disso.
Aquele abraço, Pedro!
Vi o filme "Manhã Submersa" há muitos anos e tomei logo consciência do problema! Não entendo como é que a Justiça só agora parece ter acordado para esta questão de extrema gravidade! Bom! Vamos ver qual será o desfecho disto tudo!
ResponderEliminarAbraço
Apenas uma pergunta porque esta senhora provoca-me náuseas: porque motivo não disse os nomes dos eventuais pedófilos?
ResponderEliminarA palavra de Catalina vale zero!
Parece que a Catalina meteu o pé na argola. Não existe carta, nunca houve conversas com D. Policarpo, nickles.
ResponderEliminarHoje, pela primeira vez, no programa da RTP "Justiça Cega" vi, pela primeira vez, Marinho Pinto, Rui Rangel e Moita Flores de acordo. A Catalina não pode deitar achas para a fogueira e depois recusar-se a diviulgar nomes ao MP, alegando que não é polícia. Isso é cobardia!
Ricardo,
ResponderEliminarA pedofilia é o crime mais hediondo que conheço.
Mas não é, como muitas vezes se quer fazer crer, um exclusivo da Igreja Católica.
É chocante e tem de ser investigado e levado até às últimas consequências, seja onde for e esteja quem estiver envolvido.
Luciano,
Dá-me a sensação que os pedófilos que vamos conhecendo são tão poderosos que conseguiram passar sempre entre os intervalos da chuva.
Sabe qual é a pena que defendo para os casos de pedofilia (eu e o Sousa Tavares)?
Castração química.
Não acredito na reabilitação de um pedófilo, ponto final!
Catalina Pestana já na Casa Pia dizia que sabia de muito mais nomes.
Ficámos a conhecer quantos?
Nem um!!
Carlos,
Já meteu o pé na argola várias vezes.
"Se me irritam, eu falo".
Lembra-se da música "Parole, parole, parole"???
Qualquer que seja a "área" que esteja envolvida directamente com crianças, a probabilidade de ter pedófilos nela é grande. Mas curiosamente dão quase sempre um enorme destaque quando os pedófilos são membros da Igreja. Mais do que combater o flagelo da pedofilia, a vontade por detrás de tudo isso é atacar o Cristianismo.
ResponderEliminarFirHead,
ResponderEliminarescrevi isso aqui já faz tempo - andei num Colégio de Jesuítas, éramos só rapazes nos dois primeiros anos, e nunca houve fenómenos destes.
Associar a pedofilia à Igreja é um disparate.
Mas existe pedofilia na Igreja, isso é inegável.
Terrível e assustador e por toda a sociedade a pedofilia sempre existiu, existe e existirá...
ResponderEliminarCatalina Pestana fala, fala mas afinal quem são? Ficamos na mesma!
Depois há o lado reverso da medalha: basta passar pelo Parque Eduardo VII de LIsboa, pela calada da noite e ver "putos" e carrões a pararem...a sociedade sabe...a polícia sabe...os tais tão defensores dos menores sabem...os pais (se é que existem) podem não saber...e o que se faz? NADA!!!!
O que foi a Revolta dos Gansos? Ramalho Eanes e a sua querida esposa ouviu os jovens dessa Revolta? Não...
Enfim, digo-te amigo, isto e a violação é um terror...e EU MATAVA SEM PEIAS NEM MAIS!!!!
Fatyly,
ResponderEliminarEu defendo, com convicção, a castração química.
Não acredito na reabilitação de um pedófilo.
O crime mais horroroso que conheço.
Repugnante!!
Então aí têm vocês um grande motivos para não gostarem dos muçulmanos. Em países como a Arábia Saudita ou o Irão a pedofilia é permitida. Porquê? Porque o próprio Maomé era pedófilo. Onde é que está, então, o princípio de respeito/tolerância pelas culturas diferentes das nossas? Ah pois...
ResponderEliminarMas quem e que disse que aprovava a religião muçulmana, FireHead?
ResponderEliminarOu até os seus costumes?