O melhor presente (Padre Vítor Gonçalves)
“Logo que
chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o
menino exultou de alegria no meu seio”
Lc 1, 44
“O tempo não está para prendas. Só se forem
promoções, ou coisas indispensáveis!” Quem não ouve e não sente este
desabafo que sobe dos magotes de gente que vão aos centros comerciais,
simplesmente “ ver as montras”, para desespero dos logistas. Mas nem a crise
abala os desejos de inúmeros miúdos, como os daquelas turmas de um amigo meu,
que pedem de prenda para este Natal um “tablet”! O professor ainda brinca e diz:
“querem tabletes de chocolate?” Mas não se brinca com o que é sério: “Não! Tablets verdadeiros e com ligação à
internet.” E entristece-se o meu amigo pois sabe que muitos os vão ter, como
já têm telemóveis de última geração, principalmente aqueles que beneficiam de
apoio social. Os mesmos que os pais dizem que não conseguem fazer nada deles!
É antiga a conversa de que
é mais fácil substituir o tempo, o amor, o “não” em hora certa, por coisas que
se dão aos filhos. Mas é cada vez mais premente reflectir porque se dão coisas
que não são verdadeiramente necessárias Para compensar a pouca paciência com
eles? Para que não cresçam frustados por não terem o que lhes apetece? O
investimento no ter acaba por ser o caminho mais fácil e imediato. Mas são
presentes envenenados. Porque uma criança, ou um adulto, mais do que “gadgets”
electrónicos, e de ligações à internet, precisa de tempo, de carinho, de
amizade. Precisa do presente da presença de quem diz que o ama. (Pois também se
chega a ouvir um pai ou uma mãe dizer que não gosta do seu filho!) Mais do que a
sociologia dos números de nascimentos no nosso país, importa saber como estamos
a educar os nossos filhos. Saber que presente lhes estamos a proporcionar, e em
primeiro lugar, como lhes damos o presente de nós mesmos?
A mãe de Jesus não ficou
muito preocupada em arranjar o enxoval do Filho de Deus que crescia dentro de
si. Lá percebeu que era mais urgente ir ter com Isabel. O fruto mais belo da fé
é sempre a caridade. O que é dom de Deus multiplica-se em quem recebe e dele,
transborda para outros. Maria leva o melhor presente: o Deus Menino a crescer
nela. Leva-se a si mesma, e a alegria do encontro das duas mães tem sido pintada
e esculpida por inúmeros artistas. O melhor presente nunca são “coisas”, por
mais caras e valiosas que sejam. Cada um de nós é o melhor presente. E quando
sabemos que em nós e nos outros também está o próprio Deus, a alegria pode ser
plena.
A dois passos do Natal será
possível rever o valor dos nossos presentes? Sem precisar de embrulho nem de
fitas, podemos pensar em quem amamos e inventar modos de sermos o seu melhor
presente? Com ou sem palavras, podíamos dizer: “Aqui estou! Para ti, com o meu tempo, o meu
carinho, a minha alegria de estares comigo, de tanto querer que sejas feliz, de
vivermos juntos alegrias e dores, de seres tão importante para mim! Sou o teu
melhor presente! E este é o melhor Natal ”.
Cá para mim, imagino Jesus a
dizer-nos algo parecido!
De facto hoje em dia o Natal é cada vez mais vivido sem Jesus. Até mesmo os católicos ditos nominais, que são a esmagadora maioria do universo católico, já nem à Missa do Galo vão. Acaso acreditam que Deus não lhes pedirá para prestar contas no fim de tudo?
ResponderEliminarFireHead,
ResponderEliminarA vivência é assim tão importante para si?
Para mim, a crença, o coração, é muito mais importante que a vivência.
Amigo, não é para mim, mas sim para Deus. A fé sem obras é uma fé morta e obras sem fé de nada valem. Não ir à missa é pecado, isso aprende-se na catequese. Se ir à missa não fizesse parte do dever cristão, então para quê é que Cristo mandou os Seus discípulos renovarem constantemente o Seu calvário no primeiro dia da semana e ainda instituiu a Eucaristia? Acreditar só em Jesus não basta, amigo, porque acreditar significa também obedecer ao que Deus nos pede: "Nem todo o que me disser: 'Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, senão aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 7:21). Por isso que, como atesta o Evangelho, "Muitos serão chamados mas, poucos os escolhidos" (Mateus 22:14).
ResponderEliminarQuem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra, não é, FireHead?
ResponderEliminarO que não invalida que devamos trabalhar no sentido de desenvolver a nossa salvação com temor e tremor (Filipenses 2:12). O pecado é uma ofensa a Deus e somente através dos sacramentos que Ele instituiu - os canais da graça - é que nos podemos aproximar Dele. Pecar todos pecam, mas persistir no pecado impede-nos de ser perfeitos (Mateus 5:44). :)
ResponderEliminarMas eu não quero ser perfeito, FireHead.
ResponderEliminarNunca tive essa ambição.
Perfeição de bem-aventurança, que foi aquilo que Cristo exortou para que todos nós alcançássemos, segundo o Sermão da Montanha. Decerto que ambiciona ser salvo, não? Ou não acredita nessas coisas da salvação e condenação post-mortem como defende a Igreja? :)
ResponderEliminarClaro que acredito, FireHead
ResponderEliminarEstava só a meter-me consigo :))