O que será, que será (por ANDRÉ MACEDO)
A RTP é para privatizar por
inteiro. É para privatizar só um dos canais. É para privatizar com todas as
antenas de televisão e rádio, mas só 49% do capital e com uma renda fixa de 140
milhões de euros paga pelos contribuintes. É para privatizar até ao final do
ano. É para privatizar até ao fim do próximo ano. É para vender aos angolanos. É
para entregar a uma TV brasileira. É para um fundo do Panamá. É para a Cofina. É
para vender só a concessão. É para juntar à Lusa. É para ficar pública mas sem
publicidade. É para ter 12 minutos de publicidade. É para ter seis minutos de
publicidade. É para oferecer a RTP Internacional. É para fechar a RTP Memória.
E a Caixa? Simples: é para
privatizar por inteiro. É para privatizar só uma fatia minoritária. É para
negociar com capital chinês. É para vender o negócio que tem em Espanha. É para
vender o banco emissor de moeda que tem em Macau. É para vender tudo o que ainda
tem em todas as empresas que ainda tem. É para sair a correr de Moçambique e
Cabo Verde e também Angola. É para se transformar num banco de investimento, num
banco de fomento, numa coisa qualquer. Numa agência? Não: é para fechar
agências.
E a refundação do Estado social?
Não é refundação, é reforma. Não é reforma, é corte, é redução de quatro mil
milhões de euros. Não são quatro mil milhões: são 4,4 mil milhões. Não é uma
decisão, é uma meta. Não é uma meta, é um debate para fazer em três meses.
Pronto: em seis meses. Não é para aplicar em 2013. Talvez seja para aplicar no
segundo semestre de 2013. É preciso mudar a Constituição. É preciso fintar a
Constituição. É preciso cortar na saúde, na educação e nas funções de soberania.
Não, a educação é que é para ser paga, claro, além do que já é pago pelos
impostos. É isso? Não é nada disso. Chico Buarque explica: o que não tem governo
nem nunca terá; o que não tem vergonha nem nunca terá; o que não tem juízo... lá
lá lá lá lá...
E a renegociação da dívida grega?
Simples, será estendida a Portugal. O princípio da igualdade de tratamento ficou
decidido em junho pelo Conselho Europeu. Sim? Sim, sim, diz Gaspar devagarinho.
Não, não, diz Gaspar com muita pressa. Quer dizer, a seu tempo, emenda Gaspar.
Não será nada disso, impõe-se Schäuble. E o número dois do Governo como reage? O
número dois? Quem é o número dois do Governo? É Gaspar? É Relvas? Certo. Errado.
O número dois é Gaspar, mas também é António Borges, o ministro não ministro,
conselheiro, comparsa. Tudo claro: não há ziguezagues. As curvas deste Governo
são retas para os negócios. Será o que será. O que não tem conserto nunca
terá.
In www.dn.pt de 06-12-12.
Já tinha lido e, na parte em que ele escreve sobre as curvas que são linhas rectas para o governo, apenas acrescentaria: Linhas rectas que perfuram a transparência
ResponderEliminarUm texto excelente, Carlos.
ResponderEliminarLúcido e escorreito.
Um texto elaborado por quem, apesar de não ter as mesmas habilitações que Relvas, sabe o que diz.
ResponderEliminarNao será mais que sabe o que diz precisamente porque nao tem as mesmas habilitações do Relvas, António?
ResponderEliminarAquele abraço!