A Arte de Furtar (Correio do Minho)
A
ARTE DE FURTAR
Carta Aberta ao Senhor 1º Ministro, com Cópia
directa ao Senhor Ministro das Finanças, ao Venerando Chefe Estado e Lideres
Parlamentares de todos os Partidos com assento na Assembleia da República.
Exmº Senhor Primeiro Ministro
Vossa Excelência nunca me terá lido aqui no
Diário do Minho, o mais importante Jornal da quiçá 3ª Cidade do País o que
obrigava Vª Exª, se tivesse vontade de saber que pensam os Portugueses, a ler
ou mandar ler. Talvez Vª Exª também diga, com louvável franqueza, que não lê
Jornais. Isto é, também Vª Exª, não tenha interesse em ter notícias de
PORTUGAL. Quiçá leia algum semanário onde terá alguém que a mando ou por paixão
(Honni soit…) escreva o que Vos agrada. Mas um Semanário não é um
Jornal. Um Jornal, para o ser, sublinhava o notável Jornalista Dr. Raul Rego, tem
de dar notícias. Só por notícias, mesmo que de faca e
alguidar, como alguns desdenham dos Jornais que as trazem, Vª Exª pode saber de
PORTUGAL. Nesta linha de não querer saber, Vª Exª nunca terá lido o DM e menos
ainda o que nele escrevo. Vª Exª Ignora que me socorro dos Livros para
intitular as minhas Crónicas. O Título liga-se ou é raiz do que escrevo. Daí A
Arte de Furtar. Não foi primeira escolha este título atribuído ora ao Padre António Vieira, ora ao Padre Manuel Bernardes. Vª Exª, se se
dignar ler-me, entenderá a situação disjuntiva e concordará com o hesitar. Na
verdade, face à razão desta Carta Aberta, pensei no título que Fernando Vizcaíno Casas, que aprecio pela bem humorada e lúcida visão,
deu, em tempo de muita corrupção política, a obra sua: ...Y
los 40 ladrones (1994). Comecei a contá-los. Já ia
além do meio cento. Entendi, que não batia a bota com a perdigota. Além do mais
prefiro, ao invés de Vª Exª, o que nosso é. Optei pela obra do Padre Manuel da Costa, como julgo
assente. Ajuda-me o Padre seiscentista a denunciar Vª Exª, e os ministros que o
acompanham. A Vª Exª, Senhor 1º Ministro, não cabem os atributos que o Autor da
Arte de Furtar considera validos de D. João IV, que Vª Exª ignora,
pois entende não ser de glorificar o dia em que, aceitando ser Rei, salvou a Pátria.
Esses validos eram VERDADE E MERECIMENTO. À Verdade falta Vª Exª sem descoro,
no dia-a-dia da governação. Merecimento não se lhe adapta, pois pouco o tem tido,
no constante dar ordens para roubar
os pobres, e enriquecer os poderosos.
Isto vem ao encontro da razão próxima desta
Carta. O caso é que, acabo de pagar o IRS que Vª Exª mandou “roubar-me”! Pago
este, bem como o imposto que era de circulação e já não é, foi-se-me a Pensão de Reforma para a qual trabalhei e descontei quarenta anos. Vª Exª mandou “roubar-me” o que eu pensava estar
salvaguardado pela Constituição que Vª Exª não respeita. E não me venha Vª Exª
dizer que eu tenho mais do que muitos portugueses. O que tenho ou a que julgava
ter direito, ganhei-o, formando-me a trabalhar e não num ano nem ao domingo e
muito labutei para fazer digno jus a tal. Vª Exª, vivendo na e da política, da J a 1º Ministro, não sabe o que é
trabalhar; não entende pois, os sacrifícios (roubos) que impõe aos portugueses.
Ou quererá Vª Exª retomar o princípio Socialista de que para não haver uns a
ganhar 50 e outros 30, todos ganhariam 20? Fora boys do Partido ou intocáveis
por compadrio, claro.
Conjugando este veraniego golpe no não muito
que ganho, com o não devolvido do que por mês me foi “roubado” para igual Imposto,
e me devolveram em 2011, dos 12 meses que tenho direito a receber, Vª Exª
“roubou-me” quatro. Se considerar o que mês a mês manda extorquir-me: desses 12
meses, cinco foram para o luxo de carros topo de gama de Vª Exª e Ministros;
salários escandalosos a gestores públicos; tachos dos boys; milhões gastos na RTP e Escritórios de Advogados; que sei eu,
que bem sabemos todos. Senhor 1º Ministro, “roubar” assim, qualquer um, é acto
de que Vª Exª se deveria envergonhar. “Roubar”
o fim de vida que pensou de descanso e sem preocupações, a um “velho” de oitenta anos (a quem já
roubara quiçá as últimas férias possíveis) é insulto canalha e desumano de vil Alcaide.
A Arte de Furtar não ensina a
“ROUBAR”, diz como roubar e quem rouba, para o rei lhes dar "o castigo que merecem". Vª
Exª sabe quem rouba, mas, sem merecimento de bom Rei, permite e não castiga. Vª
Exª, por mau rei, tem afiadas “as unhas
com que roubar”, da maneira como os reis podem roubar: “Primeira furtando a si mesmo. Segunda a seus vassalos. Terceira aos
estranhos em gastos inúteis, tributação
excessiva e guerras injustas." Só da última estará isento Vª Exª.
Em 1920 Ayn Rand afirmou:
"Quando perceber que o dinheiro [enche
quem] negoceia não com bens, mas com
favores; que muitos ficam ricos pelo suborno e influência, mais que pelo
trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário; que a
corrupção é recompensada, e a honestidade auto sacrifício; poderá afirmar, sem
temor de errar, que a sociedade está
condenada".
A nossa está, Senhor 1º Ministro.
Fraternalmente
Esta não conhecia, mas gosto mais da outra.
ResponderEliminarEste artigo também está muito bem conseguido, Carlos.
ResponderEliminarGostei de ler!