Varrido!

Os sinais avolumavam-se - Carlos Queiroz estaria de saída do cargo de seleccionador de Portugal.

A confirmação oficial chegou, em forma de comunicado, pela voz de Gilberto Madaíl.

Cralos Queiroz, que ficou famoso por ter declarado, já há alguns anos, que era preciso varrer a porcaria da Federação, foi agora ele próprio varrido.

Mas, ao contrário do que clamara Queiroz, e que a esmagadora maioria dos portugueses exige, a vassourada não foi geral.

Foi, isso sim, muito selectiva.

Se é verdade que a equipa técnica não apresenta resultados minimamente convincentes e, como tal, tem de ser susbtituída, o mesmo princípio tem de ser aplicado a quem foi responsável pela contratação de Carlos Queiroz.

E publicamente o apoiou durante todo este controverso processo.

No entanto, Gilberto Madaíl, e os restantes empregados da Federação, apressaram-se a deixar claro que não renunciam aos seus lugares.

Antes solicitam a marcação de uma Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, na qual Gilberto Madaíl, e os outros párias que há anos o acompanham, por certo esperam ver legitimada a sua continuação nos lugares que vêm ocupando como se de cativos se tratassem.

E, a julgar pela teia de interesses que colocou estes senhores naqueles cargos, não ficaria nada surpreso se a jogada estratégica de Madaíl surtisse o efeito desejado.

As Associações Distritais, um exemplo de completo e perfeito caciquismo, estão minadas.

E estão dominadas pela actual estrutura de topo da Federação.

Madáil sabe isso melhor que ninguém.

Ele e o inefável Amândio de Carvalho.

Não está aqui em causa a competência, os resultados apresentados.

Antes uma imensa teia de interesses, que se cruzam, que se completam, que se sustentam mutuamente.

O despedimento de Queiroz, qual "crónica de uma morte anunciada", vai dar origem a mais uma infindável batalha jurídica.

Agora para se aferir da (in)existência de justa causa que fundamente o mesmo.

E, consequentemente, da (des)necessidade de indemnizar o seleccionador agora demitido.

Bem como dos montantes dessa possível indemnização.

Um cenário demasiado previsível, e que, como tal, obriga a formular as perguntas - porque é que se demorou tanto tempo a tomar esta decisão?

E, em termos puramente desportivos, não será sido tomada tarde demais?

Temo bem que sim.

Quem vier a seguir (Paulo Bento?) terá que reformular a equipa, terá a tarefa de lhe incutir confiança, espírito ganhador, força anímica.

Tudo enquanto decorre uma fase de apuramento na qual a margem de erro já está virtualmente esgotada.

Convenhamos que não se afigura tarefa fácil.