Assobiadela para exorcizar fantasmas

O Benfica começou a sua participação na Liga dos Campeões com uma vitória moralizadora (2-0) frente ao Hapoel de Telavive.
Uma vitória que vem numa altura crucial, atenta a crise de resultados, e de confiança, que se vai vivendo lá para os lados do Estádio da Luz. 
Sem birrinhas, choradeira e miminhos, o Benfica conseguiu três preciosos pontos, sobretudo numa "prova de velocidade" como é a fase de grupos da Liga dos Campeões.
Pontos, prestígio, dinheiro e confiança.
O lado positivo.
Jorge Jesus apenas mudou uma unidade em relação à equipa que jogou em Guimarães, trocando Maxi Pereira por Rúben Amorim.
Também o sistema táctico foi o mesmo.
Teimosia, ou prova de confiança, só Jorge Jesus poderá legitimamente responder.
Como a vida está cheia de surpresas, ironias, coincidências, o Benfica, cujos órgãos sociais tinham feito aquelas queixinhas todas acerca da arbitragem, e da influência dos árbitros nos resultados, viu o árbitro do encontro fazer vista grossa a um pénalti claríssimo cometido por Luisão aos 15 minutos de jogo, quando o marcador ainda estava em 0-0.
Poucos minutos depois (21), e na sequência de uma jogada ensaiada, o mesmo Luisão marcava o primeiro golo do encontro.
Golo que traduzia em números a superioridade e o domínio do Benfica.
O Hapoel não se rendeu, o Benfica mostrou alguma ansiedade, mas não tremeu.
Roberto fez grandes defesas (de vilão a herói....), mas o divórcio de Cardozo, com o golo e as bancadas, era evidente.
Divórcio que poderia ter terminado aos 68 minutos de jogo quando o paraguaio marcou o segundo golo.
Que, em teoria, seria o da tranquilidade.
Na sequência da marcação do mesmo, farto das assobiadelas, Cardozo mandou calar os adeptos.
E levou nova assobiadela.
E chegamos ao lado negativo.
É por demais evidente o mal-estar instalado na equipa do Benfica, e à sua volta.
A intranquilidade, o nervoso miudinho.
Nada que se resolva com comunicados idiotas.
Cardozo, que nunca foi um elemento muito querido pela massa associativa do Benfica, é um dos rostos mais visíveis dessa realidade.
Esperançado numa transferência milionária, o paraguaio acabou por ficar na Luz.
Pelo que se vai vendo, muito pouco contente e motivado.
O gesto de ontem foi só o exteriorizar desses sentimentos.
E não é o único nessa situação....
Até ao fim do jogo de ontem, registo ainda para uma bomba que bateu no poste da baliza de Roberto.
Nada que pudesse marcar o rumo do jogo.
O Benfica ganhou o jogo, ganha algum fôlego para jogos muito complicados que se avizinham (recepção ao Sporting e visita a Braga), mas está longe de ter ganho o que mais precisa neste momento - tranquilidade, harmonia (sim, essa!), confiança.
E, apesar das declarações de Jorge Jesus, compreensíveis no sentido de motivar os jogadores e os adeptos, ganhou um jogo a uma das equipas mais fracas desta edição da Champions.
É bom que se compreenda isso no balneário para não se começar novamente a abusar daquele medicamento que que falava Miguel Esteves Cardoso há alguns anos - o célebre "DENIAL".
Cujos efeitos secundários, e reacções adversas, são terríveis.
Muitas vezes fatais.

Outros resultados:

Grupo A
Twente-Inter, 2-2
(Janssen, 20; Milito, p.b.) (Sneijder, 14; Eto'o, 41)

Bremen- Tottenham, 2-2
(Hugo Almeida, 43; Marin, 48)(Pasanen, 12, p.b.; Crouch, 18)

Grupo B
Benfica-Hapoel, 2-0
(Luisão, 20; Cardozo, 68)

Lyon-Schalke, 1-0
(Bastos, 21)

Grupo C
Bursaspor-Valencia, 0-4
(Tino Costa, 16; Aduriz, 41; Hernandez, 68; Soldado, 76)

Man Utd-Rangers, 0-0

Grupo D
Barcelona-Panathinaikos, 5-1
(Messi, 22 e 45; Villa, 33; Pedro, 78; D. Alves, 90) (Govou, 20)

Copenhaga-Rubin Kazan, 1-0
(N’Doye, 87)

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