O país de André Ventura

É verdade que eu e André Ventura vivemos em países diferentes.

Eu na China (Macau) e André Ventura em Portugal.

Mas o Portugal de André Ventura também parece ser um Portugal diferente daquele onde nasci e cresci, onde vivem grande parte da minha família e os meus melhores amigos.

Porque nesse Portugal nunca se pensou em deputados “à batatada” (sic) no Parlamento.

Trocas de opinião mais crispadas sempre existiram.

Mas não me ocorre qualquer insulto, muito menos violência física ou ameaça disso.

O episódio mais violento que recordo foi o sequestro de parlamentares e governantes que terminou com a célebre declaração do Almirante Pinheiro de Azevedo aos órgãos de comunicação social quando saía - “fui sequestrado e ser sequestrado é uma coisa que me chateia. Aborrece-me.”

Violência física, cadeiras pelo ar?

André Ventura deve estar a fazer confusão com outras realidades.

A mesma confusão que o fez pedir a intervenção de um órgão de soberania no funcionamento do outro, do poder executivo no funcionamento do poder legislativo.

Essa intervenção também não acontece nas democracias parlamentares.

A lição parece ter sido muito mal estudada pelo senhor deputado.

Assim vai para o canto da sala com orelhas de burro e ainda se habilita a levar umas reguadas.