Condenados à solidão

 




Um dos efeitos mais perversos desta epidemia é a solidão.
A solidão dos que são afectados pela doença, a solidão dos familiares, a solidão dos que são condenados a fazer intermináveis quarentenas.
Não sabemos, especialmente os que vivem neste cantinho do Globo, quando sairemos deste pesadelo.
Mas é fácil perceber que sairemos do mesmo muito diferentes do seu início.
Nós e os que nos são próximos e sobreviveram ao tormento.
Famílias separadas, muitas vezes para a eternidade, pessoas isoladas por um vírus teimoso e políticas ainda mais teimosas que o bichinho.
O discurso politicamente correcto não alivia a mente, não limpa a alma.
Pode aliviar consciências de quem o profere, mas não passa disso.
A condenação à solidão, o exílio forçado, não ajuda as sociedades, não fortalece os laços de humanidade.
Desequilibra mentalmente os que a ela são condenados.
E vai turvando o raciocínio.
Pouco a pouco, sem que o sujeito se aperceba disso.
Estamos a espalhar as sementes que conduzirão a uma sociedade de pessoas ainda mais ensimesmadas, mentalmente instáveis e incapazes de um normal convívio social.
Uma sociedade embrutecida e incapaz de raciocinar.
Essa será a maior tragédia que resultará desta maldita pandemia.
E temo que já seja tarde para voltar atrás.

Comentários

  1. Talvez seja altura de começar a pensar numa transferência. Mas para onde?
    As regalias que possa ter em Macau não devem compensar a presente situação familiar e local.

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    1. Tenho de ter paciência, Catarina.
      Ainda não é o momento.
      A família sempre à frente de tudo o resto.

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    2. Por isso mesmo. A família em primeiro lugar... foi o que insinuei.

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    3. Ainda faltam uns anitos para a reforma, Catarina.
      E não vou abandonar o barco antes de chegar a bom porto.
      Até lá aguento a tormenta.

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    4. E uma reforma antecipada? Just kidding. Fiquei a pensar no que o Pedro me disse sobre a iminente compra de um imóvel num país europeu. A "poucos" quilómetros de Gaia, a família ficaria perto e com mais liberdade de movimento. Chega a uma certa altura em que o FaceTime não é suficiente. Eu sei por experiência . No meu caso tenho que "me dividir" entre dois países e uma província a quatro mIL quilómetros daqui. :) O " empty nest", por um lado é bom sinal, mas para nós é mesmo uma sensação de vazio

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    5. ... a tormenta vai passar e todos chegarão a bom porto.

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    6. Reforma antecipada não é possível, Catarina.
      Se fosse…
      Tenho de ser frio e cerebral.
      Elas merecem isso.

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  2. O objectivo é provavelmente esse: o de transformar a sociedade numa multudão acéfala.

    Nunca percebi e ingenuidade de quem acreditou ma melhoria da Humanidade através da pandemia...É não saber História : se assim fosse, nunca teria havido a II Guerra Mundial!

    Tudo de bom

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    1. Também nunca percebi, São.
      Melhorar?
      Mentalmente há um facilmente detectável muito maior desequilíbrio.

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  3. Hola Pedro, quizás la pandemia nos sirvio para aprender a usar la mascarilla para evitar contagios de otros virus tambien, pero fue triste ver personas morir sin despedirse de sus familiares o petsonas aisladas totalmente es inhumano.
    Un abrazo virtual!!

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    1. Conheci alguns nessa situação Gra.
      Até familiares.
      Un abrazo

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  4. A falta prolongada da liberdade natural a todo o ser humano, nunca pode dar bons frutos. É uma situação de desequilíbrio mental. Lamento que em Macau a estejam a viver sem intervalos.

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    1. Já quase três anos, bea.
      Uma teimosia absolutamente incompreensível.

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  5. Que medidas estapafúrdias, como tu dizes, «que tormenta». Inacreditável!
    A solidão, a privação de liberdade , não só desequilibra emocionalmente como mata.
    Calma Pedro. Beijo.



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    1. Ainda não saí daqui.
      Quem volta chega a demorar mais de doze horas(!!!) desde que sai do avião até entrar no hotel de quarentena.
      Para depois ficar encafuado num quarto de hotel sem poder sair, sem ver ou falar com ninguém.
      Beijo

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  6. Se à solidão já chamavam a 'doença' do século XXI antes de aparecer este vírus cada vez mais resistente a todas as formas de combate, depois dele e, sobretudo, aí em Macau, tudo piorou. Talvez a resistência e teimosia do povo, na recusa das vacinas, esteja na origem de tudo o que agora por aí se vive. Será, Pedro?
    Há que ter mesmo muita paciência e não tomar nenhuma decisão precipitada, por muita que seja a vontade de sair daí. Lá diz o povo e com razão. 'Não há mal que sempre dure..."

    Beijinhos e coragem!

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    1. Até nisso a insensatez é incrível, Janita.
      Na semana anterior tinham dito que estava disponível a quarta vacina.
      Na quinta-feira disseram que já não é precisa a prova de vacinação para entrar em Macau.
      Tive de limpar os ouvidos para ter a certeza que estava a ouvir bem.
      Beijinhos

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  7. Totalmente de acordo com o texto.
    Abraço

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  8. Concordo em absoluto e o remédio é ter paciência e não dar um passo maior que a perna e manter limpo de idiotices o "ninho familiar".
    Beijos e um bom dia

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  9. Eu estive dois anos confinada e sei o mal que isso me provocou. Ainda hoje sinto as mazelas dessa soidão, daí que compreenda o Pedro e a revolta que está a sentir.
    Resta-me dizer "haja esperança"
    Beijos

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    1. E aqui a irritação ainda é maior por ser provocada por notória teimosia.
      57 suicídios desde o início do ano não fazem os alarmes tocar???
      Beijos

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  10. Somos uns felizardos por vivermos num país liberto de peias obsessivas.
    Pobrete mas alegrete!

    Abraço

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    1. A liberdade não tem mesmo preço.
      Cada vez mais percebo isso.
      Abraço

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  11. Senti muito esse isolamento quando visitei Portugal. Todos se queixavam que practicamente ja nao conviviam com amigos. Encontrei muita gente deprimida, infeliz. so....as pessoas vao-se tornando mais egoistas tambem. Uma pena

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    1. Isolar quem já convivia com poucos é quase criminoso, Sami.
      E isso não foi o bichinho que fez.
      Foram os decisores políticos.

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  12. parece mentira Pedro, que as pessoas sofram de solidão num mundo tão cheio de humanos quando se lê que
    "Estima-se que a população global chegou a 7,9 bilhões em outubro de 2021"
    ou seja algo está surreal ...

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    1. Nunca a expressão sós no meio da multidão fez tanto sentido, Angela

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  13. Apesar de tudo, neste país desgovernado, temos liberdade e ultrapassamos isto, o que não quer dizer que com a chegada do outono venha outros vírus. Mas o maior vírus é o da solidão.
    Espero que essas mentalidade botica se desvaneça. Beijinhos

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  14. O anónimo sou eu, a Maria Araújo

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  15. Eu acho que a China, é o país mais bem informado do mundo sobre esta virose... e tantos receios... talvez sejam justificados... sem que o grande público o saiba... no resto do mundo, as pessoas partem do princípio que voltámos à normalidade. Ilusão!!!
    As taxas de mortalidade estão super altas em todas as faixas etárias e ninguém as sabe explicar... e daqui a uns anos... haverá paletes de gente com sequelas de contágios sucessivos...
    Só em ficção cientifica se controla um vírus novo em 2 ou 3 anos... que continua em permanente mutação...
    Aqui... tenho a perfeita consciência que a minha mãe, está num grupo de altíssimo risco... em cada saída a um espaço público... continuando eu a escolher lugares e horas, onde se evite aglomerados...
    Beijinhos
    Ana

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  16. É terrível realmente essa situação de isolamento e restrições de Macau. Vai quebrando interiormente as pessoas. A minha filha filha também já não sai daí à 3 anos e tem amigos que já estavam fartos da situação e decidiram voltar para Portugal. Não está nada fácil pois a falta de liberdade é terrível em todos os sentidos.
    Beijinhos

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