Cavaco Silva só para mim é indiferente?

Confesso que me surpreende a barulheira que tem dado a entrevista de Cavaco Silva.

Do ódio profundo de uns, ao saudosismo de outros, parece que só para mim a entrevista de Cavaco Silva foi perfeitamente indiferente.

Aníbal Cavaco Silva marcou uma época política em Portugal.

Goste-se ou não, essa é a realidade.

Os seus méritos e defeitos serão deixados ao julgamento de cada um.

Mas a sua presença num período alargado da vida política portuguesa é incontornável e incontestável.

Profundamente vaidoso, arrogante até (raramente tem dúvidas e se engana, não é?), Cavaco Silva não aceita que o seu tempo acabou.

E aproveita todas as oportunidades para se vangloriar e zurzir os seus adversários.

Dentro do PSD ou no PS.

Curiosamente só nestes.

Os do arco da governação.

Os restantes passam-lhe ao lado.

Fê-lo agora novamente.

Nada de novo, nada de diferente, nada de inesperado.

Por isso mesmo manifesto a minha estranheza com tanto alarido.

Quem não gostava de Aníbal Cavaco Silva vai continuar a não gostar.

E quem o idolatrava vai continuar a idolatrar.

Daqui a mais algum tempo, quando tiver oportunidade para isso, Aníbal Cavaco Silva vai fazer rigorosamente a mesma coisa que agora fez.

Talvez com outros nomes na agenda mas exactamente o mesmo discurso laudatório do seu legado e os mesmos ataques a quem não reconhece o seu brilhantismo.

Qual é a novidade afinal?