Os legalistas

 



Cresce um pouco por toda a parte uma nova praga jurídica de legalistas.
Outrora fiéis ao Rei, os legalistas dos tempos modernos são fiéis à lei.
Sim, com minúscula.
A lei positiva, escrita, na sua literalidade.
O legalista é um ser positivista, literal, acrítico.
Lê e aplica como lê.
Quando não gosta, ou não lhe serve, altera.
Altera muitas vezes ainda que muito pouco de cada vez.
O legalista é caninamente obediente.
Conhece o dever de obediência, e segue-o fielmente, desconhece o respeito.
O legalista recusa a interpretação.
Porque normalmente é pouco culto, pouco inteligente.
Mas é esperto.
Vive com a coluna e o pescoço dobrados, é bichinho da seda para sempre preso no seu casulo, sabendo-se incapaz de alguma vez ser borboleta.
O legalista impede a evolução da Lei, a criação de doutrina e jurisprudência.
Não sabe História mas finge acreditar nas estórias que lhe contam e lhe convém.
O legalista parece inofensivo mas é afinal muito perigoso.
Porque é salazarento (“para os meus amigos, tudo; para os meus inimigos, a lei”).
A evitar sempre que possível.

Comentários

  1. A lei devia ser igual para todos, mas infelizmente não é. As leis deviam ser feitas de tal forma que não permitissem interpretações diferentes por parte dos juízes.

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    1. Eu assusto-me com quem NÃO interpreta, Isa Sá.
      Se fosse só para ler não eram necessários juristas, bastava saber ler.

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  2. Se ser legalista é cumprir a lei, também sou legalista Pedro.
    O problema que eu vejo, está em quem cria a lei, o legislador portanto, esses é que põem completamente de parte o princípio do jusnaturalismo, esquecendo que o ideal de justiça se alcança com um direito fundamentado no bom senso, na equidade e no pragmatismo.
    Um abraço

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    1. Legalistas são os leitores da lei na aplicação e os alfaiates na criação.
      São um perigo, acredite.
      Até porque são cães sem dono.
      Servem quem transitoriamente dá jeito.
      Um abraço

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  3. Há uma passagem no texto que diz: « ... pouco inteligente. Mas é esperto.»
    Penso que ficaria melhor 'espertalhão'...
    O termo 'salazarento' é bem interessante...
    Gostei de o ler, Dr Coimbra. Beijinhos
    ~~~~

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    1. Chico-espertos, Majo.
      Aquela frase é atribuída a Salazar.
      E diz tudo acerca dele e dos da mesma laia.
      Beijinhos

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  4. São tudo isso e pior, são da espécie cobarde e sem escrúpulos nem consciência das criaturas que apenas obedecem a ordens e não as questionam!!

    Ouvi ontem uma dessas criaturas na televisão : um advogado que - e nisso mantém a coerência - defende assassinos ( e , presumo, pedófilos e violadores) porque a ele "não interessa se é culpado ou não , tenho é que o safar".

    E , convenhamos, as leis têm demasiados alçapões....

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    1. Esse advogado não se chamará Ricardo?
      Por isso mesmo é que não tinha feitio para a advocacia, São.
      Tem que se engolir cada sapo!!!
      Profissionalmente são os que dão mais gozo.
      Mas também mais azia.
      Não se diz alçapões que é politicamente incorrecto.
      Sao escapatórias, à maneira da Fórmula 1 :))

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    2. Ai, tem razão : agora o politicamente correcto ( e a semântica) estão muito presentes... :)

      Tenho um primo por afinidade que deixou de exercer advocacia por ser como o Pedro.

      Este é João Nabais e, sinceramente, não me merece um pingo de respeito de espécie nenhuma. Se o Ricardo que refere é o que suspeito, também não.

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  5. Ou seja: Filho, queres ter uma profissão digna e honrada? Não sejas legalista.

    Um dia feliz … boas festas natalícias

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  6. Gostei do texto.
    Essa espécie de gente repugna-me. E assusta-me o facto de reconhecer a sua existência em formato multiplicador.
    Abraço

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    1. Mais que os cogumelos, António
      Nascem por toda a parte.
      Um abraço

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    Felices Fiestas muchacho y que la vida te siga dando

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  8. Pedro, que bonito que seria que essa denominação coincidisse com a missão a cumprir. Abundam, vivem como reis, aplicando a lei como convém... que legal!
    Forte abraço e Boas Festas.

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  9. Legalistas são de fugir, Duarte
    Um abraço, Boas Festas

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  10. Da letra da lei... à essência da lei... vai um mundo de intervalo... infelizmente!
    Beijinhos
    Ana

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