Donald Trump até consegue alguns resultados práticos com as suas tresloucadas ameaças

Por muito que me custe reconhecer, Donald Trump conseguiu com as ameaças públicas ao regime norte-coreano obrigar a China a reagir.

Pequim, que Trump acusou de nada fazer para travar a loucura norte-coreana, sendo provavelmente o único país com capacidade para isso, tem-se mantido convenientemente à margem de um conflito que sempre pensou seria apenas verbal.

A mesma Pequim que até muito recentemente afirmava que as desavenças entre norte-coreanos e americanos tinham que ser resolvidas apenas neste quadro bilateral e através do diálogo, de negociações.

Quando, de um lado e de outro, se ouviram ameaças crescentes de ataques militares, Pequim viu-se obrigada a reagir.

Afinal os líderes norte-coreano e americano estão longe de ser pessoas fiáveis, não é?

E agora é a mesma Pequim, que se queria manter à margem da polémica, do conflito latente, que vem aconselhar calma e ponderação a dois líderes que de calmos e ponderados nada têm.

É público que Xi Jinping falou ao telefone com Donald Trump acerca do conflito na península coreana.

Terá feito o mesmo com Kim Jong-un?

É bom que tenha.

E é bom que lhe tenha dado um valente puxão de orelhas.

Porque Kim Jong –un só ouvirá e só obedecerá a Pequim.

Simplesmente porque sabe que sem Pequim não sobrevive.

No complicado xadrez político mundial Donald Trump fez uma jogada de mestre.

Consciente ou inconscientemente talvez nunca o venhamos a saber.

Mas com resultados práticos muito concretos - obrigar Pequim a vir a jogo.