Dicionário de termos e dizeres do Algarve (já com o nove acorde ortugráfique)
A
Abuscar – Buscar, procurar (Ex: ‘Us cãs abuscarem os coelhes no mê do mate’)
Acarditar – Acreditar. (ex: ‘Moce, até parace que n’acarditas em mim.’)
Acêfa – Ceifa (Ex: ‘Temes c’acêfar o milhe’)
Açotêa – Terraço usado para secar frutos secos e peixe.
Ademorar – demorar (Ex: ‘Ó Chique, pra quê tamanh’ademora?’)
Adés – Adeus (Ex: ‘Adés óme, pr’ónd’é que vás?’)
Ah mon – Ai mano, ai moço. (Ex: ‘Ah mon, tá tude bem?’)
Alagar tramôçes – Preparar tremoços (que consiste em mergulhar os tremoços durante alguns dias em água corrente da ribeira após a cozedura inicial)
Alcagoita – Aperitivo para descascar e acompanhar uma cerveja bem geladinha na taberna. O mesmo que minduim. (Ex: ‘Ti Tonho, traga umas alcagoitas prá gente quemer de companha c’as sarvejas’)
Aldêa – Aldeia (ex: ‘Adés óme, a modes que vens d’aldêa?’)
Alevantar – O acto de levantar com convicção. (Ex: ‘Alevantê-me e fui-me embora!’ ou ‘Alevanta-te Zé Manel!’)
Alimpar – Limpar (ex: ‘Ó Jaquim, atão na vás alimpar u carre?‘)
Almariade – mal disposto, tonto, enjoado, conforme o contexto. (Ex: ‘Ah. mon, moce, até parece que tou almariade’)
Alpendrada – o mesmo que alpendre.
Alumiar – Apontar uma luz em direção a algo. (Ex: ‘Ó Luís, alumeia-me aqui o caminhe’)
Alvariade – Alguém que anda com a “cabeça no ar” por causa de namoro. (Ex: ‘Maldeçoada da minha filha, c’anda alvariada per’cása daquele maldeçoade’)
Amandar – O acto de atirar com força: (‘O guarda-redes amandou a bola pra lá de Cacilhas’)
Amantizade – Alguém que vive maritalmente com outra pessoa sem contudo ter casado para o efeito. União de facto. (Ex: ‘A Maria e o Manel vivem amantizades’)
Amarinhar – Ir para o mar tripular navios (Ex: ‘U mé filhe anda amarinhade’)
Amigáde – Semelhante a Amantizade.
Amódes – De maneira que… (Ex: ‘Amódes q’iste é assim’ – Ver também ‘De modes’)
Andande – Andando. (Ex: ‘Cagande e andande’)
Andémes – Andámos (Ex: ‘- Ondé c’anderem moces? – Andémes na debulha.’)
Andérem – Andaram (Ex: ‘-Ondé c’andeste? -Andi pur aí.’)
Andarem – O mesmo que Andérem.
Apertelência – Ousadia (Ex: ‘Tem munta apertetência, aquele Tonhe Jaquim.’)
Arrear – Deixar caír, desistir, bater, embater, esmurrar. (Ex: ‘Vou-t’arrear umas purradas!’)
Arrelampag – Efeito luminoso que ocrre normalmente durante as tempestades. (Ex: ‘Moce, tira-te daí c’ainda levas com um arrelampag!’)
Arram – Rã (Ex: ‘Fui à rebêra e vi uma arram’)
Arreata – Lábia, ousadia (Ex: ‘Tem uma arreata, aquele Ventura…’)
Arrenca-pinhêres – Homem muito baixo e muito magro.
Arrencar – Arrancar (Ex: ‘Brune, já arrencast’us pregues?’)
Arrioça – Baloiço (Ex: ‘Jorge toma cuidade pra na caíres d’arrioça.’)
Aspergic – Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.
Assebiar – Assobiar (ex: ‘U Nune assebia munte bem’)
Assebida – Parte de uma estrada ou caminho com uma inclinação ascendente acentuada (Ex: ‘Danada daquela assebida, aquile é que custa a assebir!’)
Assentar – O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento. (Ex: ‘Atã na ‘tassentas Jaquim?’)
Atão – Então (Ex: ‘Atão Mari-Tereza, na t’espachas?’)
Auga – Água (Ex: ‘Na bebas áuga antes de dermir Zé Manel, que mijas na cama’)
Avó – Avô (no masculino) (Ex: ‘O mê avó tem muntas farrobas’)
Avó – Avó (no feminino) (Ex: ‘A minha avó tá’amassar o pão’)
B
Baldear – Enlouquecer (Ex: ‘Agora é que cumadre Silvina baldeou de vez…’)
Bassôra – Também com a vertente ‘vassoira’. Utensílio doméstico para recolha de lixo, habitualmente com a ajuda da ‘apá’.
Belancia – Melancia (Ex: ‘Agora come-se a belancia’);
Barimbar – Indiferença, não querer saber (ex. ‘Tou-m’a barimbar pra isse’)
Barreca – Barraca (Ex.: ‘Prontes, já tá a barreca armada’.)
Batenêra – Máquina que serve pra fazer betão, cimento armado. (Ex: ‘Moss, liga a batenêra’)
Bele – Belo (Ex: ‘Cumadre, que beles trabalhes de renda’)
Benite – Bonito
Berculose – Tuberculose (Ex: ‘O pobre do Asdrubal tá com berculose’)
Berracha – Bebedeira (Ex: ‘À maldeçuade! Na’m’apareças aqui cuma berracha comá d’ótra vez’)
Béqme – Bem que me… (Ex: ‘Béqme parecia crer… É sabia!’)
Besaranha – Vento desagradável (Ex: ‘Andava cavande mas o raie da besaranha na me largava da mão’)
Bicha – Cobra, víbora
Borra-botas – Profissional de fraca qualidade cujo trabalho é deficiente
Bradár – Gritar (Ex: ‘Ó Flipe, tu na m’ouves é bradar per ti?’);
Bucha – Almoço, merenda ou lanche (Ex: ‘Iste já tá na hora da bucha’)
Buftada – Chapada (Ex: ‘Ah maldeçoade dum ladrão… Tás aqui, tás a levar uma buftada.’)
C
Cabele – Cabelo
C’anda – Que anda (Ex: ‘O Tonhe é c’anda com a enxada’)
Calêra – Camalhão usado para abrir regos (rede de canais na terra) usados da rega artesanal introduzida pelos árabes a península ibérica.
Cagade – sujo com qualquer substância; falhado; sortudo – conforme o contexto (Ex: ‘Tonhe, tás tode cagade’)
Cagalôse/a – Pessoa sensível, medrosa. (Ex: ‘Ó Chique, hoje tás tode cagalôse!’)
Cagorre – Susto (ex: ‘Aquele maldeçoade do Zé da Silva, amandou-me um cagorre c’até vi luzes’)
Caguifa – Medo. (Ex: ‘De nôte tenh’uma cacuifa, mas de dia na tenhe’)
Caminéte – Autocarro (Ex: ‘Ontre-dias atrazê-me e perdi a caminéte’)
Caminhe – Caminho, caminhar. (Ex: ‘É caminhe no caminhe’)
Campe – Campo
Cantarinha – O mesmo que cântaro. (Ex: Fui ó pôce e dexê caír a cantarinha’)
Capacha – Tapete. (ex: ‘Tenhe as capachas du carre todas nejentas’)
Capache – O mesmo que capacha, abanico para avivar o lume. (ex: ‘Carles, da dêxes o fogue s’apagar! Abana isse c’u capache’)
Capom – Porta que tapa o motor do automóvel que quando se fecha faz POM!
Catatumbas – Sitio para onde se vai depois de morto. (Ex: ‘É cá nã quer’ir pr’uma catatumba, quer’ir pró chão’)
Cáxa – Caixa (Ex: ‘Moce, na dás uma prá cáxa…’)
Cemente – Tradução algarvia para cimento;
Cesterna – Cisterna (depósito subterrâneo para recolha de águas pluviais e posterior consumo humano)
Cirque – Circo (Ex: ‘Vames andande pra mod’ir pó cirque.’)
Capetania – Capitania
Córas-som? – Perguntar as horas (Que horas são? – Ex: ‘Ah mon, córas-som iste?’)
Comá-gente – Como nós (ex: ‘Fomes ó Alenteje e vimes unz’omes a beber sarveja lá comá-gente’)
Comé-quié? – Como é que é? (Ex: ‘Ó Chique, comé-quié?’)
Companha – Companhia (Ex: ‘Cumadre, faça-me companha aqui na renda’)
Cromade – Opção que se exerce em vida pra quando se morre. (Ex: ‘É’cande morrer, quêre ser cromade’)
Cucharro – Colher grande feita a partir de cortiça para beber água. (Ex: ‘Fui à fonte e bebi água com o cucharro’)
Debulha – Separar a palha dos grãos de cereal (ex: ‘Moces, andem todes daí e vames debulhar o trigue’)
D
Demódes – De maneira que… (Ex: ‘Demódes qu’iste é assim’ – Ver também ‘Amodes’)
Desbrugar – Descascar favas ou ervilhas. (Ex: ‘Ó filha, desbruga-me aí umas ervilhinhas’)
Desbugalhades – Usado para referir uma pessoa com os olhos bem abertos. (Ex: ‘A Silvina apareceu aqui ontre-dias com us olhes desbugalhades’)
Descabide – Iname, sem jeito. (Ex: ‘Aquele Tonhe anda même descabide’)
Desfolhada – Tirar as folhas à maçaroca de milho.
Desgroviade – O mesmo que desnorteado. Homem desorientado. (ex: ‘Aquele Marceline é même desgroveade.’)
Deslargar – Ato de lagar o que tinha sido largado. (Ex: ‘Ah mon… Moce! Deslarga-me da mão!’)
Desmazia – O dinheiro remanescente que se recebe depois de se pagar uma compra. (Ex: ‘Aqui tem a sua desmazia Ti Maria.’)
Despôs – Depois (ex: ‘É fui ó mar, despôs vim’embora.’)
Destrocar – Trocar uma nota de dinheiro de alto valor para ficarmos com notas mais pequenas. (Ex: ‘Ó ti-Tonho, destroque aqui esta nota, faz-afor.’)
Dexê – Deixei (Ex: ‘Na sê ond’é que dexê u raie das chaves’)
Diéb – Diabo. Muito usado para monstrar indignação perante alguém. (Ex: ‘Té dieb, nam’apoquentes, maldeçoade!’)
Disvorciada – Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.
E
É – Eu (Ex: ‘É na sê quem foi, más iste chêra-ma’esturre’.)
Empachade – Pessoal que leva muito tempo para se despachar. Pode referir-se também a alguém que sofre de obstrução intestinal. (Ex: ‘Ó Albertine, até parece que tás empachade, moce…’)
Empanzinar – Comer em demasia até abarrotar. (Ex: ‘Na te digue nada Zé, hoje quemi em desmazia. Tou même empazinade…’)
Empulheta – Pequena caixa à saida de um tanque por onde sai a água. (Ex: ‘Tenhe que destapar a empulheta pra mod’ir regar a horta.’)
Encalipe – Eucalipto (ex: ‘-Ondé que forem o João e a Maria? -É cude que forem pós encalipes’)
Enfusa – Bilha (ex: ‘Miga, dá-m’aí a enfusa da água.’)
Entropeçar – Tropeçar duas vezes seguidas. (ou só uma mesmo! Ex: ‘Cuidade Zé, que já entropeçastes’)
Êrade da cesterna – Zona delimitada à volta da cisterna, com inclinação constante, para recolher a água da chuva.
Êres – Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses, nomeadamente a sul do rio Sado.
Escampar – Parar de chover. (Ex: ‘Vezinha, na s’importa qu’é fique aqui pa m’abrigar da chuva até escampar?’)
Esgarrões – Chuvas muito intensas e fortes.
Estrafega – Tarefa intensa e contínua para tentar acabar um qualquer trabalho com uma data limite apertada. (ex: ‘Fui cavar batatas e aquile é que foi uma estrafega…’)
Esturre – Estado do que fica muito seco e quase queimado. (Ex: ‘Iste chêra-ma’esturre.’)
F
Falastes (dissestes…) – Articulação na 4ª pessoa do singular. (Ex.: ‘é falê, tu falaste, ele falou, TU FALASTES…’)
Farroba – Alfarroba (Ex: ‘Maldeçoades dos pórques que já me forem às farrobas’)
Faz-avôr – Se faz favôr, por favôr. (Ex: ‘Cumadre, dêm’aí o guidal, faz’avôr’)
Fêjão carite – Feijão frade (Ex: ‘Goste munte duma saladinha com fêjão carite’)
Feniscadinho – Homem muito magro (ex: ‘Pálino, andas même feniscadinhe’)
Franquelim – Homem fraco (ex: ‘Esse dieb é um franquelim qualquer c’anda pr’aí’)
Fezes – Canseiras, preocupações. (Ex: ‘Ah mon, tenhe andade c’umas fezes pur cása do vizinhe…’)
Fraturação – O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial. (ex: ‘Cása que n’a fratura, na predura.’)
Frent – Frente (Ex: ‘Maldeçoade, tira-te já da minha frent, qu’é na te posse ver!’)
G
Galegue – Pessoa do norte. (ex: ‘Aquel’óme c’apareceu pr’aqui ontem deve ser galegue.’)
Griséu – Ervilha.
Guidal – Alguidar (Ex: ‘Cumadre, dêm’aí o guidal, faz-avôr’)
Gurnir – Grunhir (Ex: ‘Us pórques levem a nôte toda a gurnir’)
H
Há-des – Verbo ‘haver’ na 2ª pessoa do singular: (e: ‘É hei-de cá vir um dia; tu há-des cá vir um dia…’)
I
I-di – E daí (Ex: ‘O Carles assebiu, i-di caiu.’)
Impertante – Importante. (Ex: ‘Iste é um assunte munt’impertante’)
Inclusiver – Forma de expressar que percebemos de um assunto, ou não percebemos de todo! (Também existe a variante ‘Inclusivel’ – Ex: ‘E digue ainda más: É inclusivel ache este assunte munte empertante.’)
J
Jsbugalhar – Abrir bastante os olhos (Ex: ‘U qué que foi Zablinha? Tás tã jbugalhada!’)
Jête (ou apenas ‘jêt’) – Jeito (Ex: ‘Ah mon, moce, atã má que jête?’)
L
Lambarêre – Pessoa que não consegue guardar um segredo. (Ex: ‘A Améla é uma lambarêra’)
Ladêra – Descida acentuada (Ex: ‘Filha, tem cuidade a descer a ladêra pra na caíres’)
Lagues – Lagos
Lariar a pevide – Passear sem permissão para tal, vadiar (Êx: ‘O Manel anda a lariar a pevide’)
Larada – Algo provável de se encontrar nas fraldas dos bebés. (ex: ‘Ah mon, a Beatriz chêra tã mal c’até parece que tem uma larada nas fraldas’)
Laruêre – Pessoa que anda sempre a laruar, ou seja, na boa vida, sem prestar contas a ninguém. Semelhante a lariar. (Ex: ‘Aquele Tonhe Jaquim e´um laruêre’)
Legues – Lagos
Lêra – forma de talhar a terra para o cultivo. (Ex: ‘Chique, vai cavar a lêra das couves.’)
Liquidazinha – O mes moque “nitidazinha”. Diz-se que a ‘omaja tá munte liquidazinha’ quando pretendemos indicar que a televisão tem uma imagem muito bem definida. (Ex: ‘Ó vezinha, a sua tlevezão tem uma omaja munte liquidazinha’)
Lógues – Lagos
Luzescús – Pirilampos (Ex: ‘Esta nôte tá tude chê de luzescús’)
M
Macheia – Uma mão cheia. (Atualmente usa-se muito o termo “bué” Ex: ‘Jaquim, hoje vi uma macheia de combois a passar.’)
Madronhe – Aguardente de medronho (Ex: ‘Este madronhe é même du bom’)
Magane – Vendedor ambulante comparável a um cigano (Ex: ‘Aquele magane das camisas é um maldeçoade!’)
Magala – Idêntico a magano.
Maline – Maligno, mau, teimoso (Ex: ‘U Humberte é même maline’)
Má que jête? – Mas que de jeito? Expressão muito popular utilizada para mostrar indignação num diálogo perante um tema ou assunto relativamente insólito. (ex: ‘Manel, atã tu na vás danças com a Jaquelina? -Eu? Má que jête?’)
Maldeçoade – Almaldiçoado (Ex: ‘Ah moce maldeçoade, tira-te já daqui, pra qu’é na te veja na minha frente!’)
Marafade – Irritado, zangado, teimoso ou com garra. No Sotavento algarvio diz-se marfadu (Ex: ‘Ha moce marafade!’)
Marcade – Mercado (Ex: ‘Ontem foi o marcade d’Odeáxere’)
Marcar – Comprar, vender, negociar, conforme o contexto.
Más – Mais (Ex: ‘É na sê quem foi, más iste chêra-ma’esturre’.)
Mate – Mato (Ex: ‘Us cãs abuscarem os coelhes no mê do mate’.)
Matrafona – Mulher feia e gorda. Boneca de trapos. (Ex: ‘A filha do Alberte tá fêta matrafona’)
Mázi – Mas e (ex: ‘Ó ti Manel, mázi comé c’avera de ser isse?’)
Mé – Meu (Ex: ‘Que jête u mé cão ter pulgas?’)
Meceia – Vossemecê (Ex: ‘Cumadre, agora na posse falar co’meceia, porque tenhe que tender o pão’)
Mechas – Expressão usada para demonstrar aborrecimento (eufemismo de ‘merda’) (Ex: ‘Mechas que já dexê cair os oves’)
Melanças – Melancias (geralmente usado apenas no plural. Ex: ‘Cumprade, na tem aí adube prás melanças?’)
Miga – Amigo ou amiga em ato muito familiar (ex: ‘Miga, passa-mu pão.’)
Minduim – Aperitivo para descascar e acompanhar uma cerveja bem geladinha na taberna. O mesmo que alcagoita.
Moss – Moço (Ex.: ‘Moss, deslarga-me da mão’)
N
Na dou fête – Não consigo fazer. Diz-se quando não se consegue fazer algo ou desempenhar determinada tarefa. (Ex: ‘Moce, é na dou fête isse!’)
Nha – Assim como Mon, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? (Ex: ‘A ‘nha mãe é que sabe, n’é a tua!’)
Númaro (Também com a vertente ‘númbaro’) – Número. (Ex: ‘Ah mon, qual é o númaro do té tlefone?’)
O
Omaja – Tradução algarvia para Imagem. (Ex: ‘Ó Chique, percebes de tlevesons? A minha na dá omaja…’)
Óme – Homem (Ex: ‘Adés óme, pr’ónd’é que vás?’)
Ontre-dias – Há pouco tempo (Ex: ‘Ontre-dias, passou por aqui o Zeferine’)
Óves – Ovos (Ex: ‘Carles, tã na foste bescar us óves u galenhêre?’)
P
Pciclete – Veículo de duas rodas sem motor (Pode também referir-se aos com motor. Ex: ‘Maldeçoades, ondé que meterem a minha pciclete?’)
Pêche – Peixe (Ex: ‘Hoje fui à praça, ma ná’via pêche’)
Parteleira – Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.
Patiar – Pisar, patinhar, geralmente onde não se deve. (Ex: ‘Sai daí Jaquim, tu na vêz que tás-ma patiar u chã tode?’)
Patochadas – Tolices (ex: ‘Aqueles plitiques só dizem patochadas’)
Perssunal – O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. (Ex.: ‘Sou perssunal de futebol’ – Dica: deve ser articulada de forma rápida.)
Pial – Banco de taipa (construção de barro e pedras) encostado à parede da entrada das casas onde as pessoas se sentavam a conversar ao fim da tarde. (Ex: ‘Compadre assente-se aí no pial’)
Pitaxio – Aperitivo da classe do ‘mindoím’.
Pitróle – Petróleo (ex: ‘Hoje na tenhe dinhêre nem pó pitróle’)
Pliça – Polícia (ex: ‘Per cása daquele maldeçoade, tive que chamar a pliça’)
Plitique – Político (ex: ‘Aqueles plitiques só dizem patochadas’)
Pôce – Poço (Ex: ‘Brune, tira-te daí c’ainda cais no pôce!’)
Pôrre – Uma queda (Ou caír um…) Caír uma queda. (Ex: ‘Caí um pôrre no chão e fiz sãingue’)
Precura – Ato de perguntar (Ex: ‘Deixa-me fazer-te uma precura…’)
Pregue – Prego (Ex: ‘Vítor, dá-m’aí u pregue’)
Prenha – Mulher grávida (Ex: ‘A maria anda prenha’)
Prontes – Pronto (Ex.: ‘Prontes, já tá a barreca armada’.)
Percása – Por causa (Ex: ‘Ah, mon, atã na vês quiste caiu percása daquile?’)
Q
Quáje – Semelhante à palavra muito apreciada pelos nossos pseudo-intelectuais “quaise”. (Ex: ‘Ontem, fui atravessar a estrada, e quáje qu’era atropelade pr’um carre’.)
Quebra-jum – Pequeno almoço (Ex: ‘Filhe, antes de t’ires embora, na te esqueças do quebra-jum’)
Que jête? – De que jeito? O mesmo que ‘Má que jête?’
Quemer – Comer (Ex: ‘É vou quemer, laranjas e bananas’)
R
Renda – O mesmo que crochê (ex: ‘Cumadre, que beles trabalhes de renda’)
Rengalhes – Pequenos pedaços das bifanas que se separam da parte principal das mesmas ainda dentro da frigideira, ganhando sabor extra após as consecutivas frituras. (ex: ‘Tonhe, nas queres quemer umas bifanas de rengalhes em companha dumas mines pretas ali na praça?’)
S
Sarveja – Cerveja (Ex: ‘Já tá o Tonhe Jaquim enfrascade na sarveja’)
Sãingue – Sangue (Ex: ‘Caí um pôrre no chão e fiz sãingue’)
Sequinhe/a – Pessoa magra de fraca aparência, lingrinhas. (Ex: ‘O Manel anda même sequinhe’)
Stander – Local de venda com especial destaque para o ’stander de carres’. (Ex: ‘Quere comprar um carre nove, mas ainda na fui ó stander’.)
T
Tãinque – Tanque (Ex: ‘Us moces maldeçoades forem ôtra véz tomar banhe pó tãinque’)
Talego – Saco de tecido de fecho com cordão de correr pela boca que se usava para transportar o farnel ou para guardar o pão na cozinha. Também pode designar as mangas de tecido que são enchidas para produzir farinheiras algarvias (de Monchique). Por vezes as próprias farinheiras são chamadas de talegos.
Té – Teu (Ex: ‘U té pai teve aqui ontre-dias’)
Té-diéb – Muito semelhante a Diébe. Muito usado para monstrar indignação perante alguém. (Ex: ‘Té dieb, nam’apoquentes, moce!’)
Tem avonde – Já chega. Diz-se que ‘tem avonde’ quando se quer dizer que uma medida qualquer já é suficiente. (Ex: ‘Jaquim, já tem avonde de sarveja!’)
Teste – tampa de panela.
Tendal – Lençol onde se coloca o pão a descansar antes de ir para o forno.
Tender – Estender a massa do pão andes da cozedura no forno. (Ex: ‘Cumadre, agora na posse falar co’meceia, porque tenhe que tender o pão’)
Tiosque – Quiosque. Hoje em vias de extinção, era outrora o local onde se podiam comprar jornais, revistas, pitaxios, etc.
Tipe – Juntamente com o ‘É assim’, faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. (Ex: ‘É assim… Tipe, táza ver?’)
Tlevezão – Tradução algarvia para televisão (Ex: ‘Caluda, c’u primêre menistre vai falar na tlevezão’)
Tonhe – António (ex: ‘U Tonhe já anda metide no madronhe outra vez’)
Tosquia – Ato de cortar o cabelo. Ex: ‘O chique foi à tosquia’)
Tôca do forne – Esfregona feita com trapos velhos com que se limpam os fornos de lenha antes cozer o pão.
Tramôces – Tremoços (Ex: ‘Ti-Tonhe, dê-m’aí uns tramôces pra companha da sarveja’)
Trinca-espinhas – Pessoa magra de fraca aparência, lingrinhas. Pior que ‘Sequinhe’. (Ex: ‘O Afonse foi sempre um trinca-espinhas’)
Treuze – Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.
Tu-nouves? – Tu não ouves? (Ex: ‘Ó Meguel, atã tu-nouves é’chamar per ti?’)
U
U – O (Ex: ‘U presidente vem cá despôs d’amanhã’)
V
Vossemeceia – O mesmo que Meceia, vossemecê (Ex: ‘Compadre, vocemesseia na tem adube pás melanças?’)
Z
Zorra – Raposa ou mulher elegante mas matreira. (Ex: ‘A Mari-Luísa é cum’uma zorra’)
BOA SEMANA!
Eu até sou capaz de dar um jêto nessa pronúncia.
ResponderEliminar😠😠
Uma prenda de uma amiga, marafada como ela diz, algarvia, Catarina.
EliminarGente boa.
Boa semana
Entre muitos outros, ri-me com o Divorciada !
ResponderEliminarObrigado à amiga e ao Pedro Coimbra.
Feliz semana.
A Rita (ela não se importa que eu aqui a mencione) é um tratado, João Menéres.
EliminarÉ difícil estar mal disposto ao pé dela.
Aquele abraço, boa semana
Eu gosto é do "adés" e da "auga"
ResponderEliminar:) :)
Um dicionário completíssimo que me foi dado a conhecer por uma ilustre algarvia, mz :))
EliminarBoa semana
Ahahaha...Muito bom! Diria que é um dcionaire de algarvíe com prenúinça e tude!
ResponderEliminarTudinhe, luisa.
EliminarDemódes que ê sabia que vossemecia ia gostar :)))
bom dia
ResponderEliminartendo em conta o " Mirandês " a lingua Portuguesa é mesmo complicada !!!
JAFR
Se formos pensar em todas as variações da Língua Portuguesa (por aqui o Patuá, por exemplo), tem tanto de rica como de complicada efectivamente, Joaquim Rosa.
EliminarBoa semana
Realmente, o POrtuguês é uma Língua riquissima , que não cabe em Acordos...
ResponderEliminarBoa semana , rrsssss
Era bom que quem defende esses disparates acordasse, São.
EliminarMas está complicado.
Boa semana
Caro Amigo Pedro Coimbra.
ResponderEliminarFico fascinado com as variações da nossa amada Língua Portuguesa.
Caloroso abraço. Saudações lusófilas.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Fala típica do Algarve, Amigo João Paulo de Oliveira.
EliminarAquele abraço, boa semana
E eu que acabei de vir do Algarve! Bem que me tinha dado jeito este dicionário, eheheh!!!
ResponderEliminarBoa semana!
A ajuda que este dicionário tinha dado, Elisabete!!
EliminarComo é que se safou sem o dicionário? :)))
Boa semana
ahahah... Excelente dicionário, Pedro !
ResponderEliminare já que está aqui o nosso amigo Professor, uma boa oportunidade para ele apreciar mais estas variações !
Por isso se dizia Reino de Portugal e dos Algarves ! eheheh... é que não é bem a mesma coisa, assim como o Porto é outro caso aparte e ainda mais o Brasil em geral e as suas regiões em particular ! rsrsrs
Quantos dicionários seriam precisos ?... Como será possível "unificar" uma maneira de falar e nos entendermos à primeira ?! ... eheheh
Abraço :)
A nossa Língua tem múltiplas variações, inúmeras matizes, Rui.
EliminarE há quem teime em unificá-la...
Aquele abraço, boa semana
Esta é uma das maiores riquezas do nosso pequeno, mas diversificado Portugal. As diferentes pronuncias e «linguarejares» de cada região, que nenhum acordo nos pode tirar!
ResponderEliminarAdorei! :))
Beijinhos.
Era curioso recolher todos esses linguarejares, Janita.
EliminarBem mais interessante que querer unificar a Língua por decreto.
Beijinhos
Grande lista! Vou ter que guardar porque é muita informação e até me pode fazer falta :))
ResponderEliminarBjs
Informação preciosa, papoila :)))
EliminarBjs, boa semana
Muito completo! :) acho que a algumas conseguia chegar lá sem o dicionário :)
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
O que a gente aprende todos os dias, Gábi :)))
EliminarBeijinhos, boa semana
Aprender nunca é demais!
ResponderEliminarabraço.
A aprendizagem é mesmo um processo contínuo, Sara com Cafe.
EliminarAté mesmo para estes disparates :)))
Abraço
Uma "macheia de "alcagoitas " "faz avôr" enquanto me fico por aqui a aprender alguns vocábulos que vão fazer sucesso aqui a oeste :) :)
ResponderEliminarBeijos Pedro
Uns tremôces com este calor também iam bem, Manu :))
EliminarBeijos
:)))) ... Vi em tempos este letreiro :
ResponderEliminarvendese entremoces e minuins com serveija jelada
Bom apetite, Pedro ! :)
O "e" e o "com" até destoam, Rui :)))
EliminarOlha q'isto! E a Madeira, os Açores, os Alentejos, os Nazarenos, os ...
ResponderEliminarAbraço.
A riqueza da Língua Portuguesa, nas suas múltiplas variações, é infinita, Agostinho.
EliminarAquele abraço
Gostei de:
ResponderEliminarAh mon – Ai mano, ai moço. (Ex: ‘Ah mon, tá tude bem?’)
Beijinho Pedro!
Beijinhos, tulipa.
EliminarSuper erudito...
ResponderEliminarA verdade é que esta linguagem regional, melhorou muito com o aparecimento da TV...
Antes dela eram anedotas pegadas...
Beijinho
~~~~
Mas espero bem que esta linguagem regional, os dialectos, não se percam e se harmonizem, Majo.
EliminarEra perder uma grande riqueza linguística.
Beijinhos