Muros que se erguem numa Europa que se quer livre de fronteiras
O artigo 45º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, complementado com legislação secundária e a jurisprudência do Tribunal de Justiça, estabelece a liberdade de circulação de pessoas dentro do espaço da União.
Se lhe adicionarmos o Acordo Shengen ficaremos perante uma Europa virtualmente livre de fronteiras.
Era este o sonho dos pais fundadores.
Um sonho, que deveria ser um dos pilares fundamentais da União Europeia, obviamente tendo como destinatários os cidadãos europeus, mas que deve ser sempre entendido no quadro de uma política de inclusão e de liberdade de circulação, que tem vindo progressivamente a ser atacado nas suas raízes mais profundas, especialmente em reacção em tudo epidérmica, primária, à vaga de refugiados que procura acolhimento na Europa.
A lei recentemente aprovada pelo Parlamento austríaco, que prevê a hipótese de bloquear os que procuram asilo no país à chegada à fronteira, se for decretado entretanto apressadamente (em menos de uma hora!!) o estado de emergência por esse mesmo Parlamento, é disso um bom exemplo.
O Parlamento austríaco decreta a existência de uma ameaça à segurança e ordem pública e as fronteiras do país são imediatamente fechadas a todos os requerentes de asilo sendo estes prontamente recambiados para os locais de origem.
Esta é a fronteira virtual, psicológica.
À qual acresce a fronteira legal e física.
Fronteira física que poderá ficar ainda mais claramente delimitada, especialmente na ligação com a Itália na região dos Alpes, com a construção de um muro (mais um muro que se constrói depois de tantos terem sido derrubados) no lado austríaco.
Este processo, que já não é novo, que não é de agora, que apela à colaboração dos países na região dos Balcãs, terá sofrido um novo impulso com a vitória eleitoral de Norbert Hofer e do Partido da Liberdade na Áustria.
Mais um partido de extrema direita que vê o seu peso eleitoral crescer no espaço da União Europeia, mais um partido que vê a sua mensagem xenófoba, de endurecimento da política de asilo, de acolhimento, de inclusão de refugiados, ser vitoriosa no espaço europeu.
Este não era o sonho dos pais fundadores, este seria certamente o pesadelo desses pais fundadores.
Apetece juntar a voz a David Gilmour e cantar - Bring Down the Wall!!
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ResponderEliminarJoão José Horta Nobre,
EliminarEstava capaz de comentar que você desabafou aqui no blogue.
Mesmo não concordando com muitas das sua opiniões, respeito-as.
Porque é essa a minha maneira de ser, a minha forma de estar na vida.
Comente sempre que quiser e o que quiser.
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EliminarCaro João José Horta Nobre,
EliminarAinda que possa discordar de algumas das suas ideias, o que é normal e natural, nunca lhe iria chamar fascista.
Isso é recorrer ao insulto e é algo que não faço nem nunca farei.
Posso dizer que fui obrigado a recorrer à moderação de comentários por causa de episódios que envolveram insultos a pessoas que aqui comentam no blogue.
Isso não tolero.
Acerca da questão em debate, permita-me que, a si e ao FireHead, lhes peça que leiam o comentário da São.
Eu não poderia escrever melhor o que penso e sinto.
Se calhar os alegados refugiados muçulmanos não foram xenófobos quando abusaram sexualmente de crianças austríacas nas piscinas públicas. Se eu fosse o pai duma destas vítimas também votaria na extrema-direita do mesmo modo que lhe fizessem mal às suas filhas também não ficaria quieto.
ResponderEliminarA União Europeia falhou. É um facto.
Os ideais da União Europeia, dos chamados pais fundadores, estão em perigo, FireHead.
EliminarMas eu ainda acredito que tenham validade.
Precisam de ser aplicados, precisam de ser servidos por grandes estadistas, mas são parte da nossa civilização.
Uma civilização da qual tenho muito orgulho de fazer parte.
Uma civilização que acha aberrante tudo o que seja atentado às liberdades e tudo o que seja violência gratuita.
Não ando desatento ao que os radicais muçulmanos fazem, FireHead.
E não tenho problemas, nem estou com rodeios, ao dizer que odeio essa tralha humana e tudo o que representa.
Mas, e agora vou ser politicamente correcto, porque é nisso que acredito, os muçulmanos, como os cristãos, como os hindus, os judeus, não podem ser todos metidos no mesmo saco.
Há gente que não passa de um perfeito escarro humano em todas as religiões, FireHead.
E isso também é um facto.
Concordo com tudo que dizes. Inquietante e a UE nunca soube como lidar com tamanha catástrofe humana, porque resumiram-se às suas quintinhas e cada um a remando em prol do seu bem estar.
EliminarTambém subscrevo, porque penso o mesmo, estas tuas palavras como resposta ao Fire...porque em tudo há gente boa e gente má.
Beijocas e um bom dia
De acordo. Mas com a tralha doméstica ocupam-se os seus próprios países. Não precisam de importar lixo. Se há algo de bom na crise dos refugiados e também na imigração maciça e terceiro-mundista de gente que não se integra nem se adapta às regras de jogo do Ocidente é o facto do nacionalismo estar a crescer. Isto é simplesmente uma resposta.
EliminarFatyly,
EliminarA UE não estava minimamente preparada para fazer face a esta catástrofe.
E ainda não conseguiu uma resposta conjunta a semelhante crise.
Nesse aspecto o nosso amigo FireHead tem razão - a UE, a entidade sonhada e ainda não realizada, está a falhar redondamente.
Beijocas, um bom dia aí para Portugal
FireHead,
Eu não tenho nada contra o orgulho nacional.
Pelo contrário, sou totalmente favorável ao mesmo e só é pena que se veja tão pouco.
Já os nacionalismos, o orgulhosamente sós e outros slogans semelhantes, dispenso e acho perfeitamente idiotas.
Muitos destes slogans como o "orgulhosamente sós" foram inventados. Impossível Portugal sentir-se orgulhosamente sós quando ia do Minho até Timor...
EliminarFatyly,
EliminarPodíamos falar de proporções e das minorias que são "gente má". Costumas ver muitos cristãos, budistas ou judeus a cometerem atrocidades por aí comparando com a minoria islâmica? É que uma minoria dos mais de mil milhões de muçulmanos no mundo ainda são umas boas dezenas de milhões... Convenhamos que é uma minoria bastante significativa e motivo suficiente para que os países europeus não a queira ter dentro das suas fronteiras.
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EliminarExtrema direita é um label, João José Horta Nobre.
EliminarQue eu, que não sou de esquerda, também utilizo.
Sem qualquer intuito depreciativo.
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EliminarEsse label é utilizado para caracterizar, no quadro político-partidário português partidos e ideologias que se situam à direita do CDS, caro João José Horta Nobre.
EliminarO que é que você entende por extrema-esquerda??
No que se refere ao sonho dos pais fundadores da União Europeia, tenho que puxar dos meus galões - o meu mestrado foi feito exactamente nessa área, nessa matéria.
EliminarTive que estudar e pesquisar muito, não serei destituído de ideias a esse respeito...
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EliminarEsta questão dos refugiados é complexa.
ResponderEliminarNão nego que à mistura não venham terroristas, mas não são muros nem comportamentos racistas a resolver a questão.
Penso que a UE pode - e deve! - tomar certas atitudes: por exemplo, seguir a Noruega na decisão de não permitir o financiamento da construção de mesquitas pela Arábia Saudita enquanto esta não autorizar a construção de igrejas no seu território.
Outra coisa que nunca entendi foi permitir-se a diversos clérigos muçulmanos um discurso de ódio e violência contra o Ocidente em mesquitas situadas na Inglaterra: deveriam ser expulsos para os respectivos países , mesmo correndo o risco de ficarem apátridas.
Além disso, a Europa tem confundido integração e respeito com submissão a preceitos outros( já me faz lembrar o romance de MIchel H.) e chega-se ao ponto de um documento oficial da UE referir todas as religiões menos a crista.
Posto isto, é execrável a construção de muros e a agressão e não acolhimento de pessoas fugidas de uma guerra cruel, cuja maior responsabilidade é do Ocidente ao desestabilizar aquela região , sem se preocupar sequer com o que viria a seguir.
Peço desculpa por me ter alongado tanto.
Pedir desculpa, São?
EliminarComo já referi lá em cima, a São escreve aqui o que eu penso e sinto de uma forma brilhante.
Por favor continue a comentar desta forma que só enriquece o debate.
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EliminarComo diz o meu amigo e muito bem esta Europa tinha vários sonhos que neste momento devido a egoísmos económicos viraram pesadelos, triste Europa que desprezou quase todos os seus ideais.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
É isso mesmo, Francisco.
EliminarUma Europa demasiado preocupada com questões económicas, pesada, balofa, que esqueceu as vertentes política e social.
Um abraço, continuação de uma boa semana
No contexto actual, tenho algumas reservas sobre a aplicação do Tratado de Schengen. No entanto, o extremar de posições, como está a fazer a Áustria, também não é aconselhável.
ResponderEliminarAliás, os austríacos têm tiques que lhes vêm do passado.
Lembra-se do Império austro-húngaro, Pedro?
Abraço
Lembro bem, António.
EliminarA repetição da História é muitas vezes desaconselhável.
Está aqui um bom exemplo.
Aquele abraço
Pedro, este é um tema tão sensível que apetece-me passar "por cima" e voltar a este, mais uma vez, brilhante post para comentá-lo com o tempo e a atenção que merece. (ATENÇÃO: A minha opinião poderá ferir as consciências mais sensíveis, mas é a minha análise à situação dos ditos "refugiados").
ResponderEliminarAquele abraço, caro amigo.
Ricardo,
EliminarSeja qual for a sua opinião já sabe que aqui está à vontade para a expor.
Venha de lá!!
Aquele abraço
Pois, está muito longe do sonho europeu... mas também é verdade que estas vagas de milhares de refugiados não ajudam nada país nenhum: culturalmente muito diferentes, ainda acham que os europeus é que têm de se adaptar aos seus usos e costumes, para não falar nos muitos que,desocupados,irão aumentar a criminalidade,senão o terrorismo. Um problema que não é de fácil resolução, que está longe de ir lá com muros...;)
ResponderEliminarBeijocas
Teté,
EliminarChegamos todos à conclusão que a chamada e celebrada Primavera Árabe veio afinal revelar-se um problema bicudo para quem a fomentou.
Beijocas
A Europa sofre de um mal velho. Uma mania que vem da Idade Média.
ResponderEliminarParece que vem aí a Guerra dos 100 anos.
Abraço
Já estivemos mais longe de uma situação de conflito aberto, Agostinho...
EliminarAquele abraço
No ano que nasci, o muro foi abaixo. Desde que sou viva há muito mais erguidos.
ResponderEliminarComo se essa fosse a solução para este tipo de problemas, Diana Fonseca
EliminarCaro Pedro ! ... Neste caso europeu, entendido no quadro de uma política de inclusão e de liberdade de circulação e também sobre um ponto de vista humanitário, só me apetece dizer :
ResponderEliminar"Preso por ter cão e preso por não ter " ! :((
É muito complicado !
Claro que a São o disse muito bem !
Abraço
A São resumiu o sentir e o pensar de muita gente, Rui.
EliminarEu incluído.
Aquele abraço
Não é com muros que se dá resposta a uma catástrofe como esta!
ResponderEliminarSou muito sensível a esta situação.
Beijinho Pedro.
Há os que acham que os refugiados são todos terroristas.
EliminarE constroem muros.
E há os que acham que são todos coitadinhos.
E está de escancarar fronteiras.
Precisamos de líderes com sensatez e habilidade para fazer as necessárias distinções.
Beijinhos
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EliminarTanta euforia com a queda do muro de Berlim e, poucos anos depois, a Europa tem mais muros do que alguma vez teve!
ResponderEliminarPrecisamente o que comentava a Diana Fonseca, Carlos
EliminarDemasiado complicado, demasiado sensível, a exigir uma grande dose de discernimento dos líderes políticos.
ResponderEliminarAbraço
Que é o que mais tem faltado, Elvira Carvalho.
EliminarAbraço
~~~
ResponderEliminarUma situação muito complicada que nunca foi prevista...
A Europa vai ter que reconstruir o que foi destroçado
pela guerra, no médio oriente.
Pensava que não era problema seu...
~~~ Beijinhos. ~~~
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O que é mais estranho, nesta nova ordem mundial, é que os Estados Unidos andam muito caladinhos (só o parvo do Trump berra) como se não fosse nada com eles, Majo.
EliminarOs Estados Unidos e os países árabes.
Beijinhos
Boa noite
ResponderEliminarA solução não é definitivamente o refúgio nos outros países. Se assim for a Síria qualquer dia não terá habitantes.
Vejam este video de uma Mulher franceswa e o seu depoiamento:
https://www.youtube.com/watch?v=eqnOPUuDk9w
Acho isto tão grave como aquilo que os refugiados sofrem nos seus países. Mas será que os que vêm são somente pessoas necessitadas ?
Abraço Pedro
Não, Ricardo.
EliminarObviamente que lá no meio há oportunistas e gente do mais reles que se possa imaginar.
Esse screening também está a falhar redondamente.
Aquele abraço
Não sou racista, sou casado com uma Mulher africana, mas não penso que seja a dar-les guarida que se resolva a situação. Para mim passa pelos países industrializados os ajudarem localmente, nos seus países. Não andarem a sugar-lhes petróleo e a fomentar guerras e venda de armas. Assim é que é ajudar. Não aproveitar a vinda desses povos refugiados para mão-de-obra barata e outros negócios que enchem o bolso a quem nos controla. Pode parecer discurso esquerdista, mas se pensarmos bem não estou muito longe da verdade. Se os políticos são todos o que são e a sociedade de hoje, em Portugal está como está, é porque todos eles são oportunistas e têm na generalidade dado cabo do erário público a bem de alguns grupos capitalistas. Tu roubas uma peça de fruta ou outra coisa que precises, e és preso. Eles têm-nos roubado infamemente, e continuam à solta, sem bens congelados, já os transferiram todos. Nós continuamos a pagar dívidas que não contraímos e a sustentar outros povos, ditos refugiados, que são fruto de guerras, sustentadas por estes senhores.
ResponderEliminarEsta é a minha opinião "esquerdista", "chauvinista", "xenófoba", chamem-lhe o que quiserem, mas é a minha !!!
Pois é, Ricardo - o problema todo começou com a ganância de quem agora diz que quer ajudar, continuou com a ganância de quem alimentou a máquina de guerra (e serão as mesmas pessoas e os mesmos países).
EliminarAgora estão a braços com um problema nas suas fronteiras (refugiados) a acrescer a outro problema nos países de onde esses refugiados fogem (guerra).