Um voto de protesto


A Grécia já tem um novo Governo.
Alexis Tsipras e Panos Kamennos, a Esquerda Radical e os Gregos Independentes, formaram uma união de todo improvável, quase contra natura, que lhes permite uma maioria de governação.
Fica a dúvida - que programa irá apresentar um executivo que une dois partidos quase nos antípodas do espectro partidário grego?
O que se percebe do resultado destas eleições, e da coligação que agora se forma, não é de todo uma novidade - a Grécia uniu-se num voto de protesto.
De protesto contra a austeridade cega, contra medidas draconianas que deixaram o país escangalhado, furibundo.
Foi essa fúria que uniu Tsipras e Kamennos e que provocou a queda com estrondo da Nova Democracia e do Pasok, ambos associados pelo povo grego às grandes dificuldades que o país enfrentou e por isso mesmo fortemente penalizados no momento da votação.
Nada mais une Tsipras e Kamennos que não seja o grito que tantas vezes se ouviu no Sul da Europa - não pagamos!!
O exagero eleitoralista, demagogo, populista, dará muito provavelmente origem a um processo de renegociação da dívida grega com os credores.
A Grécia avança decidida para um processo que devia ter sido seguido desde o início por uma troika autista, teimosa, arrogante, que contou com o beneplácito de uma União Europeia atávica - um processo de negociação das condições de liquidação de um empréstimo que não implique o definhamento do devedor e simultaneamente não prive o credor daquilo a que tem direito.
A grande incógnita que resulta deste complexo processo eleitoral e pós-eleitoral é perceber se, como nos relacionamentos afectivos,  as leis da Física (que ensinam que os opostos se atraem) se sobrepõem às regras da Lógica (que ensinam que se atraem mas não se entendem).

Comentários

  1. Pedro, esta coligação tem tudo para dar...errado.

    Aquele abraço para si.

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    1. Uma coligação muito estranha, convenhamos.
      O BE e o CDS lá do sítio??
      É isso que parece.
      Vamos esperar para ver, Ricardo.
      Aquele abraço

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    1. É muito cedo para tirar conclusões, seja em que sentido for, Elvira Carvalho.
      Vamos aguardar.
      Com atenção porque Portugal também será afectado pelo que acontecer doravante na Grécia

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  3. Parece-me ser ainda muito cedo para deitar foguetes ! A Europa tem a "batata quente" que nunca desejou ! ... e pelo menos nas primeiras impressões irá tentar fazer as coisas muito difíceis para os gregos, porque de outro modo seria uma "derrota enorme" das suas "teorias e práticas". Abriria precedentes muito complicados ! Creio que vai tentar dificultar-lhes a vida até ao limite, mas acabará por ceder ! ... De qualquer modo, não queria estar na poele dos gregos !... é demasiado arriscado !

    Abraço !
    .

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    1. Rui,
      O que acredito que aconteça é que agora se inicie um processo de negociação que verdadeiramente nunca existiu.
      Se isso acontecer na Grécia, inevitavelmente irá acontecer com outros países devedores, entre os quais obviamente Portugal.
      Esperemos para ver.
      Acompanhando atentamente o desenrolar dos acontecimentos
      Aquele abraço

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    2. Claro que é muito arriscado, Rui, mas quem não arrisca, não petisca!

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    3. A coligação grega é uma coligação contra a austeridade.
      Chega para formar um governo?
      Tenho dúvidas, ematejoca.

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    4. É um risco que lhes pode sair muito caro, Teresa !
      Se eles não pagarem o que devem, terei eu que pagar do meu bolso 1500 € ! Portugal é um dos credores com mais de Mil Milhões de € !!!
      ... e não nos podemos dar ao luxo de pagar por eles ! Acredito mais que os prazos venham a ser dilatados, mas que isso aconteça também por cá, há a contrapartida dos juros por muito mais tempo ! :((( ... Creio que há muito bluff nisto, para terem conseguido chegar ao governo. O problema será a partir de agora !

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  4. De acordo com o que tenho lido, nem a União Europeia, o Banco Central Europeu ou o FMI têm grande abertura para renegociar alguma coisa. Mas algo tem de mudar. As políticas de austeridade dividiram ainda mais a Europa e provocaram muita pobreza nos países do Sul. Há trabalho a ser feito. Agora esta coligação? Não sei, sinceramente.

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    1. Carpe diem,
      O que espero que resulte destes resultados eleitorais na Grécia é precisamente o acordar das instituições credoras, e de uma União Europeia à deriva.
      Tem que haver negociação, entendimento.
      Caso contrário os protestos, até nas urnas, vão suceder-se.

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  5. Percebe-se sim, Pedro!
    Alevantou-se uma aragem no porto de Pireu que descompôs farripas às formatadas cabeleiras de Frankfurt & Associados. Muito gel vai a trempe ter de gastar. Dizem eles para a helénica senhora:
    BCE: - têm de pagar a dívida; pergunto eu, qual?
    CE: - regras são para se cumprir; pois, que regras, quem as fez, quem as faz, para quem?
    FMI: - não pode ter tratamento especial; de quem é o SPA com fragâncias d’oliva? Venham, a gente esfrega-os, com pré-pagamento.

    O que há a fazer é rever a equação, não? E regatear os preços, e os branquelas quiserem praia, sol, azeite, vinho e muitas outras coisas que o paguem bem, em cache. O que é que é mais valioso, banhos de sol ou bêemedâblius? Depois, os ex-vassalos, nós, iremos lá pagar com uma mala cheia: dólares, libras, francos, iuanes.

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    1. "O que há a fazer é rever a equação, não? E regatear os preços"
      Espero que os credores percebam isso, Agostinho.
      Se não o perceberem vão ver-se confrontados com outros fenómenos semelhantes ao grego no futuro.

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  6. Nada melhor do que esperar para ver, Pedro.
    Um abraço.

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    1. A prudência e o bom senso assim o aconselham, António.
      Aquele abraço

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  7. Que gostei da tremenda bofetada dada pelos gregos que abanou a UE é uma verdade e a meu ver ainda é cedo para saber o real da coisa", mas Pedro os gregos quando querem unem-se e falo dos partidos e não é por acaso que a Grécia foi o berço da civilização ocidental. Quem me garante que este "bummm" não seja de facto um virar de página sobre a vergonhosa postura da UE?

    Não sou economista, sou apenas do meu único rendimento - a minha reforma e é preciso algum curso para saber que nas últimas décadas somos governados pelo que sabemos? Cortes absurdos e sempre na Educação, Saúde, Social e ir aos bolsos de todos é a única via que se tem? Quando é que ocorreu o maior fluxo de entrada de funcionários públicos? Na era do Cavaco como 1º.Ministro. Depois onde foram parar os biliões dos fundos europeus? PSD, PS e CDS...estou cansada e as medidas de austeridade destruíram tudo ou quase tudo, o apadrinhamento de "cunhas e tachos" continua, a despesa aumenta e a burra e gastadora sou eu? Já andam em campanhas eleitorais, belos passeios, um gastar de dinheiro público a seu belo prazer...com gente que morre de fome, falta de cuidados médicos, emigração nunca vista...enfim, por cá deverá permanecer o mesmo balancé que enjoa...mas o mesmo não direi aos vizinhos que temos.

    Vamos a ver, vamos a ver...

    Beijos


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    1. Espero que essa chapada acorde muito boa gente que tem andado adormecida e a preocupada com coisas tão importantes como sejam a medida das retretes, Fatyly.
      Beijos

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  8. A aliança política entre o Syriza e os populistas de direita Gregos Independentes não é totalmente inesperada. Ambos olham para os credores internacionais como "ocupadores da Grécia" e são opositores acirrados das medidas de austeridade impostas pela TROICA, formada pela União Europeia, Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

    Se eu fosse grega votava no Syriza porque o partido vai devolver o poder ao povo, não aos bancos.

    PORTUGAL precisa de um jovem carismático e pragmático como o Primeiro Ministro grego ALEXIS TSIPRAS.

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    1. O que une os dois partidos é mesmo só essa oposição às medidas de austeridade, ematejoca.
      Chega para formar um governo.
      Vamos ver....

      Tsipras tem uma imagem nova, popular, menos esfingíca que a maioria dos políticos.
      Merece o benefício da dúvida.
      Mas nada mais do que isso, ematejoca.

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  9. Protesto, ou desespero, Pedro?
    PS: peço desculpa por não ter eliminado o comentário daquele anónimo, Pedro, mas já lhe dei a resposta e deixei um aviso. Não voltará a acontecer.

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    1. Desespero, eventualmente, Carlos.

      Não há problema com o Anónimo.
      Todos apanhamos com gentalha dessa de quando em vez.
      Faz parte...

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  10. Espero que se entendam, não tanto por eles , mas pelo povo grego que deu , como disse Marine Le Pen, um estrondoso estalo na face da União Europeia mostrando que as ameaças não o vergaram !!

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    1. Ouvir essa coisa chamada Marine Le Pen elogiar o que aconteceu na Grécia assusta-me, São.

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    2. A mim também, Pedro.

      Mas que foi um estrondoso estalo na face da União Europeia, lá isso foi.

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    3. Um estalo que a UE estava a precisar para ver se acorda, ematejoca.

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  11. Devaneios europeus Pedro,
    temos esperança que as pessoas que são pagas para governar, façam o seu trabalho a pensar também no presente e no futuro dos cidadãos.
    Em todas as atividades há dificuldades e desafios que têm se ser resolvidos na melhor maneira
    abraços
    Angela

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    1. Devaneios tem havido muitos, Angela.
      Vai sendo tempo de toda a gente parar para reflectir.
      E conversar.
      O que tenho visto é o contrário - desconversar.
      Abraços

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  12. Gostava que desse certo para bem do povo grego.
    Vamos ver !

    beijinho

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    1. Não é só do povo grego, Fê.
      Da Europa toda.
      A começar pelos países do Sul mergulhados em dívidas e em programas de austeridade cega.
      Beijinhos

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  13. Estou bem intrigada com esta coligação...
    Desencantada com politicos, politicas e todos estes jogos de poder...
    Veremos!
    xx

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    1. Uma coligação no mínimo estranha, papoila.
      Esperemos que seja um daqueles casos que contrariam a lógica.

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  14. Também tenho as minhas dúvidas e acho que se está a fazer uma enorme pressão sobre o recém-eleito para além das exageradas expectativas que se criaram. Mas isto sou eu a pensar...

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    1. Não sou nada dado a auras salvíficas, Graça.
      Na Grécia ou noutro lado qualquer.
      A Grécia vai agora começar uma experiência governativa totalmente nova, encetar um caminho de negociação que é fácil prever que será longo e complicado.

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