Um balanço, perspectivando o futuro, na despedida de Lau Cheok Va


Lau Cheok Va despede-se hoje formalmente do cargo de presidente da Assembleia Legislativa de Macau.
Mais, Lau Cheok Va despede-se também hoje formalmente da Assembleia Legislativa de Macau, na qual tinha assento desde 1984.
Saído do seio da influente Associação dos Operários, Lau Cheok Va foi eleito vice-presidente da Assembleia Legislativa em 1999 após a transferência de administração de Portugal para a China.
No ano de 2009 é eleito presidente do órgão, sucedendo a Susana Chou.
Agora, aos 68 anos, considera que é chegado o momento de dizer adeus à Assembleia Legislativa  de Macau e de dar oportunidade a outros.
Que balanço se pode fazer da passagem de Lau Cheok Va pela presidência da Assembleia Legislativa?
Nestas ocasiões, manda o politicamente correcto que se teçam loas à pessoa.
Não entro por esse caminho, não é essa a minha maneira de ser nem a minha forma de estar na vida.
Lau Cheok Va, e não estou sozinho nesta opinião, teve uma passagem pela presidência da Assembleia legislativa que se pode dizer que não deixa marcas.
Pelo contrário, a sua postura foi tão discreta que, em muitas ocasiões, deu a ideia de estar ausente.
E o desempenho do cargo, ainda para mais em profundo contraste com a postura interventiva e assertiva de Susana Chou, tomou assim uma matiz muito cinzenta.
Um cinzento muito baço, acrescente-se.
Lau Cheok Va permitiu abusos aos deputados que se espera que o seu sucessor, seja ele quem for, não permita.
A Assembleia Legislativa precisa de um presidente que, nos momentos em que se resvala para o disparate, e há muitos, tenha autoridade e capacidade para colocar a casa em ordem.
Especialmente quando uma esmagadora maioria dos deputados não possui a mais leve cultura parlamentar. 
E Lau Cheok Va falhou redondamente neste particular.
Como falhou na necessidade de tomar ele próprio a iniciativa de conduzir os trabalhos da Assembleia, não deixando sistematicamente essa tarefa nas mãos de deputados e membros do Executivo.
Intermináveis monólogos, da parte de deputados ou de membros do Executivo, desrespeito pelas regras regimentais, pelos membros da Assembleia, pelos representantes dos órgãos de comunicação social que faziam a cobertura dos trabalhos do hemiciclo, têm de ser intoleráveis e intolerados.
Para que isso aconteça, o próximo presidente do órgão terá que adoptar uma postura diametralmente oposta à adoptada por Lau Cheok Va.
Quanto mais não seja, para permitir ao órgão legislativo recuperar algum do prestígio que vem sucessivamente perdendo.
Uma tendência que sofreu algum agravamento no consulado de Lau Cheok Va.

Comentários

  1. Com 68 anos deve ceder o lugar a outros com mais dinâmica e sentido de estado.
    Existem pessoas que se deixam ficar no marasmo. Nem atam nem desatam. Também temos disso por cá e não pensam em mudar...

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    1. A acreditar no que se vai dizendo por aí, não foram essas a razões, luis.

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    1. FireHead,
      O sistema de rotatividade que está instituído obriga a ter, alternadamente, um operário e um empresário.
      Saiu a empresária Susana Chou, entrou o operário Lau Cheok va.
      A seguir virá outro empresário.
      Tente lá adivinhar quem :))

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    2. Então, eu tanto sou operário como empresário... e muitas outras coisas mais. :P

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    3. Por mim, está eleito, FireHead!!
      Com uma condição - passar a ser adepto do F. C. do Porto :)))

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    4. Bolas, não preciso do seu voto então. :P

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    5. Pense bem, FireHead - win/win situation :)))

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  3. Desconhecia e "complicações versus interesses" há em todos os países.

    Xiiiii Pedro, olha só...vai o Fire...será bom ou mau? Votas ou não? hehehehehe

    Beijos

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    1. O Fire tem o meu voto, Fatyly.
      Até faço batota para poder votar duas vezes! :)))
      Beijos

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  4. Caro Pedro
    Esse pelo menos vai embora "voluntáriamente" ao contrário do que por aqui se passa. Só saiem empurrados (e não há meio).
    Abraço
    Rodrigo

    Obrigado pelo ralhete (foi só um desabafo) como bom Português sou um inconformado, mas bem comportado.

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    1. Comenta-se que há motivos que obrigam à saída dele.
      Como, a serem verdade, são do foro íntimo, não os divulgo aqui.

      Aquele ralhete é também um desabafo, Rodrigo - já viu que é o pior crime que se pode cometer é não ter sucesso nos negócios?
      Também já passei por isso, sei do que falo.
      Se toda a gente tivesse sucesso nos negócios, quem é que trabalhava para terceiros?
      E este é um fenómeno tipicamente português.
      Quantos negócios dão mau resultado, TODOS OS DIAS, por esse Mundo fora?
      E fica tudo com o ferrete?
      Claro que não.
      Especificidade muito portuguesa.

      Aquele abraço!!

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  5. Fica a promessa de uma visita, Joel Carvalho.
    Mas, muito provavelmente, só amanhã.

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  6. Será que a maioria dos políticos foi clonada e distribuída pelo planeta?!

    Tudo de bom, Pedro

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  7. Estou com o Rodrigo ( na primeira parte do comentário que aqui deixou)

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    1. Carlos,
      Não será assim tão voluntariamente como isso.
      Agora já posso dizer que há problemas de saúde a explicar, pelo menos em boa parte, esta saída.

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  8. Acredito piamente no que diz da atuação do presidente da Assembleia Legislativa de Macau. Mas uma coisa não se pode negar: também saiu discretamente de cena, numa altura mais que apropriada - aos 68 anos já se deve estar na reforma, não a trabalhar em cargos públicos e/ou políticos... :)

    Bom era que um certo velhadas cá do burgo - que muitas vezes nem damos se está a par do que se passa e faz discursos incongruentes sobre vacas - lhe seguisse o exemplo! :)))

    Beijocas!

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    1. Teté,
      Como já deve ter visto, pela resposta a outros que aqui comentaram, não foi assim tão voluntário como isso.
      E saiu, tal com a anterior presidente, de uma maneira muito feia - agora, na saída, é que vem com uma série de críticas.
      Quem os ouvir falar, e não os conhecer, fica com a ideia que se trata de cidadão comuns, que nunca tiveram nenhuma responsabilidade governativa.
      Beijocas!

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  9. Mais uma vez, concordo plenamente!

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    1. Curioso que, tal como Susana Chou, na hora da saída é que desatam aos berros e a fazer críticas, mor.
      Até parece que não tiveram responsabilidade nenhuma na bagunça.

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  10. Proposta vergonhosa essa que você fez ao Fire, amigo Pedro! :DDDD

    Aquele abraço

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    1. Olha quem voltou!
      Uma proposta muito vantajosa, Ricardo.
      Irrecusável!! :)))
      Grande abraço e seja bem regressado.

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