Cimeira da ASEAN mostra consenso na vertente económica e diferendos na vertente política

Nada de novo no Sudeste Asiático.
É assim que se podem resumir os resultados alcançados na Cimeira da ASEAN que ontem terminou em Hanói, no Vietname.
Não houve surpresas, só a confirmação do que era esperado antes da Cimeira começar.
Os estados-membros reafirmaram a intenção de constituir uma comunidade económica até ao ano de 2015, tendo por modelo a União Europeia, e procederam a revisões nos mecanismos de apoio económico que tinham sido criados para fazer face à crise económica internacional ("A Inicitiva de Chiang Mai", criada no ano 2000, e que conta agora com uma linha de crédito bonificado de 120 biliões de dólares para auxílio macroeconómico aos países em maiores dificuldades económicas).
Estas foram decisões tomadas na cimeira de Ministros das Finanças, que tinha lugar paralelamente em Nha Trang, ao mesmo tempo que os Chefes de Estado assinavam um protocolo de resolução de disputas, que prevê que a organização pode tomar decisões mesmo que não haja consenso e um ou dois membros estejam em desacordo com as decisões tomadas pela organização.
É uma resolução que tem como novidade o afastamento do principio da tomada de resoluções por consendo, típico da organização, mas sem qualquer efeito prático.
Antes apenas destinada a acalmar as vozes da comunidade internacional relativamente à situação política em Myanmar.
E sem efeito prático porque continua a padercer do mesmo "pecado original" - se houver incumprimento das resoluções da organização não há qualquer mecanismo sancionatório minimamente eficaz previsto.
Muita retórica também acerca da protecção ambiental, mas poucas, ou nenhumas, medidas concretas.
O tema desta Cimeira - "From intention to action"- acaba assim por ser objecto de ridículo.
Não há referências à situação política em Myanmar, e o Primeiro-Ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, deu uma imagem demasiado sincera do que é a ASEAN enquanto organização política, quando cancelou a sua presença na Cimeira, em cima da hora, para lidar pessoalmente com a revolta dos "camisas vermelhas"em Banguecoque.
Nada de novo no Sudeste Asiático.

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