Bento XVI não aborda os escândalos de pedofilia na Igreja Católica
O Papa Bento XVI, na benção Urbi et Orbi este domingo no Vaticano, não fez qualquer referência directa aos escândalos de pedofilia que abalam a Igreja Católica.
Confesso que não me surpreende.A Páscoa é um momento de celebração da ressurreição de Cristo, um tempo de festa.
Mas também um momento de reflexão, de recomeço.
E é assim que entendo as palavras do Santo Padre quando diz que a «Humanidade precisa de conversão espiritual e moral».
Nas palavras de Bento XVI, «Também nos nossos dias a Humanidade tem necessidade de um êxodo, não de ajustamentos superficiais, mas de uma conversão espiritual e moral. Necessita da salvação do Evangelho para sair de uma crise que é profunda e, como tal, requer mudanças profundas, a partir das consciências».
Estas palavras, na mensagem que encerram, julgo que são dirigidas também ao interior da Igreja.Nelas vai expresso o sentimento do Papa acerca da profunda crise de valores que atravessa toda a Humanidade, incluindo, até em primeira linha, a Igreja Católica, repositório de muitos desses valores.
Apesar das referências concretas aos conflitos e tragédias que abalam o Mundo, não estava à espera que Bento XVI fosse fazer também uma referência concreta aos conflitos e tragédias que abalam a Igreja Católica.
Não é essa a tradição do Vaticano, e essa tradição não vai mudar abruptamente.
Mais, e atentos à personalidade do Papa, devemos perceber que Ratzinger é frio e racional (traços tipicamente germânicos), o oposto do afectivo e humanista Woitila, uma das grandes personalidades do século XX.
E estas palavras são as palavras de um homem que não deixa transpirar as emoções, que se guia fundamentalmente pela razão.
Mais, e atentos à personalidade do Papa, devemos perceber que Ratzinger é frio e racional (traços tipicamente germânicos), o oposto do afectivo e humanista Woitila, uma das grandes personalidades do século XX.
E estas palavras são as palavras de um homem que não deixa transpirar as emoções, que se guia fundamentalmente pela razão.
Para os fiéis, e justos, resta a esperança que a Igreja esteja a lidar, ainda que na sua intimidade, com a brutalidade dos crimes cometidos por alguns dos seus elementos.
Em época de Páscoa, de renascimento, de novas oportunidades, e de nova vida, é necessário enfrentar com coragem os males que a todos afectam.
A começar pela própria Igreja Católica.
Tenho esperança que tal aconteça e que as palavras do Papa sejam disso mesmo um sinal, ainda que muito menos directo e concreto do que muitos esperariam.
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