O caso das gémeas luso-brasileiras




Depois da divulgação das imagens do interrogatório pidesco com que a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras brindou o País, procurei algum sossego para perceber afinal o que se estava a investigar e concluir.
Afinal o que se pretende exactamente saber com esta Comissão Parlamentar?
Se houve "cunhas" para as duas crianças serem tratadas com a rapidez com que foram e necessitavam?
Respondo eu - houve.
Essas cunhas prejudicaram alguém, fizeram as gémeas passar à frente de outras crianças necessitadas?
Respondo eu, de acordo com a informação disponível - não.
As crianças tinham direito ao tratamento?
Tinham, são portuguesas, bisnetas de portugueses.
As crianças tinham necessidade daquele tratamento?
Esta é a grande questão.
Porque as opiniões médicas se dividem.
E o testemunho de António Levy é preocupante.
Se o poder político sobrepõe os seus juízos e a sua vontade aos juízos da ciência temos realmente um problema muito sério.
E não é neste caso, é no sistema.
Se esta Comissão Parlamentar de Inquérito apurar algo nesta vertente, terá tido alguma utilidade.
Se se ficar pela "cunha", que mais não visa que não seja atingir os titulares dos mais altos cargos públicos (Presidente da República, Primeiro Ministro, Ministra e Secretário da Estado da Saúde ao tempo), é pura chicana política.
Daquelas que dizem mais acerca de quem a leva a cabo do que acerca dos pretende atingir.
Há uma conclusão que todos poderemos facilmente retirar daquele deprimente espectáculo público da Comissão de Inquérito - o Serviço Nacional de Saúde, com todos os defeitos que possa ter, administra tratamentos pioneiros, que outros sistemas de saúde se revelam incapazes de disponibilizar.
E com essa competência salva vidas, dá esperança e dignidade a quem as não tinha. 
Vão ser ouvidos mais quarenta testemunhos.
Para saber se o poder político se sobrepôs à ciência?
Ou para queimar em lume lento titulares de cargos públicos (actuais e anteriores)?
Quem é que falou em desperdício de dinheiros públicos?? 

Comentários

  1. Subscrevo e foi uma vergonha que alguns deputados inquiriram como se fosse no tempo da outra senhora. Vergonhoso o ar deles e quem paga esse espetáculo popopulista?isto sim é um "desperdício de dinheiros públicos"
    Beijos e um bom dia

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    1. Vergonhoso, Fatyly.
      E é óbvio que o que se pretende é atacar adversários políticos, nada mais.
      Beijos

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  2. Não vi.
    Mas quem estado do lado oposto do regime, tem sempre que atacar.
    Politiquices.

    Não é hoje o seu dia de aniversário?
    Confundi o dia.
    Se for, um abraço.
    Se não for, um abraço.

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  3. Não vi, porque tenho que me poupar e porque o que aqui se passa é um número de circo.

    Se houve crime , não são os pais que o cometeram, pois fizeram o que todos pais e mães fariam no caso : procurar o melhor para as filhas.

    Quanto à sua análise , concordo.

    Se for o seu aniversário, desejo-lhe um dia muito feliz e que essa felicidade se prolongue para o resto da sua estadia aqui.

    Abraço.

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    1. Os pais não fizeram mais do que eu faria.
      E não vejo que ninguém tenha cometido crimes.
      Procedimentos irregulares, quanto muito.
      O aniversário é na quinta feira.
      Abraço

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer

      Nem os pais, nem as meninas tinham a nacionalidade portuguesa. Foi à pressa que a conseguiram para terem um tratamento de quatro milhões de euros.
      Se as meninas fossem filhas da Maria Albertina e do Zé povinho, morriam antes de ter a oportunidade desse tratamento. CUNHAS como no tempo de Salazar.
      A lágrima no olho da mãe, no devido momento, emocionou gregos e troianos. Provavelmente, eu tenho inveja de não ser amiga do filho do vosso presidente.

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    3. Também creio que houve cunhas, mas a responsabilidade é de quem as aceitou.

      Outra coisa: os ciganos são portugueses, estão aqui há séculos.

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    4. Se as "cunhas" não prejudicarem ninguém e salvarem vidas, qual é o problema??
      Se vamos fazer Comissões sempre que há cunhas....

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  4. Teresa Palmira Hoffbauer

    Faço minhas as pakavras de JOÃO PEREIRA COUTINHO:

    „Na história das gémeas luso-brasileiras, tudo teria sido mais fácil se os intervenientes políticos no processo tivessem tido a coragem de contar as coisas como elas foram.“

    Sou bisneta de francês do lado paterno.
    Sou bisneta de espanhola do lado materno.
    Tenho direito de tratamento milionário nesses países?!

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    1. Não tem a nacionalidade, pois não, Teresa?
      As meninas e os pais têm a nacionalidade portuguesa.
      Têm esse direito.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer

      Deixei a minha resposta lá em cima.
      O vosso presidente pede aos portugueses para protegerem os ciganos. Eu acrescento, que os portugueses devem proteger
      as crianças portuguesas, cujos pais não são amigos do filho do presidente. Um mundo cão.

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    3. Quando o resultado é este eu não fico muito incomodado, Teresa.
      As meninas foram tratadas e ninguém foi prejudicado.

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  5. this is shame how politicians can blackmail each other through such lowest acts Pedro
    it happens everywhere no doubt
    no rule in the game of politics except save yourself on the cost of other anyway

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    1. With the health and well being of two children, baili.
      Too low.

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  6. Enfim... vergonha alheia, Pedro,
    Aquele abraço.

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  7. Em parte concordo consigo. Mas só em parte. Em qual parte? Na da oportunidade da divulgação da notícia. Há alguém que deseja muito mal a António Costa e companhia. Mas isso não faz o facto nem os envolvidos inocentes.

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    1. Eu não disse que eram inocentes, bea.
      Disse, e repito, que não houve ninguém prejudicado.
      E que houve duas crianças salvas pelo nosso SNS.

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  8. Houve alguém prejudicado? Houve dinheiro indevido nesse caso?
    As crianças tinham direito ou não? Houve má fé no salvamento das crianças?
    Bem, são essas minhas dúvidas. Se está tudo certo...Estou um pouquinho confusa.
    Vão ser ouvidos mais quarenta testemunhos?
    Para saber se o poder político se sobrepôs à ciência?
    Já vi algumas no coisas parecidas no Brasil , no que tange à Ciência e políticos...
    Acredito 100% na Ciência.
    Beijo, Pedro, abraço de aniversário, felicidades sempre!

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