Ainda há esperança

O Senado rejeitou a proposta de lei que obrigaria todas as escolas do Louisiana a colocar os Dez Mandamentos nas salas de aula.

Separação entre Estado e Igreja, um dos pilares essenciais do Estado de Direito e do princípio da liberdade de culto, atirados ao lixo de uma penada.

Esta proposta de lei era mais um passo na agenda conservadora da Direita americana.

A Direita que recusa sair do buraco fundo para onde Trump a atirou.

Mas que ainda enfrenta algumas frestas de bom senso dentro da sociedade americana.

Quando a proposta de lei foi apresentada com pompa e circunstância, numa conferência de imprensa que até teve um desmaio de uma jovem a abrilhantar o espectáculo, recuei aos tempos de juventude e ao Colégio de Jesuítas que frequentei.

E relembrei o grande Abílio Queirós, na época padre Queirós.

Um homem claramente à frente do seu tempo e nada dado a floreados.

O mesmo que, ao entrar na sala de aula e deparar com uma enorme cartolina colada na parede, onde era suposto os alunos registarem as boas acções do dia (iniciativa de uma freira percursora do Tea Party, provavelmente), arrancou a dita cuja, rasgou e atirou para o caixote do lixo, enquanto berrava - "não quero estas trampas (com m) na minha sala de aula".

Há sempre alguém que diz não, há sempre um Abílio Queirós capaz de alguma sensatez até nos cenários de maior demência.