Balanço da campanha e previsões




Últimos dias de campanha eleitoral em Portugal.
Momento adequado para fazer um balanço do que até agora vi e para deixar as minhas previsões para os resultados eleitorais do próximo domingo.
A campanha eleitoral foi muito pouco esclarecedora acerca dos grandes temas de governabilidade.
Provavelmente porque todas as forças partidárias foram apanhadas de surpresa com a queda extemporânea de um governo maioritário.
E é por aí que julgo que se deve começar.
O PS tentou nesta campanha eleitoral vitimizar-se, culpar Presidente da República, Ministério Público, pela interrupção intempestiva do mandato maioritário que tinha conseguido nas urnas.
Um discurso que só resultou dentro do próprio partido.
O PS só se pode queixar de si próprio.
Começando pela escolha de um Governo profundamente aparelhístico, integrando gente claramente impreparada para o exercício de funções governativas como recompensa por simples fidelidade partidária, e acabando nos constantes tiros no pé, os casos e casinhos de que falava António Costa.
Neste cenário, o que fez o PS?
Quando claramente se encontrava em queda junto da opinião pública, escolheu um líder que é um dos rostos dos tais casos e casinhos, a quem deu a tarefa de dizer que ia fazer diferente do que fora feito...mas dando continuidade ao que fora feito.
A quadratura do círculo.
Daí que seja muito difícil a Pedro Nuno Santos evitar nestes últimos dias de campanha uma anunciada derrota eleitoral.
Uma derrota que só pode ser compensada por uma aliança à esquerda, uma nova geringonça, agora acrescida com um errático PAN e um forte Livre.
Falta perceber o que valerão eleitoralmente o Bloco de Esquerda e o PCP, agora fora de cenários de voto útil.
Quando a ameaça CHEGA se esbateu, a incógnita é saber o que valerão efetivamente as forças à esquerda no Parlamento.
CHEGA que começou a campanha eleitoral impante, cheio de força, com uma verbe inflamada, e que foi perdendo gás até ao ponto de ser agora uma espécie de Carochinha política.
Mas uma Carochinha com quem ninguém quer casar, a Carochinha feia.
André Ventura começou de peito cheio, de discurso inflamado, convicto da inevitabilidade de ser chave para uma qualquer solução governativa.
Moderou o discurso quando percebeu que podia não ser exactamente assim .
E acaba a campanha voltando ao início.
Mas agora em tom de quase desespero.
Estou aqui e têm de falar comigo, grita André Ventura.
Mas ninguém o quer ouvir.
Porque à direita o único entendimento possível é entre a AD e a Iniciativa Liberal.
Uma AD que tem sido inimiga de si própria.
O CDS, que até se percebe porque faz parte da Aliança (recolher os votos desperdiçados), trouxe alguns embaraços que Luís Montenegro resolveu o melhor que conseguiu.
Pior, a presença de um PPM perfeitamente fora de prazo e liderado por um activo tóxico, que só se pode compreender (??) por uma questão de marca, de designação.
Se a AD tiver um mau resultado eleitoral muito o deverá ao fogo amigo vindo destas duas forças políticas.
Restam mais algumas incógnitas - quanto vale eleitoralmente a Iniciativa Liberal?
O suficiente para formar uma maioria parlamentar à direita?
A resposta deverá estar no grande número de indecisos que ainda é visível a poucos dias do encerramento da campanha eleitoral.
Um número tão elevado que poderá inclusivamente alterar todas as previsões e sondagens.
E que tem sido muito pouco trabalhado pelas diferentes forças políticas nesta campanha de muito escárnio e maldizer e muito pouco esclarecimento público.

Comentários

  1. Não é por falta de patriotismo... mas estou mais preocupada com o que se passa a sul. Poderá ter um maior impacto na nossa vida. E, evidentemente, teremos as eleições federais para o ano e deverei estar mais atenta...

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    1. A Sul será tema na quinta-feira, Catarina.
      Only in America vai ser o título.

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  2. Teresa Palmira Hoffbauer

    Vejo tempos turbulentos no parlamento português.
    PS e AD com resultados idênticos.
    Nem a bela Mariana salva o Bloco de Esquerda.
    O Rui Tavares em cima do muro.
    A Isabel sem eira nem beira.
    O Raimundo sem sal nem pimenta.
    A terceira força política mais forte a cair na desventura.
    O Rui Rocha me surpreendeu como um político educado que exponha as suas convicções sem interrupções e maldizeres.

    Vamos lá ver no domingo.
    Se o PS voltasse a ter a maioria absoluta era uma bomba ainda mais forte do que os 5-0 do nosso FCP

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    1. O PS nem as eleições vai ganhar, Teresa.
      E foram eles que fizeram a cama onde se vão deitar.
      A minha dúvida é se haverá maioria (à direita ou à esquerda) no Parlamento.
      De um só partido ou coligação não acredito.
      Tenho receio de um período de ingovernabilidade no País depois destas eleições.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer

      Quando digo que vejo tempos turbulentos no parlamento português é a pensar 🤔 na ingovernabilidade do país depois destas eleições.

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    3. Até tremo, Teresa.
      Como em Espanha?
      Era o que nos faltava.
      Sobretudo com tanto dinheiro para investir.

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  3. Veremos o que vai acontecer .

    Seria óptimo que o Chega perdesse deputados .

    Entre abstenção e indecisos o panorama preocupa.

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    1. O CHEGA não vai ter aquela votação louca que se chegou a pensar ser possível.
      Mas vai muito provavelmente crescer eleitoralmente e em número de deputados.

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  4. Penso que sobre os resultados no dia 10, vamos ter muitas surpresas desagradáveis.
    Não vejo ninguém com carisma e capacidade para tomar as rédeas de um país onde há muita gente que não sabe em quem votar.
    Há um desnorte em todas as forças políticas, há gaffes de bradar aos céus.
    Temo pelo futuro de Portugal.
    Beijos



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    1. Vinte por cento de indecisos é isso mesmo que demonstram, Manu.
      Falta de carisma.
      Beijos

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  5. Vou aguardar sem previsões e seria bom que em quem irei votar ganhasse em pleno. Isso seria excelente e muitos dinossauros desapareciam de cena.
    Quando vi a madame Cristas a discursar esquecendo-se da sua bela lei das rendas deu-me cá uma gana que nem te digo nada.
    Beijos e um bom dia

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  6. Afirmo mais uma vez que estas eleições eram desnecessárias porque tudo isto era previsível.
    Houve muitos erros mas também houve muitos aspectos posititivos.
    Não querer arranjar solução para uma AR com a maioria chegar ao fim do mandato foi um tiro no pé para o PR.

    Abraço

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    1. Já aqui afirmei anteriormente o que penso - o PS é que borrou a escrita toda.
      Imperdoável e inadmissível.
      Abraço

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  7. Bom dia
    Confesso que faço parte dos indecisos .
    Os debates e a campanha não me disseram nada de novo .
    Sei que vou cumprir a minha obrigação , e espero ser o mais coerente possível.

    JR

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    1. A campanha eleitoral não foi nada esclarecedora.
      Ataques, muitos pessoais, e uma ausência de propostas e ideias confrangedora.

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  8. Na minha perspectiva, o principal causador desta balbúrdia é Marcelo. Rep+are, Pedro, que escrevi 'o principal causador'.
    O resto, ou seja o que se tem passado no pós dissolução parlamentar, é meramente um acto de palermica, com variadíssimos intervenientes.
    Sondagens? O que é isso?
    Previsão para dia 10 = enorme abstenção.
    Não vi/ouvi/li a campanha. De acordo com gente próxima de mim, não perdio nada.
    Já estou a ganhar, portanto.
    Um abraço, Pedro.

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    1. O PS deitou fora o bebé com a água do banho, António.
      Rapazinhos do aparelho é nisto que dá.
      Agora temos o Ventura a expulsar o Montenegro.
      O moço anda mesmo desesperado.
      Se a campanha durasse mais tempo ainda vinha mais por aí abaixo.
      Afinal aquilo é mesmo só retórica vazia.
      Abraço

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  9. O "engraçado" desta campanha é vermos um protagonista de vários "casos e casinhos" do anterior governo atirar as culpas dos problemas do pais para o Cavaco e para o Passos!
    Outra coisa "engraçada" que todos falam e se preocupam é a abstenção. Mas ninguém consegue explicar ao Zé Povinho como é que um pais com 10 milhões de habitantes consegue ter 10 milhões de eleitores!!!

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    1. Essa foi sempre a estratégia do PS - a culpa é do vizinho.
      E convenhamos que funcionou muitas vezes.
      Esse "mistério" dos eleitores é muito simples - cadernos eleitorais caducos.

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  10. Gostei, como sempre gosto, da apreciação do Pedro, em jeito de balanço e previsão do que nos espera, embora acredite que possam haver muitas surpresas.
    De facto, esta campanha, sobretudo por parte do PS e da CDU, foi toda na base do escárnio e maldizer. Nunca se viu tanta maledicência o que revela uma falta de maturidade política flagrante.
    Veremos o que espera Portugal desta vez.
    Beijinhos

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    1. Do PCP é de esperar isso, Janita, sempre foi um partido de protesto.
      Do PS era de esperar algo mais.
      Mas este PS é muito especial, um bom bocado para o trauliteiro como o seu novo líder.
      Beijinhos

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  11. Todos querem é poleiro. Já poucos acreditam nos políticos. Todos uma cambada de aldrabões.
    Cumprimentos poéticos

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  12. Tem sido ruidosa e vergonhosa esta campanha, que parece não ter fim.
    Desta vez talvez fique em casa.
    Beijo.

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    1. Os indecisos é que irão determinar os resultados, teresa.
      E são MUITOS.
      Beijo

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  13. so much drama in the parliament
    hope climax be the election and end result will bring peace to all

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