Novos pratos de lentilhas

“E Jacob deu a Esaú pão e um prato de lentilhas. Esaú comeu e bebeu e depois foi-se embora, sem atribuir nenhuma importância aos direitos de filho mais velho.” Génesis 25:34

Esaú vendeu o seu direito de progenitura por um prato de lentilhas.

Preferiu satisfazer as suas necessidades imediatas a pensar no futuro, foi imediatista egoísta e insensato.

Esaú pagou cara a sua gula e a sua precipitação, perdeu a sua progenitura, e quando se arrependeu já era demasiado tarde.

A parábola bíblica repete-se ao longo dos tempos na realidade à nossa volta.

Pedro Sánchez acaba de o fazer em Espanha.

Não foi um prato de lentilhas, foi a vertigem do poder.

A aliança governativa, e as contrapartidas negociadas com a Coligação Canária, Bloco Nacionalista Galego, Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha, EH Bildu (do País Basco) e Partido Nacionalista Basco, são um cozinhado que tem tudo para ser indigesto.

Muito mais grave que insensato, Pedro Sánchez foi mentiroso.

O que repetidamente afirmou em campanha, contrariou agora por uma questão estratégica depois de ter perdido nas urnas.

E nisso esta geringonça difere em tudo da que tivemos em Portugal.

Não houve mentira, palavra quebrada, na coligação em Portugal.

Será boa ideia aprender com Espanha (pode vir bom vento de um mau casamento) e perguntar aos partidos agora em pré-campanha com quem estão dispostos a coligar-se depois dos votos serem depositados nas urnas e contados.

Esaú arrependeu-se demasiado tarde.

Pedro Sánchez muito provavelmente terá o mesmo destino.

E Espanha terá apenas um governo a prazo.