Liberdade de expressão

No mesmo dia em que publiquei aqui uma anedota acerca do Governo português era anunciado que um cidadão tailandês enfrentava uma possível pena de prisão superior a 25 anos por crime de lesa majestade.

Não sei qual foi o insulto que dirigiu ao monarca tailandês, e custa adivinhar qual terá sido, porque insultar tão insuportável figura não será difícil nem requer muita imaginação.

Muito mais importante do que esse pormenor, que neste caso é o conteúdo da mensagem supostamente criminosa, é perceber que em pleno século XXI ainda há países que tratam os seus governantes como divindades.

Mais que divindades, porque para estas o insulto poderá conduzir a um castigo para depois da morte.

As “divindades” terrenas servem a sua vingança em vida e com frieza.

Esta coincidência de uma anedota publicada, entre as muitas publicadas no mesmo dia por esse mundo fora, sem quaisquer consequências a nível legal, e um desgraçado que ofendeu o monarca e vai apodrecer na cadeia, fez-me pensar num valor que temos tão precioso e que outros adorariam partilhar - a liberdade de expressão.

Parece-nos óbvio, natural, inquestionável.

Não é.

E para muitos é ainda um luxo inalcançável.

Poder brincar com o Costa, o Marcelo, em público, sem consequências que não sejam uma possível partilha, é uma das muitas razões que me levam a repetir que a nossa civilização não é só diferente, é melhor.