As maiorias absolutas em Portugal são autofágicas

Na história da democracia em Portugal é fácil lembrar os momentos em que a Assembleia da República teve maiorias absolutas de um Partido ou Coligação.

A Aliança Democrática foi a primeira a conquistar e repetir uma maioria absoluta, tragicamente interrompidas com a morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

Seguiu-se, já na década de oitenta, o PSD de Cavaco Silva.

O célebre “cavaquismo”, ainda hoje tristemente lembrado pelos escândalos que criou e pela teia de interesses obscuros que alimentou.

Mais recentemente, o PS de José Sócrates.

Cujos escândalos e vigarices ainda hoje não se conhecem em toda a sua dimensão e consequências.

Os portugueses pareciam fartos da solução maioritária e dos seus resultados.

Mas deram uma nova oportunidade ao PS para provar que a ideia de autofagia associada às maiorias absolutas parlamentares era um erro.

Infelizmente, e como observador neutro e aqui bem longe, o PS de António Costa está a querer dar razão aos que, como eu, detestam ver o poder concentrado numa força política.

São demasiados “casos e casinhos” (a expressão é de António Costa) dentro de um Governo que devia navegar à bolina por não ter que se preocupar com os ventos da oposição.

Ou António Costa consegue ter pulso e ser firme com quem o rodeia ou caminhamos mais uma vez para um caso de autofagia de uma maioria absoluta parlamentar.

Não é tarde mas tem de ser depressa e bem.

O Presidente da República já o disse várias vezes.