Voto electrónico

Quem vive fora de Portugal acompanha com particular atenção e curiosidade a polémica a propósito da contagem dos votos da emigração.
Não propriamente pela luta política em si, que não faz qualquer sentido, mas pela envolvência.
Os critérios de validação dos votos não deviam ser estabelecidos e acordados antes da votação?
Pareceria ser o mais razoável.
Mas também parece que não terá sido exactamente isso que aconteceu.
Muito mais importante que esta polémica em particular, seria de uma vez por todas resolver a questão do voto electrónico.
Na era da digitalização, da informatização, da desburocratização, chega a ser ridículo estar a discutir a validação de votos por causa de uma fotocópia.
Todos recordaremos Trump e o seu combate ao voto electrónico nos Estados Unidos.
Essa obsessão do antigo ocupante da Casa Branca seria o melhor argumento favorável ao voto electrónico se outros não houvesse.
Mas há outros argumentos.
Desde logo a frequente deslocação de quem vive no exterior que assim poderia votar onde quer que se encontrasse.
Sem necessidade de alteração de moradas, de intervenção de consulados, de formalismos e burocracia.
Mas também a manifesta desactualização dos cadernos eleitorais, que resulta na impossibilidade de muitos dos que se encontram fora de Portugal receber os boletins de voto e assim exercer o seu direito e dever.
A participação de todos na decisão de quem nos governa deve ser o objectivo primordial de qualquer acto eleitoral.
E esse combate à abstenção passa também pela facilitação do voto, pela desburocratização do processo de votação.
Para quando a implementação do voto electrónico nas eleições portuguesas?
Legislativas e presidenciais.
Porque também não faz qualquer sentido, e só contribui para a confusão e a abstenção, a diferença de processos entre presidenciais e legislativas.