O poder bélico de Putin

 

A actualidade na Ucrânia não é propriamente surpreendente.

Putin fez campanha e foi eleito em 2018 apelando ao sentimento pátrio do povo russo.

E fez desse sentimento bandeira de campanha e leitmotiv da sua governação.

A exaltação da grandeza da nação russa conduziu mesmo a exibições públicas do poderio militar russo e da hipotética utilização do mesmo face a qualquer ameaça externa.

A ameaça que agora Putin diz ser a possível adesão da Ucrânia à NATO e o estacionamento de tropas da organização militar às portas da Rússia.

Putin apresentou-se como o defensor do povo e como o representante supremo do orgulho pátrio.

E é assim que se continua a comportar.

Putin discursa para dentro, para a Rússia, com a China a ouvir.

E é por isso que Jans Stoltenberg fala em entendimentos, em conversas, e no mesmo dia Putin responde com a capacidade nuclear russa.

O Patriot Park, que exibe soldados, bonecos ou mesmo reais, e onde as crianças são convidadas a conhecer os tanques de guerra russos, é a metáfora perfeita.

Não é um Portugal dos Pequenitos, são mini tanques equipados com simuladores de tiro, réplicas de metralhadoras e bazucas para as crianças utilizarem.

Ser fotografado na réplica de um tanque de guerra, segurando uma réplica de uma Kalachnikov, é a glória suprema de uma criança na Rússia de Putin.

Ele próprio a ser frequentemente fotografado com armas, em tronco nu em cima de um cavalo, a jogar hóquei no gelo.

Poder bélico, músculo, força bruta e orgulho pátrio desmedido.

O sonho da grande nação russa a reerguer-se depois da queda do Muro de Berlim.

Com esta mentalidade o diálogo é muito complicado, o bom senso encontra pouco terreno fértil para crescer.