Recomendações de viagem

Ouvir as recomendações de viagem no Ano Novo Lunar por parte dos Serviços de Saúde de Macau despertou o agent provocateur que há em mim.

Solicitar aos residentes e não residentes que evitem deslocações ao interior da China durante o Ano Novo Lunar faz todo o sentido.

E vem na linha das medidas de prevenção da pandemia que todos vimos observando há já longos meses.

Mas soa a injustiça.

O pedido educado a quem pretende deslocar-se ao interior da China contrasta fortemente com a política dura e inflexível que atinge outros residentes.

Os mesmos que estão virtualmente impedidos de sair e que, caso o consigam fazer, enfrentam uma longa e penosa quarentena à chegada.

Se queremos ser justos então essa quarentena teria que ser extensiva a todos os que se deslocassem ao interior da China na quadra festiva que se aproxima.

Se quem entra em Macau, sempre com testes de ácido nucleico negativo emitido num prazo definido pelos Serviços de Saúde, enfrenta a quarentena, porque é que isso não acontece a quem vem do interior da China?

Só de algumas zonas, bem sei.

Mas não fica bem.

E essa abertura, esse “pacto de confiança” (Marcelo Rebelo de Sousa), tem dado muito maus resultados noutras geografias.

Política, saúde, e política de saúde, é preciso que as fronteiras entre todas fiquem bem claras e bem definidas.