CIDADANIA

Nunca gostei de pessoas que cospem no prato onde comem.

A imagem é nojenta, repugnante, precisamente como a personalidade que retrata.

Mas também nunca gostei de gente conformada, cegamente obediente, acrítica.

Gosto de gente que sabe o que é cidadania e a procura praticar todos os dias da sua vida.

Gente que conhece os seus direitos e os seus deveres e que não se abstém de os exercer na sua vivência diária.

Porque, como nos ensinou Benjamin Franklin, “quem abre mão da liberdade em troca da segurança não merece uma nem outra e arrisca-se a perder ambas”.

Ouvir gente com responsabilidade pública, inclusivamente na área da formação, demonstrar um confrangedora ignorância acerca do que é e no que se traduz o princípio “um país, dois sistemas” não me pode deixar indiferente.

Foi o País, a Pátria, quem quis os dois sistemas, quem a isso se comprometeu legalmente.

Em apenas dois locais da imensa China, à partida por um período temporalmente limitado, com objectivos bem definidos e que deviam ser de todos conhecidos.

Continuar a encher a boca e o espaço público com o estafado paleio da “formação de talentos” para depois demonstrar uma aflitiva ignorância não nos pode levar por bom caminho.

Espero que ainda estejamos a tempo de inflectir este perigoso caminho.

Porque, a continuar nesta direcção, a única imagem que consigo visualizar é estar à beira do precipício e dar um passo ...em frente.