A língua inglesa outra vez


Insidiosamente, de mansinho, a propósito de tudo e de nada, de quando em vez lá vêm umas alminhas sugerir uma maior utilização da língua inglesa em Macau. 
Não seria criticável, seria até saudável, não fosse a intenção que esta pseudo-sugestão e pseudo-preocupação esconde, a mesma de sempre aliás - uma menorização do estatuto da língua portuguesa enquanto língua oficial da Região Administrativa Especial de Macau.
Ao arrepio da lei, do que é a vontade política de Pequim, estas vozes que se fazem ouvir quando menos se espera recusam aceitar a realidade.
Desta vez foram os membros da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa a sugerir que fosse reconhecido estatuto legal à língua inglesa, supostamente para acelerar a construção e a operacionalidade do futuro Hospital das Ilhas.
Estatuto oficial a propósito de quê?
A língua inglesa deve ser utilizada na Região Administrativa Especial de Macau?
Estamos de acordo.
A língua inglesa e outras línguas até.
Quantas mais melhor. 
A língua inglesa até já o é em muitos domínios, nomeadamente nos hospitais e centros de saúde.
Se os senhores deputados desconhecem essa realidade é porque realmente vivem alheados da cidade.
Estatuto oficial?
O estatuto oficial, por decisão e vontade de Pequim, consagrada legalmente a nível interno (Lei Básica) e internacional (Declaração Conjunta) é concedido às línguas chinesa e portuguesa.
Mas não impede que sejam utilizadas outras línguas na convivência diária das pessoas e no seu relacionamento com as entidades oficiais.
Não tenham pressa, senhores deputados, que 2049 é já ali.

Comentários

  1. Vão passar a utilizar o português como língua oficial em Hong Kong, Pedro? Se assim é não acho mal.

    Aquele abraço, meu amigo.

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    1. Ora aí está o que se chama pôr o dedo na ferida, Ricardo - foi a China a querer, e ainda quer, que a língua inglesa fosse língua oficial em Hong Kong e a língua portuguesa língua oficial em Macau.
      Quando é que estas luminárias vão perceber isso??
      Aquele abraço

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  2. Pois, estou de acordo: qto mais línguas melhor, não esquecendo nunca a portuguesa, pke Macau foi nossa colónia.

    Beijinhos, Pedro!

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    1. Muito mais que o passado, o presente e o futuro, CÉU - a China quer a língua portuguesa como língua oficial em Macau.
      E esse estatuto está legalmente consagrado.
      Beijinhos

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  3. é uma "invasão" Pedro! e não é só nos filmes :(
    é necessário contra-atacar :) os portugueses são muito reservados relativamente ao que têm,
    colocar o máximo de ideias em cima da mesa, para promover a língua de Camões, um dia vi um video sobre os meninos de Macau que todos os anos fazem um desfile de visita à tal gruta, será que ainda acontece ?!
    bom dia para si
    Angela

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    1. Essa tradição continua todos os 10 de Junho, Angela
      Um bom dia para si

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  4. Pedro, o que se passa com/em Macau?
    Está tudo doido ou simplesmente a procura de satisfazer os interesses disparou?
    Um abraço

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    1. Esta questão da língua já faz cócegas a muito boa gente há muito tempo, António.
      Cocem-se!!
      Aquele abraço

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  5. Admira? Vamos ali ao Algarve e atendem-nos em inglês. Não percebo como pudemos ser tão pouco zelosos da nossa língua. Se formos a Londres, ninguém nos atende em português.
    Abraço

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    1. Em Macau quem faz mais força para que o português seja fonte de diferenciação é a China, Elvira Carvalho.
      Algo que estas criaturas parecem não perceber...
      Abraço

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  6. Ninguém imagina o que sinto quando vejo criaturas que deveriam ser as primeiras a defender a Língua Portuguesa serem , ao invés disso, as primeiras a não a respeitar!!

    E se ainda , em Macau e restantes antigas colónias , até posso compreender ( que é diferente de aceitar) uma certa recusa do idioma do colonizador - irrita-me profundamente esta estupidez de se usarem termos estrangeiros ou aportuguesados substituindo as palavras portuguesas.

    Por exemplo : "Handicapado" por "Deficiente " e "Soft" por "Suave".

    O cúmulo da aberração é, evidentemente, o mais recente Acordo Ortográfico, cuja justificação é inaudita, pois se baseia em interesses comerciais.

    Sabemos perfeitamente que qualquer Língua actual se vai modificando como algo vivo que é, mas jamais por Decreto !!

    Peço desculpa pelo alongamento do comentário, Pedro .

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    1. Não peça desculpa, São.
      Pelo contrário.
      O problema destas mentes é esse mesmo, São - complexo colonial perfeitamente parvo e descabido.
      É a China que quer que o Português continue como língua oficial de Macau.
      Só a estupidez, de quem não percebe isto e porquê, podem justificar tais atitudes.

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  7. os portugueses, parece-me, também não fazem muito por reforçar o uso do Português, na china, em Timor, na Índia ou mesmo no Japão. Por portugueses entenda CPLP, Instituto Camões e sucessivos governantes. Não há uma politica da língua, não há uma estratégia e podemos perder oportunidades e pagar caro por isso

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    1. "Não há uma politica da língua, não há uma estratégia".
      Na mouche, Tétisq.
      não há nem nunca houve.
      Ao contrários dos ingleses e dos franceses por onde passaram.

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  8. Creio ser normal nos hospitais e outros serviços públicos, uma vez que serão utilizados por indivíduos de todas as nacionalidade e o inglês é (quase) universal na sua vertente mais básica. Quanto ao resto, creio não haver necessidade... ;)

    Beijocas

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    1. A utilização da língua inglesa acontece naturalmente, Teté.
      Responde a necessidades básicas de comunicação.
      Daí até atribuir à mesma estatuto e dignidade oficial vai um passo que não deve ser dado.
      Beijocas

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  9. hahaha já está quase chegando! =P
    abraço.

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    1. Citando um célebre político, "olhe que não, olhe que não", Sara com Cafe
      Abraço

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  10. I quite agree.... E qual é a opinião dos portugueses no meio disto tudo?!...

    Kisses and hugs...

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    1. Há os que, aos costumes, dizem coisa nenhuma.
      E há os que não são capazes de ficar calados e dão murros na mesa.
      Adivinhe em que categoria me insiro...
      Beijinhos

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  11. Creio que é apenas uma questão de tempo, até que esse desejo se torne realidade, Pedro.

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    1. Não, Carlos, não será.
      O estatuto da língua portuguesa faz parte de um quadro muito mais vasto que tem a ver com a estratégia de Pequim no quadro da Lusofonia e com o plano de Pequim de fazer de Macau um centro difusor da língua portuguesa na Ásia.
      Só o Jogo não chega...

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  12. Na minha modesta opinião acho que esse passo jamais deveria ser dado e manter o que está oficializado. Mas os malditos "lóbis" conseguem destruir tudo porque a nível mundial cada vez mais surgem deputados acéfalos.

    Beijocas

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    1. Não acredito que isso venha a suceder aqui, Fatyly.
      É Pequim que quer e é Pequim quem manda.
      Beijocas

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