Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e o filme Face/Off


Assistindo aos últimos desenvolvimentos políticos em Portugal, especialmente ao confronto aberto entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, lembrei-me do filme Face/Off, especialmente do momento em que os dois protagonistas decidem que a solução para resolver o diferendo que os opõe é matarem-se um ao outro.
Pedro Passos Coelho encarregou Paulo Portas de apresentar um projecto de ampla reforma do Estado.
A tal reforma constantemente falada e também constantemente adiada.
Tarefa hercúlea, presente envenenado, pensou-se.
Era isso, mas não era só isso.
Era também uma forma de, à partida, Pedro Passos Coelho condicionar a actuação de Paulo Portas.
Especialmente quando apresentasse novas medidas de agravamento fiscal, sobretudo na vertente que atinge os pensionistas, uma das bandeiras políticas Paulo Portas há já muitos anos.
Antecipando uma reacção negativa, que se veio a verificar, por parte de Paulo Portas, Pedro Passos Coelho pensou que nunca ficaria a perder neste jogo de sombras.
Se Paulo Portas não aceitasse as novas medidas de agravamento fiscal, como veio a acontecer, ficaria com o odioso de avançar mais rapidamente na reforma do Estado.
Com os inevitáveis cortes na despesa do funcionamento da máquina administrativa, coisa que, invariavelmente, implica redução dos quadros de pessoal ao serviço do Estado e cortes nas regalias que os servidores do Estado auferem.
Paulo Portas, certamente consciente do que está em jogo, fez o que se esperava - recusou liminarmente as medidas de agravamento fiscal que afectem os pensionistas e, ele próprio, apresentou imediatamente como alternativa uma redução de despesas com o funcionamento do Estado.
E foi então que, na minha imaginação, evoquei o filme Face/Off.
Pedro Passos Coelho não pode fugir ao facto de ter apresentado ao país novas medidas de agravamento fiscal a incidirem nas classes mais desfavorecidas.
Fica mal na fotografia.
Paulo Portas recusa essas medidas mas vai ter que mexer no funcionamento do Estado, reduzir despesas e pessoal.
Será muito difícil que não fique mal na fotografia.
John Travolta e Nicolas Cage, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas; e a frase que se repete na minha imaginação - "let's just kill ourselves"

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    Será desta vez que a Porta cai em cima do Coelho?
    O negativo do filme já nós vimos, falta agora ver o filme em si e em colorido!...
    Abraço amigo

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    1. Não creio, Amigo Cambeta.
      O Paulo Portas vai mesmo ter que apresentar uma ampla reforma do Estado.
      Dependendo da reacção às propostas dele, no Governo, na concertação social, na rua, aí sim poderemos ver o que acontece com o actual Governo.
      Aquele abraço!

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  2. Verdade verdadinha, Pedro!

    Aquele abraço!

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    1. O pior é que arrastam outros com eles, Ricardo :(
      Aquele abraço!

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  3. Ainda bem que saí a tempo da função pública - Ainda bem que me reformei há quase 3 anos, já saltei a "barreira" e agora na condição de aposentado, já tenho mais gente que me defenda para além do PCP e do Bloco de Esquerda. Agora já posso contar com o PS e com o CDS para me defenderem também para me segurarem o mais possível o valor da pensão que recebo. Mesmo assim ela já foi reduzida: fazem-me pagar para a ADSE; aumentaram-me o IRS e também me cortaram nos subsídios.
    Mas os que ficaram e que não aproveitaram para sair da função pública, embora já estivessem em condições de o fazer, estão a ficar pior de ano para ano, "they are all focked" (tradução: eles estão todos lixados), porque já pagaram bastante, continuarão a pagar e qualquer dia até acabam com as aposentações antecipadas e vão ter que ficar no seu posto de trabalho até aos 66, 67, quiçá até aos 70 anos se lá chegarem, apesar de "haver funcionários públicos a mais", conforme dizem os nossos políticos há muitos anos. E por doença, só saem se ficarem com diagnóstico de morte a curto prazo ou acamados e mesmo assim, muitos deles terão que ir a Juntas Médicas em local que lhes será indicado. Alguns deles (os que não tiverem apoio familiar) irão morrer em casa abandonados sem conseguirem receber a pensão a que têm direito e para a qual descontaram, porque já não podem tratar da aposentação e o Estado não os vai procurar. Se for proprietário da casa que habita, passados 13 ou mais anos as Finanças deverão mandar um funcionário a sua casa, a fim de saberem porque não pagou o IMI (aconteceu recentemente um caso destes).
    Zé da Burra o Alentejano

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    1. Meu caro Zé da Burra, o Alentejano (tem que ser Alentejano para ter este sentido de humor)
      Converso muitas vezes com a família e amigos acerca desta situação - o que faria eu se, depois de uma vida de trabalho, de uma vida de pagamento de impostos, de descontos no vencimento, de contribuições para a Segurança Social me viessem dizer - nada feito.
      Não só não lhe pagamos o acordado como ainda lhe vamos descontar mais.
      Não é justo, não há justificação.
      Há limites para tudo.
      E estão a ser ultrapassados.
      Seja lá quem for que realmente toma estas decisões.
      No meio desta situação intolerável ainda vir com politiquice é, no mínimo, revoltante.
      Tome lá um abraço!

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  4. Agora compreendo porque é que você me disse que não tenciona mais voltar para Portugal para viver, que é a sua terra, e que quer, como eu, permanecer em Macau, a minha terra. E eu ia jurar que era por causa das chinesinhas. Realmente Portugal vai de mal a pior e o melhor é mesmo estar longe dele. :P

    Abraço, amigo.

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    1. FireHead,
      Não imagina o quanto me entristece ver o nosso País ser tratado desta maneira.
      O que sentirão aqueles que esto a ser atingidos por estas medidas?
      Nem consigo imaginar.
      E, sem querer ser populista, os bancos não foram recapitalizados exactamente para injectarem dinheiro na economia, no mercado?
      Onde é que esta esse dinheiro?
      Aquele abraço!!

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  5. Curioso o 'frente a frente' Coelho x Portas.

    Numa sexta feira, Coelho, o primeiro ministro, diz umas coisas, ciente de que estaria a ser dono da verdade através da imposição e em nome não se sabe bem de quê para, na segunda feira imediata - três dias após - Portas, na pele de líder do seu partido político (CDS) contrariar o seu colega de governo.
    Dizendo outras coisas, em sentido inverso e apresentando alternativas.

    Convém não esquecer que o líder Portas é, também, ministro. Pode parecer que não, mas é do mesmo governo que Coelho.

    Se Coelho ficou mal na fotografia, e assim vai continuar, Portas conseguiu perceber a presença do fotógrafo e sorriu.
    O que pode significar ser a sua fotografia muito mais colorida e agradável de ver.

    O futuro próximo, confirmará.
    Vou por Portas. As suas ideias beneficiam os mais idosos. Logo, Portas recolhe simpatia numa 'zona' que lhe tem sido desfavorável.

    Agradecem os pensionistas, agradece Portas e o seu partido. Eleições autárquicas à porta e sondagens que vão enterrando um Coelho cada vez mais a caminho da 'toca'.

    Aguardemos. Até Outubro, numa primeira fase, atá ao final do ano, início de 2014, numa segunda.

    Aquele abraço a Oriente.

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    1. António,
      Mesmo que haja um desastre nas autárquicas, PPC já foi avisando que não se demite.
      E a gente sabe que o PR também não o demite.
      A única hipótese é mesmo que as comadres desavindas se liquidem.
      Mas olhe que não acredito que PPC tenha ficado chateado com a reacção do seu ministro
      Era isto que ele esperava e que ele queria.
      Porque assim encosta Paulo Portas às cordas com a tarefa terrível da reforma do Estado.
      Bem mais complicada que aumentar impostos e taxar pensões a velhinhos
      Aquele abraço!!

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  6. Sabe o que me parece? Que Passos fez de Pide mau na sexta e Portas de Pide bom no domingo...embora não saiba se leram o manual secreto dado pela democrática CIA à polícia política do Estado Novo.

    Boa semana

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    1. Foi um filme bem montado e bem representado, São.
      Foi essa a sensação com que fiquei.
      Mas mete-me impressão que, numa época tão complicada, com pessoas a passarem por genuínas dificuldades, se ande a brincar à politiquice.
      Boa semana para si também!

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  7. Era sorte a mais que se matassem um ao outro, como no filme pretendem. Aliás, detestei o filme, acho o Nicolas Cage um bocado canastrão e o John Travolta tem dias... E o argumento também não tinha pés nem cabeça! Aliás, só por isso já tem alguma parecença com esta dupla, que infelizmente está mais preocupada em permanecer no poleiro do que com o povo português... :P

    Beijocas!

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    1. Teté,
      Dois filmes maus - o Face/Off e este que o Coelho e o Portas interpretaram.
      Mesmo assim, se tivesse que optar, optava pelo Face/Off.
      Beijocas!

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  8. Pedro,
    Uma excelente comparação.
    É o Portugal que temos e as gerações mais novas sem futuro. :(
    Beijinho.:)

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    1. ana,
      Infelizmente, a conta deste desvario vai ficar para pagar para as gerações vindouras.
      E já vem sendo assim há muitos anos.
      Não foi assim que fui educado, ana.
      Os meus pais, os meus avós, sacrificaram-se para eu ter uma vida melhor, não foi para me deixarem problemas.
      Esse paradigma parece que sofreu uma alteração radical.
      Para pior, diria eu.
      Beijinho!

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  9. Só que antes de se matarem deixam o povo moribundo.

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    1. Esse é o grande problema, luisa.
      No meio destes floreados políticos, os portugueses é que sofrem :(

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  10. Curiosos são os acontecimentos uma semana depois e a nova postura do PPortas, por falar em Face/Off eles mereciam era uma DIRECTA como a dos aviõezinhos...

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    1. O pior é que, o que andam a fazer, não é um filme, Poppy :(

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