Beber veneno para matar a sede


Beber veneno para matar a sede é uma expressão que faz todo o sentido quando aplicada ao cenário político português pós- geringonça.
Quando Jerónimo de Sousa avançou com a possibilidade de PS, PCP e Bloco de Esquerda formarem governo, apesar de não terem ganho as eleições, o que estava a fazer era dar um copo de veneno aos seus parceiros.
Os quais, sôfregos, sedentos, se apressaram a beber o néctar que lhes era oferecido sem procurar saber a sua proveniência e possíveis efeitos secundários.
Anos depois, estão ambos à vista.
O PS saiu da geringonça partido ao meio.
Lutas internas, de grandes egos, que corporizam diferentes facções, não permitem ao partido ter um rumo, um caminho, um posicionamento.
Ao deslocar-se para a esquerda, este PS passou a ser um híbrido.
Que, na ânsia de captar votos à esquerda, permitiu o aparecimento de fenómenos populistas à direita.
O Bloco de Esquerda, ele próprio uma enorme geringonça, vivia das grandes figuras fundadoras, e, mais tarde, do carisma e simpatia de Catarina Martins.
Com a saída de todas estas figuras do espaço mediático, sem que fossem substituídas por outras minimamente mobilizadoras, o partido vai caminhando para a irrelevância.
Ficou o PCP, fiel aos seus princípios, ligado ao operariado e aos sindicatos.
O único a verdadeiramente ganhar um balão de oxigénio com a geringonça.
O único que verdadeiramente matou a sede (de poder) sem ter bebido veneno.

Comentários

  1. O PCP segue o exemplo de Álvaro Cunhal : tem uma ideologia própria e segura e mantém-se fiel aos seus princípios.

    É algo que temos a obrigação de lhe reconhecer, mesmo quando não temos nenhuma simpatia pelo comunismo.

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    1. Respeito essa postura, São.
      Aquele é o espaço do PCP, a convicção do Partido.
      Depois somos nós, os eleitores, a aderir ou não.

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    2. O partido comunista português continua preso no passado.
      A revolução de outubro que aconteceu em novembro não saia da sua mente. A Russia de 1917 não é a Russia de hoje.
      Wladimir Putin não é comunista e apoia monetariamente os partidos da extrema-direita. A escolha de Paulo Raimundo como líder foi um grande tiro no próprio pé.

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    3. Recrutar elementos dentro dos sindicatos ou do operariado.
      É assim desde Álvaro Cunhal, Teresa.

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  2. Não consigo ter opinião sobre o que dizes porque a meu ver perderam todos e ganharam fama. Já faz parte do passado e neste momento temos uma salada de partidos que é dose! Desculpa amigo!
    Abraço e um bom dia

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    1. Saiu dali uma linda confusão.
      Que fez crescer e muito ... o CHEGA.
      Abraço

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  3. O PCP, indiferente às perdas que tem sofrido, continua sempre a professar as suas ideologias.
    Bjs

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  4. Bom dia. Uma excelente quinta-feira, com muita paz e saúde. Acho que essa expressão, muitas vezes se aplica ao Brasil.

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  5. A pluralidade/egocentrismo/ luta pelo protagonismo do PS não decorrem da Geringonça.
    Sempre existiu essa luta interna, só que foi sendo abafada por lideranças fortes.
    E é o que não temos agora, nem no PS, nem em nenhum partido.

    Abraço

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    1. Não é pluralidade, é um saco de gatos dividido entre quem arranha mais à esquerda e mais à direita.
      O centro ficou afastado e não é bem visto.
      Abraço

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  6. Quer parecer-me, ainda que sem poder para grandes pereceres, que quem se lixou no meio desta salgalhada foi mesmo o mexilhão, Pedro!
    O PS anda agora atordoado sem saber a quantas anda. O PCP cada vez se sente mais perdido. No meio disto tudo ganharam os líderes do PS e do BE. Alcançaram o seu objectivo de nadar em brandas e frutíferas águas, e nós, por cá ficámos às voltas com os eternos problemas tugas...
    E os burros são eles...?
    Beijinhos

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    1. Ah, Pedro...esqueci-me de fazer referência à imagem que está fantástica.
      Na geringonça, toda desmantelada, lá vai ao volante Mr. Costa, sob o comando de Dom Jerónimo...a indicar o caminho. Uma beleza, enquanto durou... :-)

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    2. A Catarina e o Costa é que a sabem toda, Janita.
      Era o Durão Barroso que era um bandido por ter fugido para a Europa.
      Tá bem abelha!
      Beijinhos

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  7. Na noite de 4 de outubro de 2015, Passos e Portas preparavam-se para formar Governo, mas já PS, BE e PCP tinham dado passos que abriam portas ao inédito entendimento da esquerda.

    A chamada „geringonça“ reduziu o BE e PCP à insignificância. O mínimo número de deputados desses dois partidos depois da caída da „geringonça“ confirmam o que aqui escrevo.

    António Costa era um líder forte, ambicioso que nunca olhou a meios para alcançar os seus objetivos. O novo líder do PS é fraco e encontra-se entalado entre a ala esquerda e a ala direita.

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    1. E perdido ali no meio.
      O tolo no meio da ponte.
      Este PS é um saco de gatos, nada mais que isso.

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  8. Pois desta vez não concordo. O PCP está a desaparecer tanto como os restantes. A verdade é que os políticos que ora temos não prestam. Não são confiáveis e pouco lhes interessa o bem comum. A casa da democracia dá-nos os exemplos que dá. Este é um mau momento da política. E era mesmo agora que mais nos fazia falta uma boa mão cheia de bons políticos realistas e capazes de agir.

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    1. Os chamados senadores fugiram do país, bea.
      O PCP sobrevive.
      Com os mesmos militantes, os mesmos devotos.
      Já o Bloco de Esquerda acredito que não terá grande futuro.
      Ainda mais agora sem uma liderança forte e com o Livre a morder os calcanhares.

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