Beber veneno para matar a sede
Beber veneno para matar a sede é uma expressão que faz todo o sentido quando aplicada ao cenário político português pós- geringonça.
Quando Jerónimo de Sousa avançou com a possibilidade de PS, PCP e Bloco de Esquerda formarem governo, apesar de não terem ganho as eleições, o que estava a fazer era dar um copo de veneno aos seus parceiros.
Os quais, sôfregos, sedentos, se apressaram a beber o néctar que lhes era oferecido sem procurar saber a sua proveniência e possíveis efeitos secundários.
Anos depois, estão ambos à vista.
O PS saiu da geringonça partido ao meio.
Lutas internas, de grandes egos, que corporizam diferentes facções, não permitem ao partido ter um rumo, um caminho, um posicionamento.
Ao deslocar-se para a esquerda, este PS passou a ser um híbrido.
Que, na ânsia de captar votos à esquerda, permitiu o aparecimento de fenómenos populistas à direita.
O Bloco de Esquerda, ele próprio uma enorme geringonça, vivia das grandes figuras fundadoras, e, mais tarde, do carisma e simpatia de Catarina Martins.
Com a saída de todas estas figuras do espaço mediático, sem que fossem substituídas por outras minimamente mobilizadoras, o partido vai caminhando para a irrelevância.
Ficou o PCP, fiel aos seus princípios, ligado ao operariado e aos sindicatos.
O único a verdadeiramente ganhar um balão de oxigénio com a geringonça.
O único que verdadeiramente matou a sede (de poder) sem ter bebido veneno.
O PCP segue o exemplo de Álvaro Cunhal : tem uma ideologia própria e segura e mantém-se fiel aos seus princípios.
ResponderEliminarÉ algo que temos a obrigação de lhe reconhecer, mesmo quando não temos nenhuma simpatia pelo comunismo.
Respeito essa postura, São.
EliminarAquele é o espaço do PCP, a convicção do Partido.
Depois somos nós, os eleitores, a aderir ou não.