Laissez faire laissez passer e os Martin Shkreli deste mundo

Colbert terá sido o primeiro a exprimir a ideia laissez faire laissez passer junto do grande público.

Uma frase que o comerciante Legandre teria antes ouvido do Marquês de Argenson em meados do século XVIII e que transmitiu a Colbert em diálogo com este.

Esta frase, e a ideia que lhe subjaz, é a base do liberalismo económico.

O mercado não precisa de regulação porque as forças da oferta e da procura vão naturalmente ajustar-se e auto - regular-se.

A conhecida e tristemente célebre teoria da mão invisível que regula o mercado de Adam Smith.

Uma teoria que a prática tem desmentido.

Porque a ganância existe, não conhece limites, e o capitalismo selvagem tem de ser domado para que não se torne destrutivo.

Pergunte-se aos Martin Shkreli deste mundo se ainda restarem dúvidas.

Para quem não conhece Martin Shkreli, fica a informação que se trata de um escroque que, entre outras falcatruas, comprou os direitos de uma droga que salva os doentes de SIDA e de outras doenças incuráveis que afectam o sistema imunológico (Daraprim) e aumentou o preço da mesma cinco mil vezes da noite para o dia.

A mão invisível afinal é tão visível.

É a mão da indecência, da gulodice sem fim, da falta de vergonha, da ausência de pudor.

Que tem de ser contida para não arrastar tudo à sua passagem.

Shkreli, o bandido, o assassino, foi preso, cumpriu pena, foi obrigado a devolver alguns dos muitos milhões que ganhou com a desgraça alheia .

E agora anda por aí à solta.

Ele e quantos mais?

Sem regulação, se forem deixados à solta, se formos tentados a laisser faire laisser passer, do que serão capazes, quais serão os limites?