Concordar em discordar

 

Estou a acompanhar com um misto de curiosidade, interesse e esperança, as visitas de altos responsáveis do governo dos Estados Unidos a Pequim.

Julgo que começa a ser claro para as duas maiores potências a nível mundial a absoluta necessidade para todos de adoptar uma visão pragmática no relacionamento bilateral e concordar em discordar.

China e Estados Unidos têm visões opostas em questões relacionadas com a organização política do Estado, os direitos humanos, as liberdades individuais.

Querer impor uma visão, um ponto de vista, tem invariavelmente conduzido a conflitos, a paralisia, até a guerras.

Que não beneficiam ninguém, que prejudicam demasiados inocentes.

Negociadores hábeis, experientes, com grande tarimba e mundividência, dos dois lados, estão a querer abandonar esta mentalidade de guerrilha, do certo e errado, do preto e branco.

E a adoptar a filosofia e o pragmatismo asiáticos, a concordância nas matérias em que tal é possível, ainda que seja no menor denominador comum, e a certeza que vão continuar a concordar em discordar.

Esta nova abordagem, que se adivinha, que já se sente, a todos beneficia.

E abre uma janela de esperança num mundo em que cada vez mais portas se fecham.

You may say I'm a dreamer...