Jeringuenza, artilugio, aparato

 

Conhecidos os resultados finais das eleições em Espanha todos ouvimos os discursos de vitória.

E julgo que todos ficámos com a sensação que todos ganharam e ninguém perdeu.

Discursos e avaliações à parte, só uma certeza fica – Espanha vai ter a sua geringonça.

Em mais um país profundamente dividido, nenhum partido reúne condições para governar sozinho.

Com o mau resultado do Vox (a extrema direita espanhola terá sido mesmo a grande derrotada destas eleições), a hipótese de uma geringonça à esquerda é a que se assemelha mais provável e viável.

Não há Jerónimo de Sousa para dizer que o PSOE só não governará se não quiser, mas há Yolanda Diáz a dizer que a partir de amanhã teremos um país melhor.

Está escancarada a porta para um entendimento do Sumar com o PSOE, os pequenos partidos regionais, e para a formação de uma maioria parlamentar de esquerda.

O cenário mais provável e o único que poderá garantir a governabilidade no imediato.

Adivinham-se negociações complicadas, jogos de bastidores, declarações públicas apaixonadas.

Para chegar a uma jeringuenza, artilugio, aparato, ou então a mais um longo período de caos político em Espanha ao qual se seguirá a convocação de novas eleições num momento em que a Espanha vai presidir aos destinos da União Europeia.

Alberto Nunes Feijoo sabe que assim é e que a sua foi só mais uma das muitas vitórias de Pirro.