A voz do dono e o dono da voz

Chico Buarque deu-nos grandes pérolas literárias e musicais.

A voz do dono e o dono da voz é só uma delas.

Mas lembrei-a mais uma vez ao ouvir a retórica inflamada e patética da marioneta do Kremlin.

Medvedev, sendo o dono da voz, falava com a voz do dono.

Sempre manobrado pelo sinistro Putin, esta figurinha ridícula papagueava o discurso que o mestre lhe ensinara.

Lembrei os tempos de praia na infância e os célebres “Robertos”, como então eram conhecidas as marionetas que iam sendo apresentadas no areal da Figueira da Foz ou no jardim público.

A ideia, então e agora, era distrair o pagode.

Colocar armas nucleares na fronteira com os países nórdicos se estes aderirem à NATO?

No que diz respeito a armas nucleares, julgo eu que nem de fisgas percebo muito, interessa muito menos saber onde estão colocadas do que para onde estão apontadas e serão dirigidas.

O discurso do “Roberto” russo e o do “boneco” coreano são mesmo só para entreter o pagode, para boi dormir, recorrendo a uma conhecida expressão brasileira.

A diferença é que o coreano é o dono da voz e o russo fala com a voz do dono.