O caso Robles e Frei Tomás


Que fique bem claro logo à partida que não tenho nenhuma visão pecaminosa ou franciscana no que quer que se relacione com dinheiro. 
Muito menos no que se refere a negócios, à realização de mais-valias, lucro. 
E não é isso que está em causa também na venda de um prédio urbano que colocou por estes dias o dirigente do Bloco de Esquerda Ricardo Robles no centro do espaço público noticioso em Portugal. 
Também não há, pelo menos que se conheça, qualquer ilegalidade no negócio milionário que Ricardo Robles consegue fazer. 
Nem, opinião muito pessoal, nada de imoral em conseguir um lucro de 500% na compra e venda de um imóvel no espaço de quatro anos. 
Ricardo Robles comprou barato, reabilitou, vende caro. 
A questão que se coloca neste caso é muito simplesmente uma questão de coerência e hipocrisia. 
Tudo o que o Bloco de Esquerda demonizou ao longo dos anos está presente no negócio que Ricardo Robles realiza. 
Especulação imobiliária, despejo de inquilinos para que o dono do prédio possa lucrar com a sua venda, as demoníacas agências de intermediação imobiliária que facilitam a tão criticada especulação imobiliária, os lucros extraordinários, está lá tudo. 
O que é que eu faria se estivesse na situação de Ricardo Robles? 
Obviamente realizava o negócio com a mais – valia extraordinária que o dirigente bloquista consegue. 
Com a grande diferença de eu não ter andado ao longo dos anos a debitar um discurso que a prática desmente por completo. 
E não ter coragem para vir publicamente apresentar uma série de pseudo - justificações absolutamente infantis e patéticas para a minha conduta. 
“Que bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz”. 
Qualquer semelhança entre a conduta de Ricardo Robles e este conhecido provérbio português não terá sido mera coincidência. 
E terá sido a razão que levou Ricardo Robles a perceber que estava politicamente liquidado e consequentemente a pedir a demissão de todos os cargos políticos que ocupava. 
Não sabemos se envergonhado, sabemos apenas que muito mais financeiramente desafogado (não se diz rico que os bloquistas acham isso uma ofensa).

Comentários

  1. É verdade. Não há nada de errado nisso.Quem de nós não faria o mesmo se tivesse oportunidade. O mal é ele pertencer a um partido político que faz da luta contra a especulação um cavalo de batalha. Abraço

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    1. Essa é a questão, Elvira Carvalho.
      E foi por isso que teve que sair de cena.
      Pena foi que ele e outros dirigentes do Bloco tenham tentado justificar o injustificável.

      Mas não lhe podemos chamar hipócrita e sermos nós hipócritas também.
      Se nos fosse dada uma oportunidade igual à que ele teve íamos dizer não, não quero??
      Sabe quem é que parece que não gostava mesmo nada de dinheiro?
      São Francisco de Assis.
      Só ele.

      Abraço

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  2. Tenho a mesma visão e acho que demorou a largar o "tacho". Depois a justificação que era para a irmã, depois esta desistiu...que indemnizou todos os inquilinos afinal há um processo em tribunal etc, etc. Estava a fazer um trabalho impecável e borrou a pintura toda e Catarina Martins foi a cereja no topo do bolo que veio abaixo.

    Beijocas e um bom dia

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    1. Colocou-se, e quem o procurou defender a todo o custo, numa situação insustentável, Fatyly.
      Não é por ganhar muito dinheiro, fazer uma grande negócio (quem é que não o faria??).
      É por ser hipócrita e querer fazer dos outros estúpidos.
      Beijocas

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  3. Se queria entrar nesse tipo de negócio, devia ter cuidado no que disse ao fala de especulação imobiliária...não devemos ter dois pesos e duas medidas....

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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    1. Isto de atirar pedras é um chatice, Isabel Sá.
      Sobretudo quando se tem, ou pode vir a ter, telhados de vidro.

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  4. Concordo, Pedro, o problema não é ele ter feito um investimento que lhe dá um lucro milionário, o problema é ele dizer uma coisa e faz exactamente o contrário do que diz. Isso é repugnante!
    Imagino quantos negócios parecidos, feitos por políticos da praça, estão no segredo dos desuses...
    Politicamente Robles "queimou-se" mas auguro-lhe um futuro de sucesso como investidor imobiliário!
    Agora, com mais tempo livre, que se dedique à gestão dos arrendamentos de curta duração das suas fracções no imóvel. Dá para ganhar dinheiro...
    Quanto à líder do BE, my God, desta vez meteu os dois pés na poça.
    PORTUGAL no seu melhor!
    Beijo.

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    1. Portugal no seu pior, teresa dias.
      Porque é que não se assumem os erros e se tenta fazer passar as pessoas por débeis mentais?
      Fez o contrário do que pregava, assumia isso, ia pregar para outra freguesia de bolsos cheios.
      Não, meteu os pés pelas mãos e levou outros a fazerem o mesmo.
      Que grande borrada!!

      A negociata??
      Se não há qualquer ilegalidade, e parece que não há, quem me dera conseguir um lucro daqueles em tão pouco tempo.

      Beijo

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  5. Ser político é fácil.
    Ser um político coerente é bem mais difícil.
    Ganhar dinheiro numa oportunidade não é, por si só, crime nenhum.
    Mas a cara tem de dizer com a careta.
    Caso contrário estamos num eterno CARNAVAL.

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    1. Estão por aqui a criticar a filha do Stanley Ho, Pansy Ho, por ter gasto uma fortuna (900 milhões de HKD, aproximadamente 90 milhões de euros) na aquisição de uma mansão de luxo em Hong Kong, João Menéres.
      Um valor absurdo e dinheiro ganho em Macau que é gasto em Hong Kong, dizem.
      Deixem-se de ser hipócritas, porra!
      Se tivessem os 900 milhões não compravam a mansão (o segundo prédio mais caro da Ásia)??
      Dor de cotovelo é lixada!!

      Mesma coisa com o Robles.
      O negócio não tem qualquer problema.
      Pelo menos que se saiba.
      E a inveja é uma coisa muito feia.
      Quem lhe critica o lucro conseguido não gostaria de conseguir o mesmo??
      O problema é a prática e o discurso serem opostos, essa é que é a questão.

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    1. E "morreu" mesmo, Francisco.
      Cuspiu para o ar e levou com o cuspo na testa.
      Aquele abraço

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  7. Não sei discutir politica. Porém todos querem poleiro.

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça- Feira

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  8. 500% lucro, wow! Tudo bem nao fosse ele contra a espedulacao...
    Enfim politiquices.

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    1. Exactamente, Sami - se a prática não contrariasse o discurso não havia problema nenhum.
      Repito e insisto - coerência e hipocrisia.
      Que o queimaram politicamente.

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  9. Com tanto 'diz que disse' confesso não ter percebido bem o negócio.
    Abraço, Pedro.

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    1. António,
      Desde que não haja nenhuma ilegalidade (acesso a informação privilegiada, "favores" na Câmara para alterar o prédio, coisas do género) ele faz um grande negócio.
      O que nunca pode ser o problema.
      O problema coloca-se ao nível político, ao nível do discurso político e da prática.
      E aí ele e alguns amigalhaços no Bloco de Esquerda estiveram muito mal, foram muito infelizes.
      Aquele abraço

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  10. Respostas
    1. Não sou nada dado a falso moralismo, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Se pudéssemos fazer um negócio destes recusávamos?
      Claro que não.
      Não é no negócio, na habilidade e esperteza do visado, que está o problema.
      É em fazer precisamente o que andou a criticar a outros durante anos.
      Aí é que borrou a escrita toda.

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  11. cada pessoa com sua perspectiva. e vida que segue!

    abraço.
    Sara.

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    1. Um abraço, Sara.
      E é muito bom quando cada um pode ter a sua perspectiva, não é?

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  12. Tanta polémica por Ricardo Robles ser membro de um partido da esquerda. Se fosse da direita tudo era legal. Seja da direita ou seja da esquerda. Será que alguém investe para perder?

    Tenha um bom dia de Teça-feira caro amigo Pedro Coimbra.
    Um abraço.

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    1. Amigo Eduardo,
      De esquerda, de direita, sem filiação partidária, para mim é igual.
      Não me interessa a cor, interessa-me a coerência.
      Já imaginou a Assunção Cristas a ser apanhada numa clínica que faz abortos, por exemplo???

      E obviamente ninguém investe para perder dinheiro.
      Nem é isso que está em causa.

      Aquele abraço

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  13. Se fosse de direita ninguém ligava porque tornou-se um mau "hábito" nos direitistas.
    Pelo menos Robles teve a decência de se demitir dos cargos políticos que ocupava.

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    1. Remeto para resposta que dei ao Edumanes, Magui.
      Quero lá saber se são de direita ou de esquerda!!
      Quero, exijo, que sejam coerentes.

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  14. Hipocrisia politica
    Tanto pregão que o fez cair no chão, e os falsos moralistas dos outros partidos que fazem jogatanas iguais vêm agora pedir a cabeça deste.
    Abraço

    Hoje em Caminhos Percorridos - RACISMO

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    1. Hipocrisia de quem critica a negociata (inveja??) ou de quem diz uma coisa e faz outra, Kique??
      E isso não tem cor política.
      Aquele abraço

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  15. Eu nem sei o que
    dizer.
    Mas gosto de me atualizar
    e depois voltar e de fato
    comentar.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  16. Olha... já eu acho uma imoralidade!
    Por se achar que não há problema nenhum... é que a especulação continua e continuará!

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    1. Oferta e procura, Afrodite.
      Vivo numa terra onde esses fenómenos atingem extremos.
      Ou há coragem política para estabelecer máximos de lucros em x anos ou vai continuar a ser assim
      Ou se regula o mercado, ou ele funciona como quer.
      Tão simples como isso.

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  17. Ontem escrevi sobre o caso e o Pedro conhece a minha posição, pelo que sabe que concordo com quase tudo o que aqui escreve. Apenas faço uma pequena correcção: Ricardo Robles não teve esse lucro, pela simples razão de o prédio ter sido retirado de venda em Abril...

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    1. E se tivesse tido qual era o problema, Carlos?
      Eu, se pudesse ter esse lucro, ou maior, não pensava duas vezes.
      O problema era outro.
      A nível político e não económico.

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  18. pelo menos o prédio ficou mais bonito com as obras de conservação !
    é que senão, ou seja sem dinheiro, não há reabilitação e tudo cai deteriorado, enfim ! haja coerência :)

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  19. A "Lei da oferta e da procura" é um facto. É uma realidade !
    Também não vejo mal em que assim funcione.

    Agora, bem diferente, é que não haja coerência entre aquilo que se apregoa e como se procede. Aí é que está o mal principal.
    Neste caso, agravado por se ter conseguido uma compra, absolutamente camuflada (por um vereador), que permita ao comprador lucros desta ordem, quando ele era (???) um dos maiores críticos dessas imoralidades especulativas ! ... Uma vergonha para o partido e para os políticos em geral !!!

    Abraço

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