Fuga ao Fisco
Tema recorrente, no dia-a-dia do cidadão comum, mas sobretudo nos períodos de campanha eleitoral, a fuga ao Fisco surge agora aos meus olhos com outros contornos e a outra luz.
Há muitos anos a residir e a trabalhar em Macau, e a pagar aqui os meus impostos, o meu relacionamento com o Fisco em Portugal é pode dizer-se virtualmente inexistente.
Ou melhor, era.
Tudo mudou em Setembro do ano passado.
Numa breve visita a Portugal, já no regresso a Macau, comprei uma prenda para a minha mulher no Aeroporto em Lisboa.
Quando fui solicitar a devolução de taxas esta foi num primeiro momento recusada.
Porque tinha morada fiscal em Portugal.
Morada fiscal em Portugal? Eu?? Onde? Afinal era em casa dos meus pais.
Com o passaporte (na primeira página tem a clara referência a residente em Macau), o Bilhete de Identidade de Residente de Macau, a Licença de Condução de Macau, lá consegui a devolução de taxas (“à sua responsabilidade” disse-me então a funcionária).
E registei a necessidade de alterar a minha morada fiscal.
Recentemente, de férias em Portugal, dirigi-me à Loja do Cidadão, em Coimbra, nesse intuito.
Excelente serviço, rápido, eficiente, um bom exemplo a seguir.
Fiquei ali a saber que a minha situação fiscal não sofreu qualquer actualização praticamente nos últimos trinta anos.
Para grande espanto meu e da funcionária que me atendeu.
“Não recebeu nenhuma notificação neste tempo todo??”, perguntou-me com quase incredulidade.
Não, não recebi, nada de nada.
Tudo regularizado (acho eu…) saí da Loja do Cidadão a pensar quantos serão os casos como o meu.
Acredito que haja muitos casos de fuga ao Fisco.
E recordo ouvir muitas vezes a célebre expressão “roubar ao Estado não devia ser crime”.
Mas, depois deste exemplo e desta vivência, sou obrigado a pensar que, para além da fuga ao Fisco, também haverá muitas situações de desleixo dos Serviços.
No meu caso não houve cruzamento de dados entre a Loja do Cidadão, que tinha a minha morada exacta, e a Autoridade Tributária, que tinha tudo desactualizado há cerca de trinta anos.
Quantos mais casos como o que aqui descrevo, iguais ou semelhantes, haverá?
E qual a perda de receita fiscal que representam?
O atendimento melhorou bastante nas ultimas decadas. Quanto a organizacao e atualizacao de dados... : )
ResponderEliminarExactamente, Catarina.
EliminarGoste-se do Sócrates ou não, a verdade é que o Simplex até funcionou bem.
Com algumas falhas, com muitas qualidades.
Incrivel como ninguem notou a falta de apresentacao de impostos que devia haver se vivesse em Portugal!! Continuando assim continuarao a perder dinheiro e continuara a haver muita gente que nao paga impostos.
ResponderEliminarQuase trinta anos, Sami!!
EliminarAté as funcionárias da Loja do Cidadão e da Autoridade Tributária acharam estranho.
Pois é tal e qual e é caso para dizer:Portugal no seu melhor.
ResponderEliminarConto-te esta para veres a organização deste país. Quando o meu pai morreu tratei de toda a papelada mais que muita num inventário facultativo e a minha mãe e filhos eram herdeiros, sendo que a minha mãe seria usufrutuária do imóvel. Deram-me um papel que dizia que iriam comunicar o falecimento à Conservatória do Registo Predial para quando fosse pedir caderneta predial tudo estaria em ordem. Como nunca precisamos desliguei-me do assunto. Na venda e três dias antes da escritura havia algo que não batia certo e valeu-me a imobiliária. Pois é nada fizeram e tive de "matar" de novo o meu pai e imagina a papelada que no final dêem cá 225€ para actualização da caderneta. Reclamei e também fiz por escrito. Não adiantou nada mas fiquei de bem comigo própria.
Um organização muito bem desorganizada e todo o cuidado é pouco.
Beijocas e um bom dia
O atendimento, no que me diz respeito, foi sempre muito bom e muito simpático, afável.
EliminarJá a comunicação de dados, que devia ser automática, é que parece que continua a ser um problema.
Beijocas, um bom dia
Não percebo como não existe cruzamento de dados.
ResponderEliminarSe for a uma Câmara Municipal em cada serviço pedem-lhe os mesmos documentos!!
Pois, eu também não percebo, Magui.
EliminarNem as funcionárias perceberam.
A realidade é que a minha residência fiscal, há quase trinta anos!!, estava desactualizada e inalterada.
E sem um avo de impostos liquidado.
Há sempre um grão de areia a emperrar algures.
ResponderEliminarSe eu não tenho pedido a devolução de taxas no ano passado tudo continuaria na mesma, João Menéres :(
EliminarO estado devia ser um exemplo de lealdade...mas muitos vezes não o é.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Neste caso nem é deslealdade, Isabel Sá.
EliminarÉ mais desleixo, deixa andar.
Bom dia:- Sinceramente, acredito, que existam muitos casos análogos, em Portugal.
ResponderEliminar.
* Lágrimas tristes sem dono *
.
Deixando um abraço
Também eu, Gil António.
EliminarPor isso dou conta da situação.
Aquele abraço
Com a tecnologia que hoje existe custa a compreender como estas situações ainda acontecem.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
As próprias funcionárias ficaram admiradas, Francisco.
EliminarAté ali qualquer coisa que tem que ser corrigida.
Aquele abraço
Fui , com muito orgulho, funcionária pública e , sendo assim, os meus impostos estão em dia, porque são retidos na fonte. No entanto, uma coisa que sempre me afligiu e eu acho defeito grave - e que, pelo seu exemplo, continua - é essa incompreensível falta de cruzamento de dados ....
ResponderEliminarAqui, bom dia :)
Eu sou funcionário público, São.
EliminarOs impostos que pagamos são muito baixos, são também retidos na fonte.
Mas essa falta de cruzamento de dados, incompreensível face às novas tecnologias existentes, continua a existir.
Também aqui que ainda por cima é um meio pequeno.
Boa noite em Macau
Ainda:
ResponderEliminaro pior seria se alguma vez a Autoridade Tributária resolvesse actualizar, pois quanto pagaria de impostos atrasados?...
Nada, São.
EliminarHá tantos anos que não exerço qualquer actividade profissional em Portugal.
E, como há acordo para evitar a dupla tributação, é pago impostos em Macau, estou tranquilo.
Quando trabalhava aí em Portugal sempre tive cuidado para nunca faltar dinheiro para pagar a três entidades - trabalhadores, Fisco, Segurança Social.
Ao menos , isso....
EliminarTambém tive cuidado para que tudo estivesse em ordem, porque no início de carreira trabalhei no privado
Incompreensível. E acredito que esteja longe de ser caso único.
ResponderEliminarAbraço
Eu também, Elvira Carvalho.
EliminarQual é o volume de receita fiscal que se perde com isto??
Abraço
Concordo com o comentário da escritora Elvira.
ResponderEliminarDe certeza estarei longe de ser caso único, Amigo João Paulo de Oliveira.
EliminarPedrão, no dia que descobri que pagava imposto e para
ResponderEliminarquê era pago eu levantei minha bunda da cadeira e fui à rua
olhar como estava. A partir daquele momento me dei conta
que estava sendo roubado ou pelo menos tiravam um pouco
do nada que me pertencia. Deu-me vontade de sonegar, de
não devolver um troco que tivessem me dado a mais ou de negar
que não fosse meu o que eu não tinha perdido. Mas a minha
educação puxou minha orelha e com o dedo apontando para
o meu nariz me dizia que a oportunidade não faz o ladrão, porque
ladrão já nasce feito.
É isso, Pedrão, meu amigo.
Um grande abraço e bom dia.
.
Nunca fugi ao Fisco, silvioafonso.
EliminarE agora, mesmo que quisesse, não podia.
Fica retido na fonte todos os meses.
Aquele abraço
Tenho para mim que as fugas ao Fisco são, em quantidade, proporcionais às situações de desleixo dos Serviços.
ResponderEliminarNão foi para estas coisas, entre muitas outras, que foi criado o célebre Simplex?
Mais casos como o seu? Se aqui pudessem comentar todos os cidadãos que por essa situação passam teria, o Pedro, que reservar meio dia só para os ler.
Um abraço
O Simplex funcionou muito bem numas coisas, ainda tem outras a precisar de de serem limadas, António.
EliminarMas que fique bem claro que as funcionárias, como fiz questão de lhes dizer pessoalmente, foram cinco estrelas.
Aquele abraço
Situação emergente!
ResponderEliminarAconteceu comigo de certeza acontecerá com outras pessoas, Luiza Maciel Nogueira
EliminarAconteceu-me uma situação parecida, mas no século passado, Pedro. Pelos vistos no Fisco nada muda. Inclusivé, continuam a enviar notificações de penhoras a mortos, por não cumprirem os seus deveres fiscais. Como pude constatar, há cerca de dois meses com o emu cunhado, desempregado há 4 anos, sem quaisquer rendimentos, cujo óbito foi registado na Rep de Finanças competente em Dezembro.
ResponderEliminarEnvia-se notificações a pessoas falecidas, não se percebe que os vivos há trinta anos não alteram as suas informações fiscais, carlos.
EliminarComo diz o António, não foi para isto que se fez o Simplex.
Olá pedro, pensei que casos assim acontecia apenas no Brasil, onde parece que os trabalhadores vivem com a cabeça no mundo da lua,ou os sistemas não são eficientes. Hioje sou divorciada e voltei meu nome de solteira, há 14 anos que atualizo meu dados e ainda me chega coreespondencia com nome de casada. Via entender o que acontece?
ResponderEliminarAbraços e noite de paz!
Não é só em Portugal, não é só no Brasil, Diná.
EliminarAcredito que seria mais fácil perceber onde não acontece.
Abraços
Isso do cruzamento de dados nem sempre funciona, já passei por situações idênticas:(
ResponderEliminarCruzamento para que te quero, Mena Almeida.
EliminarParece que é mais rotundas, isso é que está a dar.
Creio k haverá mtos casos semelhantes ao do Pedro. Falta cruzar muita coisa.
ResponderEliminarContinuação de boa semana.
De certeza, CÉU.
EliminarEstarei muito longe de ser caso único.
Continuação de boa semana também.
ahahah... Há 30 anos sem qualquer alteração e nunca lhe "bateram à porta " !?...
ResponderEliminarO Pedro já reparou que até se poderia ter candidatado a receber do Estado a mensalidade de "rendimento Mínimo Garantido" ?... ahahah
Afinal não há provas da sua não indigência como cidadão português residente em Coimbra ! ... (não havia) eheheh
E queixámo-nos nós que o Fisco não deixa escapar nada ! eheheh
Quantos haverá assim ?... :((
Abraço
Pelos vistos deixa escapar muita coisa, Rui.
EliminarE acredito que haja muitos casos como o meu.
O que é preocupante.
Aquele abraço
A desactualização não terá a ver com algumas lojas?
ResponderEliminarPor aqui, acho que nada escapa: autoridade tributária+entidade bancária + registo predial, e muito mais.
Beijinho
Não, Maria Araújo.
EliminarEra mesmo a Autoridade Tributária que tinha os dados desactualizados.
Beijinho
Simplesmente impressionante...
ResponderEliminarBeijinhos
~~~~
E tudo começou com uma carteira que comprei para a minha mulher, Majo ...
EliminarBeijinhos