Independència diferit


Carles Puigdemont proclamou a independência da Catalunha.
Para logo a seguir declarar independència diferit (independência adiada).
Entalado entre as ambições independentistas de uma parte do povo catalão, supostamente legitimadas por um referendo convocado à margem da lei e sem qualquer validade constitucional, e as pressões, internas e externas, dos que tratam a questão como secessão, Carles Puigdemont, a cara e a voz dos independentistas catalães, preferiu adiar uma qualquer tomada de posição definitiva.
E conseguiu com este passo supostamente agradar a todos sem efectivamente agradar a ninguém.
Os líderes do movimento independentista catalão perceberam que qualquer declaração unilateral de independência os deixaria isolados e estaria condenada ao fracasso.
Sem apoio externo, com uma forte oposição interna, inclusivamente a dar origem a tomadas de posição extremas (deslocação de empresas muito importantes no tecido económico catalão como maior exemplo dessa realidade), Carles Puigdemont carregou na tecla pause.
Entretanto, de Madrid, acentuavam-se o tom de reprovação e as ameaças.
Agora a ameaça de  invocar o artigo 155º da Constituição e suspender o estatuto autonómico catalão antes da convocação de eleições regionais.
A palavra diálogo vai sendo repetida à exaustão enquanto a realidade vai mostrando cada um a falar para seu lado.
Não é fácil prever o que acontecerá no futuro em Espanha agora que Carles Puigdemont declarou formalmente independència diferit e Madrid acentua a sua posição de força e a sua total oposição às ambições independentistas que chegam da Catalunha.
Mas não será muito arriscado prever que o caos político em Espanha  segue dentro de momentos.

Comentários

  1. Uma situação bem complicada. Vamos ver como conseguem sair dela.
    Abraço

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    1. Dali não se prevê nada de bom nos tempos mais próximos, Elvira Carvalho.
      Mais um exemplo de posições demasiado extremadas.
      Um abraço

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  2. Gosto muito do povo catalão, mas os tempos que ai vêm não auguram nada de bom.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Pelo menos que não se passe do previsível confronto verbal ao físico, Francisco.
      Pelo menos isso.
      Aquele abraço

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  3. Deixem-nos cobrar os seus impostos locais e a febre independentista passa-lhes. Todos os povos têm direito à sua autodeterminação, frase sonante e justiceira, mas haja chão.
    Aguardemos.

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    1. É só isso que nos resta fazer, Célia.
      Aguardar pelos próximos desenvolvimentos.
      Este conflito entre a Catalunha e Madrid está longe do fim.

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  4. Há quem veja mais uma guerra civil espanhola.

    Não dou opiniões, só digo que o caos político já está programado.

    Abraços satisfeitos da cidade invicta 🏖

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    1. Não acredito, Teresa.
      Caos político, sim.
      Confrontação militar?
      Não, não se chegará a esses pontos.
      Abraços para a linda cidade que é o Porto.

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  5. Aqui, ali, acolá, em qualquer canto do mundo, eis que, de repente, os conflitos surgem.
    E a história repete-se ao longo dos séculos, seja por que motivos forem.
    Não há sossego em lado nenhum.
    Beijinho

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    1. A Espanha passa por um período de turbulência.
      Que se vai prolongar por algum tempo.
      Depois tenho esperança que se encontre uma solução para a questão catalã.
      Uma maior autonomia?
      Beijinhos

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  6. Caro Amigo Pedro Coimbra.
    Este ínterim, os catalões ficam em compasso de espera.
    Caloroso abraço. Saudações melindrosa.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.

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    1. Estão os espanhóis e o resto da Europa, pelo menos, na expectativa, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Aquele abraço

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  7. É caso para dizer que 'de um lado chove, do outro lado troveja'.
    Rajoy tem mais responsabilidades neste processo do que Puigdemont, embora ambos devessem manter-se calados.

    Não acredito na desfragmentação da Espanha.

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    1. Também não acredito nessa possibilidade, António.
      A questão vai arrastar-se algum tempo, é difícil prever quanto é em que moldes, mas acredito que se chegue a uma solução.
      Aquele abraço

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  8. Estao metidos numa situacao complicada. Espero que tudo se resolva a bem!

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  9. Pedro, penso mesmo que Rajoy poderá, em última instância, lançar mão do artigo 116º da Constituição:

    «Artículo 116
    1. Una ley orgánica regulará los estados de alarma, de excepción y de sitio, y las
    competencias y limitaciones correspondientes.
    Estado de
    alarma
    2. El estado de alarma será declarado por el Gobierno mediante decreto acordado en
    Consejo de Ministros por un plazo máximo de quince días, dando cuenta al
    Congreso de los Diputados, reunido inmediatamente al efecto y sin cuya
    autorización no podrá ser prorrogado dicho plazo. El decreto determinará el ámbito
    territorial a que se extienden los efectos de la declaración.
    Estado de
    excepción
    3. El estado de excepción será declarado por el Gobierno mediante decreto acordado
    en Consejo de Ministros, previa autorización del Congreso de los Diputados. La
    autorización y proclamación del estado de excepción deberá determinar
    expresamente los efectos del mismo, el ámbito territorial a que se extiende y su
    duración, que no podrá exceder de treinta días, prorrogables por otro plazo igual,
    con los mismos requisitos.
    Estado de sitio 4. El estado de sitio será declarado por la mayoría absoluta del Congreso de los
    Diputados, a propuesta exclusiva del Gobierno. El Congreso determinará su ámbito
    territorial, duración y condiciones.
    5. No podrá procederse a la disolución del Congreso mientras estén declarados
    algunos de los estados comprendidos en el presente artículo, quedando
    automáticamente convocadas las Cámaras si no estuvieren en período de sesiones.
    Su funcionamiento, así como el de los demás poderes constitucionales del Estado, no podrán interrumpirse durante la vigencia de estos estados.
    Disuelto el Congreso o expirado su mandato, si se produjere alguna de lassituaciones que dan lugar a cualquiera de dichos estados, las competencias del Congreso serán asumidas por su Diputación Permanente.
    6. La declaración de los estados de alarma, de excepción y de sitio no modificarán el principio de responsabilidad del Gobierno y de sus agentes reconocidos en la Constitución y en las leyes.»

    Quanto ao mais, temos viagem marcada para Barcelona na próxima Páscoa (23 a 30 de Março), sem receios.

    Aquele abraço e votos de excelente resto de semana para si e suas princesas.

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    1. Esperemos não chegar a esses extremos, Ricardo.
      Que haja bom senso e capacidade de diálogo, ainda que com alguns berros lá pelo meio, para não se chegar a esses extremos.

      Barcelona é uma cidade fantástica.
      Amor à primeira vista.
      Por isso nem vos vou desejar uma estadia feliz porque estou certo que a terão.

      Aquele abraço, votos de um excelente resto de semana para si e as mais que tudo, o centro do nosso mundo, que nisso realmente acho que somos mesmo iguais.

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    2. Pedro, vivi em Barcelona, durante algum tempo, agora vamos porque as miúdas nos pediram para ver um concerto pop de um tal Harry Styles (vai a mãe com as mais velhas) fico em por lá com a Constança.

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    3. Viver em Barcelona deve ser terrível, Ricardo,
      Aliás, amigos que lá viveram e estudaram é isso que me dizem.
      Uma cidade tão feia, sem qualquer interesse, sem qualquer vida, deve ser horrível.
      Como é que se diz inveja em catalão??? :)))

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  10. Nos tempos que correm, acho de um enorme provincianismo saloio querer ser independente, ainda para mais estando a Catalunha inserida num país democrático da comunidade europeia.
    Mas enfim, respeito a vontade dos catalães (mas depois de todos ouvidos e não só alguns). Para além disso, não sei até que ponto o resto do país se deve pronunciar ou não...
    Continuação de boa semana, caro Pedro.
    Abraço.

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    1. Sabe quem não deve estar a gostar nada desta brincadeira, Jaime Portela?
      A China.
      Sempre que ouvem falar em movimentos semelhantes ficam com os cabelos em pé.
      Aquele abraço

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  11. Se me fosse possível obrigaria estas duas criaturas a ver "A Viagem "!!!!

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    1. Eu então apetecia-me mandá-los em viagem, São.
      LOOOONNNNNGGGGAAAAA.

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  12. A Espanha dividida fica menos forte.
    Faz-me recordar quando um grupo insistia em separar Quebec do resto do Canadá.

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    1. Os movimentos separatistas, secessionistas, até podem ter algum mérito, Catarina.
      Mas têm que demonstrar esse mérito e saber como levar a cabo as suas intenções.
      O que não é o caso.

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  13. Foi, de facto, horrível, Pedro...muito mau mesmo, uma cidade parada no tempo, sem nada para fazer, enfim, muito mau!!! :DDDDDD

    Já agora, em catalão, inveja escreve-se "enveja", pouco difere do português.

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    1. Pois, acredito que tenha sido um tormento.
      Uma cidade apaixonante, Ricardo.
      Que tem um dos monumentos que me deixaram sem palavras - La Sagrada Familia.
      Só me aconteceu isso em Barcelona e com um templo em Nara, no Japão.

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  14. Sinceramente Pedro não consigo entender os dois lados. Uma coisa que me preocupou foi a atitude de Madrid fazer uma lei (agora não me lembro do nome da dita)para mostrar o quê? O que mais que óbvio na UE (e aqui incluo Portugal) fazem-nas à medida dos acontecimentos e por vezes...fico por aqui para não dizer asneiras neste jogo de ping-pong!

    Beijocas

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    1. Essa leis feias à medida, que existem em toda a parte, são normalmente obra daqueles que designamos por "alfaiates jurídicos", Fatyly.
      Os que fazem o fato à medida do freguês.
      Beijocas

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  15. De espanha nem bons ventos, nem bons casamentos.
    Tomara é que não venha soprar para cá...
    Ainda o porto se quer separar do resto do país, ou a madeira ou os açores decidem que querem o mesmo...

    Não que tenha mal - se fizer sentido. Mas um referendo, por exemplo, é estendido à população inteira, não apenas a uma minoria com interesses próprios. E como todos os políticos com letra minuscula, o tipo conseguiu agradar a todos, sem fazer nada, sem se comprometer e sem abrir portas a ninguém. Uau.

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    1. Fez um barulho do caraças par depois acabar a piar fino, Portuguesinha.
      Mas ainda há muita água para correr debaixo das pontes, disso tenho a certeza.

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  16. Respostas
    1. Que ainda agora começou, Majo.
      Até chegar ao fim vamos ter muitas mais tolices.
      Beijinhos

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  17. Como já tenho dito várias vezes, acho que os catalães deram um valente tiro no próprio pé!

    Beijinhos

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    1. Vamos dar tempo ao tempo para ver o que dali sai, Clara.
      Beijinhos, Bfds

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  18. Creio que os catalães se encontram, neste momento, num beco sem saída à vista, mas não acredito que desistam facilmente.
    A independência é um desejo acalentado há muitos, muitos anos.
    É aguardar, esperando que os conflitos não se agudizem e não haja derramamento de sangue.

    Beijinhos

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    1. Também é isso que mais desejo, Janita - seja o que for que o futuro nos reserva, que não seja à bordoada.
      Beijinhos

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  19. Ah... painful topic for me as it is reminding me the formation of my homeland Pakistan when the Kashmir supposed to to be merged in Pakistan but India has occupied it forcefully for more than 70 years and contently trying to crush the resistance against occupation by cruel arms who killed thousands and still doing this with having any fear of world's court who is behaving like deaf and blind over the issue .

    hope catalans find their destination soon

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    1. I go a step further, baili - I hope Spain finds its Way soon

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  20. A Espanha tem um sistema político-administrativo complicado com diversas regiões que não se sentem confortáveis aos pés do poder Central.Botas que foram difíceis de calçar e, agora, de descalçar.
    A democracia tem os seus quês. Sob o ponto de vista legal será difícil que haja qualquer alteração. Aliás se o referendo se realizasse livremente qual seria o resultado? O problema está nos teimosos de ambos os lados.
    Abraço.

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    1. Quando há dois teimosos é certo e sabido que pelo menos um terá que ceder, Agostinho.
      Se assim não for, e enquanto assim não for, não haverá diálogo, não haverá paz.

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  21. Até há relativamente pouco tempo o caminho a seguir parecia ser o de esbater as fronteiras. Os ventos mudaram, entretanto, e agora parece que cada um quer um quintal só para si, o vizinho que se desenrasque.
    Quem pedirá a independência a seguir? Os bascos? A Andaluzia?

    Abraço, Pedro

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    1. Se o precedente for aberto pode revelar-se uma verdadeira Caixa de Pandora, AC.
      Esperemos que o bom senso prevaleça.
      Aquele abraço

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