Quinze meses depois o que é que mudou?
Ontem, enquanto tentava atravessar uma Ponte Sai Van completamente congestionada, e com o trânsito praticamente parado nos dois sentidos em hora de ponta, fiquei a pensar que, quinze meses depois da tomada de posse do novo Executivo, a grande esperança que então nasceu terá sido largamente defraudada.
Sendo inegável uma nova energia, uma nova estratégia de comunicação, uma Administração menos fechada nos gabinetes, uma vontade de mostrar trabalho (neste particular destaca-se claramente Alexis Tam), as alterações sensíveis, aquelas que têm reflexos no dia-a-dia dos cidadãos, ainda estão para chegar (visão optimista...).
Mais, para o cidadão comum fica a ideia que algumas alterações mais sensíveis (maior responsabilização dos titulares de altos cargos, alguma dessacralização de certas figuras tidas por intocáveis, que tiveram como consequência processos judiciais muito mediáticos e mediatizados) são comandadas de fora e reflexo directo dos ventos que sopram de Norte.
Problemas antigos mantêm-se teimosamente inalterados e não são apresentadas soluções, ou calendarização para essa alteração, dos mesmos.
A imagem da Ponte Sai Van congestionada, entupida, com duas faixas reservadas a motociclos, uma em cada sentido, teimosamente fechadas ao trânsito de automóveis ligeiros mesmo nestes dias de completo caos no tráfego, quando bastaria um simples sistema de semáforos para descongestionar o trânsito e fazê-lo fluir nestas situações, foi o mote para o pensamento correr da área das Obras Públicas para as outras áreas da governação e um certo sentimento de desilusão se instalar.
O período normalmente conhecido por estado de graça já se terá esgotado ou estará a esgotar-se.
E o que se vê efectivamente não tem graça nenhuma.
Porque começa a instalar-se a forte sensação que, à maneira de Lampedusa, tudo se alterou para que afinal tudo ficasse na mesma.
Viu a notícia sobre aquele filme hongkongnense "10 Years"? Vou ver se o vejo, até porque já foi censurado pelo governo comunista da China. Como foi censurado, logo é capaz de ser muito bom. Serve isto para dizer que Hong Kong e também Macau, à medida que vão aprofundado a integração à China, o caminho a percorrer passou a ser feito de frente para trás. Vou ainda continuando a estudar a possibilidade de cá ficar até morrer.
ResponderEliminarAbraço.
A interferência, ainda que velada, da China, quer em Macau quer em Hong Kong, é efectiva e diria até natural, FireHead.
EliminarO que é mais curioso é que, com essa atitudes (censurar o filme) só conseguem fazer crescer o apetite para o ver.
Quem é que falou em tiro no pé??
E, outra curiosidade, com todos os defeitos (onde é que há locais perfeitos??) a gente sente-se bem aqui.
O que não quer dizer que não se apontem os defeitos e não se tente corrigi-los.
É nossa obrigação, por gostarmos da terra, fazê-lo.
Aquele abraço!
Pois por essas paragens parece que saem uns entram outros mas tudo continua na mesma nem sequer se dão ao trabalho de modificar qualquer coisa para dar razão a Lampedusa.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Esta nova equipa governativa gerou muitas expectativas, Francisco.
EliminarTalvez expectativas algo irreais, talvez wishfull thinking.
Estamos todos a cair na realidade.
Aquele abraço, continuação de boa semana
Passado o 'estado de graça', há que continuar a acreditar. No dia em que o cidadão perceber que já não vale a pena, algo estará muito mal.
ResponderEliminarUm abraço, Pedro.
Só vejo vontade e dinâmica num sector da governação, António.
EliminarE não é por o Secretário ser meu amigo que afirmo isto.
No resto, same same but different
Aquele abraço
Os povos perderam a crença em quem os governa,elegem por eleger ( os que ainda vão às urnas), nada evolui no sentido positivo e os problemas base arrastam-se dolorosamente durante décadas. Há sempre certa expectativa na mudança, mas tudo vai saindo gorado.
ResponderEliminarAssim vai o mundo
Bjgrande do lago e boa semana
E é por isso mesmo que a abstenção cresce a olhos vistos um pouco por todo o lado, GarcaReal
EliminarBjs, boa semana
"Il Gatopardo" um livro lúcido e que aborda muito bem a questão política.
ResponderEliminarSerá que não existem políticos com vontade real de alterarem o status quo?
Tudo de bom neste dia de mais tristeza em solo europeu.
Aqui vejo essa vontade e essa dinâmica somente num deles, São
EliminarO resto está a ser uma desilusão.
Este ano está planeada uma ida a Portugal.
Com paragem, como sempre, numa cidade europeia.
Mas confesso que começo a ficar muito assustado com o que vejo, São.
O Horror parece não ter fim :(
Olá Pedro ! ... Por momentos pensei que estávamos a falar de outros lados ! Afinal é desses, mas parecia-me que não !
ResponderEliminarSenão veja-se :
"o caminho a percorrer passou a ser feito de frente para trás."
"saem uns entram outros mas tudo continua na mesma"
"Esta nova equipa governativa gerou muitas expectativas.Talvez expectativas algo irreais, talvez wishfull thinking.
Estamos todos a cair na realidade."
"Os povos perderam a crença em quem os governa, elegem por eleger (os que ainda vão às urnas), nada evolui no sentido positivo e os problemas base arrastam-se dolorosamente durante décadas. Há sempre certa expectativa na mudança, mas tudo vai saindo gorado."
"E é por isso mesmo que a abstenção cresce a olhos vistos"
O mais curioso é que já os poetas e pensadores sábios da antiguidade e os escritores de há alguns séculos também seriam actuais !!! ... Se colocássemos aqui os seus "escritos" teríamos esse testemunho !... As moscas são outras, mas a m.... é sempre a mesma e ainda mais : o poder corrompe ! :((
Desilusões atrás de desilusões e nós "zangamos-nos" uns com os outros por ilusões ! :((
Abraço desiludido !
Este texto acaba por ser universal e intemporal, Rui.
EliminarNão há mesmo c...traseiro que aguente!!
Aquele abraço
Espero que por cá não aconteça o mesmo, Pedro...
ResponderEliminarNão sendo entusiasta da solução governativa, como o Carlos bem sabe, também espero que não aconteça o que está a acontecer por aqui.
EliminarHoje havia outra vez "festa" na Ponte Sai Van.
Pois é amigo, a esperança torna-se rapidamente
ResponderEliminarem desilusão - no que se refere aos políticos -.
Aproveito para desejar ao amigo e sua família
uma Feliz Páscoa.
Abraço, amigo.
Irene Alves
Votos de uma Santa Páscoa para si e família também, Irene Alves
EliminarUm abraço
Por cá, por todo o lado, é tudo mais do mesmo.
ResponderEliminarE queremos acreditar que mudam-se os tempos, mudam-se os estrategas. Mas não.
:(
Mudam-se os tempos mas não mudam as (faltas) de vontade, cantinhodacasa :(
EliminarMuito bem. O Pedro encerra a crónica com um parágrafo esclarecedor.
ResponderEliminarSinais é do que se precisa, sinais reais que induzam comportamentos. Ficam-se pelos fumos da ilusão.
Esses sinais têm que aparecer, Agostinho.
EliminarPorque o povo é sereno mas não está embrutecido ou anestesiado.