Soberania ou administração?
Há já alguns anos, quando dava formação ao funcionalismo público em Macau, fui confrontado com uma discussão que se vem eternizando - Portugal exerceu um poder verdadeiramente soberano em Macau ou foi aqui apenas uma potência administrante?
Paulo Bonavides (Ciência Política 19ª edição, São Paulo) ensina que o conceito de soberania se refere a "(...) um poder, (...) uma faculdade de impor aos outros um comando a que eles fiquem a dever obediência, perpétuo, pois não pode ser limitado no tempo, absoluto pois não está sujeito a condições ou encargos, postos por outrem, não recebe ordens ou instruções de ninguém e não é responsável perante nenhum outro poder."
Como tal, o exercício de um poder soberano implica a existência de uma autoridade que "(...) é suprema na ordem interna, pois não admite outro poder com quem tenha de partilhar a autoridade do Estado."
Lembrei-me da discussão havida numa dessas sessões de formação ao receber o documento que hoje aqui publico, um dos famosos tratados que a China sempre designou por tratados desiguais por se considerar forçada a aceitar os termos dos mesmos.
E mantenho a posição que defendi na época - a presença de Portugal em Macau foi consentida e aceite pela China, mediante algumas condições.
Se havia condições para que se tornasse efectiva a presença de Portugal neste território (não podia ser cedido a terceiros sem o consentimento prévio da China), como é que pode falar de um poder soberano de Portugal sobre o mesmo?
A presença portuguesa em Macau, desejada pelas duas partes intervenientes, consubstanciou o exercício de um poder de administração deste território, com um prazo só muito mais tarde definido, nunca uma ocupação do local e o consequente exercício de um poder soberano.
Desconhecia e não sei o que dizer!
ResponderEliminarBeijocas
Fatyly,
EliminarUma polémica antiga na qual mantenho a minha posição, agora sustentada com este tratado do século XIX.
Macau nunca foi uma colónia portuguesa por muitos que haja quem não queira ver isso.
Beijocas
P.S. Veja o vídeo de Macau que vale a pena
Tal como foi a presença britânica em Hong-Kong, cara amigo, nem mais. (Gostaria de aprofundar esta matéria, mas por manifesta falta de tempo não posso, e você sabe como é que eu sou, quando começo nunca mais me calo!!!!) ;)
ResponderEliminarAquele abraço
Não, Ricardo, a presença inglesa em Hong Kong já tem outros contornos.
EliminarSe ali se falar de soberania britânica eu já não me surpreendo.
Lembre-se das guerras do ópio e do que delas resultou.
Em Macau não houve guerras nem nada semelhante.
São realidades muito diversas.
Aquele abraço
Concordo consigo, Pedro. A presença portuguesa nos mares da China, tão revestida de heroísmo nos antigos compêndios de história e recompensada com a "oferta" do território de Macau, foi tolerada condicionalmente pelos chineses durante o tempo em que Portugal administrou a região com alguma autonomia.
ResponderEliminarAbraço.
Entre chegadas e partidas, uns segundos para deixar um grande abraço.
Estou com uma espécie de Foto-Blog,porque o tempo não dá para mais.
Tinha que vir matar saudades.
:X D
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt
M D Roque,
EliminarEu não tenho dúvidas disso.
Mas há quem ainda as tenha.
Continue a dar-nos conhecimento das suas viagens e das suas aventuras.
~
ResponderEliminar~ ~ Uma mentira histórica que o Estado Novo aprovou.
~ ~ Já troquei impressões com um jovem imigrante natural de uma região a sul de Shangai e ele sabia exatamente o que foi exposto. Não tinha dúvidas sobre a soberania de Macau, mas não conseguia explicar de quem era a soberania do Tibete. Sobre este assunto, não se atrevem a dar uma opinião pessoal-- emudecem completamente-- um assunto tabu.
~ ~ ~ Votos de uma semana muito agradável. ~ ~ ~
~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~ ~
O mesmo se passa por aqui com muita gente, Majo.
EliminarNão têm opinião.
Sobretudo se há algum risco de uma eventual opinião ir contra a linha e o discurso oficiais.
Beijinhos e votos de boa semana
Obviamente que concordo consigo, Pedro
ResponderEliminarNem imagina discussão que se gerou por ter emitido esta opinião numa das sessões de formação, Carlos.
EliminarFoi cá um bafafá!
Quem quiser viver na mentira também é livre de o fazer.
Não queira é impor a mentira a terceiros.
Quando li o título do seu artigo já sabia qual ia ser a minha resposta. Administração, sim, soberania, não!
ResponderEliminarDepois de o ler, essa minha opinião ficou reforçada, como é natural e óbvio, Pedro.
Beijinhos.
E está ali aquele tratado a esclarecer qualquer réstia de dúvida que ainda pudesse haver, Janita.
EliminarBeijinhos
O Pedro está certo.
ResponderEliminarAbraço
António,
EliminarQuando é que nós conquistámos Macau??
Pois, está tudo dito!
Aquele abraço
Concordo consigo e nem entendo como se gera ainda hoje discussão sobre o tema...
ResponderEliminarBom Setembro :)
Ora nem mais, São.
EliminarUma amiga chama a isto conversas de cu para o ar :)))
Bom Setembro para si também
Concordo consigo. Os conceitos são diferentes e o que se ajusta realmente à situação é o de administração, claro.
ResponderEliminarCarpe diem to me,
EliminarEu não tenho dúvidas disso.
mas olhe que ainda há quem as tenha.
Já tentei várias vezes aceder ao seu blogue mas não consigo.
EliminarVai ficar ali guardado na barra lateral para eu tentar mais tarde e de outro computador.
Pedro Coimbra, já verifiquei e não existe nenhum problema do lado de cá :)
EliminarAbraço
Já consegui aceder ao blogue e deixei um comentário.
EliminarFicou registado?
Abraço
Sim, ficou registado, obrigado!
EliminarAbraço
Pedro,
ResponderEliminarMuito interessante!
Concordo consigo. E Macau é capaz de ter a justiça mais justa do país graças ao nosso Direito herança do Direito Romano.
Beijinho. :))
A preocupação de aqui manter um sistema legal próprio, com julgamento em última instância, foi essencial, ana.
EliminarE é uma das grandes heranças do conceito, "um país, dois sistemas"
Beijinhos
Não sabia, mas acho que o Pedro tem razão.
ResponderEliminarBeijinho e uma flor
O Agostinho define tudo com a clareza que só ele consegue, Adélia - um casamento de conveniência.
EliminarBeijinho
Um casamento de conveniência não tem nada de mal. O problema é quando há gente que começa a ver filmes.
ResponderEliminarMais uma vez, um comentário daqueles que só o Agostinho é capaz de fazer.
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