JOSÉ RÉGIO (Soneto escrito em 1969)


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.


Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    Belo soneto que continua bem actualizado.
    Abraço amigo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Publicado em 1969, quase podia ter sido escrito hoje.
      Hoje, outros valores ($$$$$$) se levantam, é verdade.
      Mas é muito semelhante.
      Aquele abraço!

      Eliminar
    2. É isso mesmo, Pedro!

      "Publicado em 1969, quase podia ter sido escrito hoje."

      A História se repete: os fantoches em São Bento são muito semelhantes.

      E daqui a uns 40 anos muitos portugueses vão recordar com saudade o governo actual, como agora muitos portugueses recordam com saudade o aluno de Loyola.

      JOSÉ RÉGIO SEMPRE!!!

      Eliminar
  2. Um legado excelente, mas infelizmente tão actual nos dias de hoje.

    Beijocas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Só não poderia ser escrito agora pelos valores envolvidos, Fatyly :(
      Beijocas

      Eliminar
  3. «Assentam-se os fantoches em São Bento
    E o Decreto da fome é publicado.»

    Tenho dito, Pedro!

    Aquele abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mudam-se os tempos mas as vontades são muito semelhantes, Ricardo.
      O Esteves Cardoso costumava dizer que os portugueses gostavam imenso de colocar um patego em Belém e um pateta em São Bento.
      Será que tinha razão?!
      Aquele abraço!!

      Eliminar
    2. ~ ~ ~ Quase meio século depois...
      ~ ~ ~ ~ Em tempos de democracia...
      ~ ~ ~ ~ ~ O governo tem que ser avaliado!

      ~ ~ ~ " E cá vanos nós...
      ~ ~ ~ Sem cantos nem risos...

      ~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~ ~

      Eliminar
    3. Essa é a grande diferença, Majo.
      Agora vivemos em democracia e os portugueses podem dar um real chuto no traseiro de quem não (os) serve.
      Beijinhos

      Eliminar
  4. Mais palavras para quê? Ontem como hoje!
    Não sei se é fado ou destino, sabemos todos que é uma tragédia para muitos, demais.
    Abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hoje em dia há uma grande diferença, GL.
      Porque vivemos numa democracia, temos palavra.
      Abraço

      Eliminar
    2. "Porque vivemos numa democracia, temos palavra."

      LÁ ISSO É VERDADE!!!

      O que certos bloguistas escrevem, no tempo do pupilo de Loyola, já estavam na prisão ou a tocar harpa lá em cima.

      Eliminar
    3. Essa realidade é que nos deve animar e orientar todos os dias.
      Podemos dizer e escrever o que queremos sem receio de ir parar ao Tarrafal

      Eliminar
  5. Régio diz tudo.
    Qual será o disparate associado ao número sete? Fiquei com curiosidade.
    Beijinho. :))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tão actual que até assusta, ana

      Parecido com o som de sete em cantonense é o som de um palavrão acabado em lho :))))
      Beijinho

      Eliminar
  6. Actual.
    É só uma questão de fazer a reconversão do escudo em euro e adaptar o passado à realidade.

    Aquele abraço, Pedro.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E introduzir MUUUIIIITA inflacção, António.
      Aquele abraço!!

      Eliminar
  7. Há coisas que nunca mudam...

    ResponderEliminar
  8. Estou de volta.
    Desde o tempo das cavernas que o homem sempre que apanha os outros 'distraídos' mostra os seus instintos rasteiros. Com tudo o que se passa ainda a haver muita gente cuja prioridade é desregular.
    Boa semana Pedro.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os doidos e os oportunistas estão longe da extinção, Agostinho.
      Grande abraço!

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares